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Como construir candidaturas coletivas

Como estruturar candidaturas coletivas

Pode parecer muito cedo começar a pensar em uma candidatura coletiva para 2024 desde agora, mas acredite, não é! Fazer uma candidatura coletiva real, com propósito, co-candidatos fortes e atuantes dentro de uma composição bem estruturada, será tão mais potente na medida que você começar a trabalhar antes nesse projeto político. Vale ter em mente: não é simples montar uma verdadeira candidatura coletiva. 

As candidaturas coletivas sob esse modelo de divisão de poderes entre as co-candidatas que compõe uma chapa vieram pra ficar. Estudos e pesquisas estão marcados como esse tipo de candidatura vem aumentando em quantidade e territorialidade a cada nova eleição. Em 2021, por exemplo, foram dois mandatos coletivos1 na Câmara Municipal apenas na cidade de São Paulo, eleitos de forma expressiva em relação à quantidade de votos conquistados –  de 27 candidaturas registradas2https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2020/11/eleicao-para-a-camara-de-sao-paulo-tem-27-candidaturas-coletivas.shtml[ /efn_note] nesse formato. 

Como nas próximas eleições são estaduais, esse material da Bancada Ativista pode ser uma ótima referência para você começar esse projeto desde já. Aqui, na plataforma da Im.pulsa, reproduzimos trechos mais gerais sobre o tema encontrado nesse material. As aplicações práticas dos conceitos e as formas utilizadas pela Bancada Ativista você encontrará no material completo. (ver ao final desse conteúdo)

O que é uma candidatura coletiva?

Na política estamos acostumados a ver apenas os candidatos: aquela pessoa que apresenta suas ideias e pede sua confiança e seu voto. Por mais legítimo e importante que seja a perspectiva de qualquer indivíduo se postular como candidato, um dos efeitos dessa dinâmica é a individualização da política e a cultura do salvador da pátria ‒ aquela pessoa que, se eleita, vai resolver todos os nossos problemas.

Entretanto, por trás da figura do candidato existe um tempo inteiro de pessoas que trabalham incansavelmente para tornar uma candidatura viável. A ideia de divulgar o coletivo por trás de uma candidatura deu origem ao termo candidatura coletiva ‒ um termo que vem sendo usado no campo progressista há muitos anos para afirmar a existência da coletividade por trás da figura do candidato. 

Porém, é importante evidenciar que existem outros usos do termo “candidatura coletiva”, que se popularizaram nas eleições recentes, principalmente associados à divisão de poderes entre várias pessoas que compõem uma chapa. Em alguns casos, trata-se de horizontalidade superficial e, por vezes, até mesmo enganosa, sem qualquer divisão de poder real entre a pessoa que de fato é candidata e as pessoas que compõem a chapa. Em outros casos, há algum nível de divisão de poderes entre as pessoas envolvidas, mas uma dessas pessoas se destaca como figura principal e tem a palavra final nas tomadas de decisão, com os demais participantes sendo mais coadjuvantes dos protagonistas. Por fim, há casos em que todas as pessoas apresentadas como parte da candidatura coletiva têm o mesmo nível de protagonismo. Este é o formato que a Bancada Ativista escolheu e que parece desafiar mais profundamente as formas tradicionais de fazer política.

Uma candidatura coletiva, vale registrador, é a etapa anterior ao mandato coletivo. Por isso, é muito importante conseguir correlacionar sempre a candidatura com o mandato, apresentando possibilidades concretas ao eleitorado.

Por que uma candidatura coletiva?

Antes de tudo, é importante dizer que construir uma candidatura e, especialmente, um mandato coletivo não é fácil. Se já pode ser complicado decidir onde almoçar em várias pessoas, imagine decidir estratégias, narrativas e práticas políticas em coletividade nos contextos tensos de uma eleição ou do dia a dia de uma casa legislativa. 

Ainda assim, por apresentar o potencial de somar votos de diversas pessoas que não seriam eleitas sozinhas, a candidatura coletiva vem se apresentando como uma fórmula potente para novos nomes, especialmente, aqueles que não contam com muitos recursos financeiros para investir na campanha. 

Após o sucesso de campanhas como a da Bancada Ativista em 2018, é possível destacar como principais vantagens desse formato, que são:

Apesar do potencial eleitoral deste formato de candidatura, é recomendado que a opção pela mesma seja uma estratégia muito consciente, baseada não apenas em cálculos eleitorais, mas na vontade de inovar na forma de fazer política. Se exitosa, a campanha se tornará um mandato colaborativo com 4 anos de trabalho pela frente ‒ período muito mais longo que de uma campanha, o que vai exigir muita dedicação e resiliência de seus participantes. Se uma candidatura coletiva genuína já é solicitada, uma fake tem chances muito maiores de dar errado.

Montando a candidatura coletiva

Segue abaixo uma sugestão de passos a serem seguidos para se estruturar uma candidatura coletiva. 

 

  1. Estudo da composição de um gabinete. Uma candidatura, se eleita, se tornará um mandato ‒ e é importante combinar antecipadamente como a composição do gabinete se dará. O primeiro passo para isso é descobrir quantas pessoas compõem a equipe de um gabinete na casa legislativa para que vocês queiram ser eleitos, entenda se as vagas disponíveis para gabinetes são limitadas a perfis profissionais específicos ou se são livres para contratar pessoas com outras qualificações, e, ainda, quais outros critérios ou pré-requisitos formais existem para contratações caso existam. Essas informações são essenciais para determinar o tamanho da chapa e a quantidade de pessoas do tipo ‘figuras públicas’ que farão parte da candidatura ‒ se um gabinete só tiver cinco vagas, por exemplo, uma candidatura coletiva com mais de cinco pessoas não permitirá que todas sejam contratadas caso eleitas. Na campanha, vale compartilhar esse aprendizado com o público em geral, além de apresentar onde as co-candidatas se encaixam e como atuarão na prática caso eleitas. Porque as pessoas desconhecem como funciona a vida parlamentar e questionam muito as garantias de execução da proposta.  
  2. Definição do perfil da candidatura coletiva. Aqui estamos falando da sua identidade, das principais bandeiras, em que características serão ou não serão diversas, se o seu foco será temático ou territorial etc. já estamos consolidados, mas é importante começar a pensar nisso desde que surge a ideia de uma candidatura coletiva. Tem uma noção clara de qual o papel dentro do jogo político que se quer com a candidatura e o porquê é bastante estruturante para envolver pessoas e fazer uma construção coletiva sólida. Aqui, um ponto importante de reflexão é ver com a trajetória política das pessoas que estão envolvidas: a chance de conflito é maior se a candidatura tentar juntar pessoas de partidos ou correntes partidárias diferentes, ou se tentar juntar pessoas com formas de atuação políticas diferentes (ex.: uma candidatura coletiva que membros do movimento social de base e pessoas que vêm do mundo das ONGs tendem a gerar debates mais complexos do que se fossem compostos apenas por pessoas de mistura um desses dois universos).
  3. Construção de mapa de atores. Fazer um levantamento livre de possíveis nomes para compor ou apoiar a chapa é um exercício superinteressante. Também vale a pena pensar em outras possíveis candidaturas com quem se disputaria votos. Cada nome trazido levantado gera reflexões profundas sobre o que essa pessoa representa, com quem ela dialoga e suas potencialidades dentro do universo da política institucional. Um mapa bem feito ajuda muito na construção de boas articulações para transformar os planos em realidade.
  4. Convite para compor uma candidatura coletiva. Caso o grupo de co-candidatos não esteja fechado desde o início, e haja interesse em envolver mais pessoas, é importante separar bastante tempo para apresentar uma ideia as novas pessoas, entender se teriam interesse em participar, e construir as condições para que essas pessoas se tornem parte do processo tanto quanto todas as demais. Mesmo que ao final não haja interesse dessas pessoas em participarem da cocandidatura, vale estender o convite para participarem e apoiarem a construção de outras formas.
  5. Acordos pré-campanha. Quanto mais atenção para colocar na construção de acordos cuidadosos e detalhados antes de colocar a candidatura coletiva na rua, serão maiores as chances de dar certo. Essa é uma etapa tão essencial que há uma seção apenas sobre isso a seguir. 
  6. Definição do nome na urna. Candidaturas coletivas ainda não são previstas em lei, nem reconhecidas pelo TSE ‒ ou seja, não são nem proibidas, nem explicitamente permitidas. Por esses motivos, é preciso escolher uma pessoa para assumir legalmente o papel de candidata, que também será oficialmente parlamentar se a candidatura for eleita. O processo de definição desse nome também é tão importante que há uma seção apenas sobre isso a seguir.
  7. Desenho das pautas e propostas. Para concluir a estruturação da candidatura, é preciso definir quais pautas e propostas serão defendidas. Podem ter diversos formatos: um programa, uma apresentação de princípios e valores, uma lista das agendas prioritárias, ou uma apresentação dos membros que compõem a candidatura coletiva e os temas em que trabalharam ao longo de suas vidas. O importante é ser um formato que represente bem o grupo, que não cause discordâncias e que seja palatável ao público geral ou a um público específico, conforme o perfil do eleitorado que se pretende alcançar. Vale ressaltar que poucas pessoas escolhem seus candidatos a partir da análise detalhada das propostas ‒   então, recomendamos limitar-se a pontos essenciais de forma bem resumida, de modo que seja simples apresentar por aí. 

O nome na urna de uma candidatura coletiva

Como mencionado anteriormente, as candidaturas coletivas ainda não são previstas na lei, nem reconhecidas pelo TSE. Ou seja, não são nem proibidos, nem explicitamente permitidos. 

Porém, a lei é clara em determinar que o nome na urna precisa ser de uma pessoa específica: enquanto toda a construção política e narrativa pode ser coletiva, apenas uma das pessoas envolvidas será um representante oficial da candidatura ‒ registrando-se formalmente como candidatura, aparecendo na urna e, em caso de sucesso das eleições, tornando-se legalmente parlamentar. As demais pessoas envolvidas podem ter o mesmo protagonismo na construção e trabalhar no mandato contratadas como assessoras, mas, aos olhos da lei, só uma delas pode desempenhar oficialmente o papel de candidata e representar eleita. 

Assim, as responsabilidades de quem assume esse papel acabam sendo maiores que as do resto do grupo. Por um lado, essa pessoa fica com os riscos de uma possível prestação de contas erradas e de problemas com a quitação eleitoral, que podem gerar problemas como a impossibilidade de lançar nova candidatura ou assumir qualquer carga pública. Por outro lado, ela terá alguns poderes formais que também não terão (incluindo a possibilidade de tomar para si o mandato do eleito caso haja vitória nas urnas) e, provavelmente, também aparecerá com mais destaque na mídia. 

Isso torna muito importante o processo de definição do seu nome. Em primeiro lugar, é importante que haja total confiança entre os membros do grupo e total clareza nos acordos para evitar surpresas. Além disso, já que essa pessoa, provavelmente, atuará sozinha nas sessões parlamentares e em outros espaços formais onde o acesso restrito é importante para levar em habilidades pessoais como retórica, articulação e formulação política. Vale também considerar a relação com o partido político pelo qual a candidatura será lançada, que idealmente deve ser bastante consolidada (essa pessoa precisará ser filiada ao partido para concorrer). É relevante avaliar a representatividade de seu perfil, suas redes de apoio, o perfil e o alcance nas redes sociais. Acima de tudo, precisa ser uma pessoa profundamente comprometida com o projeto político da candidatura, já que é a única que não poderá abandonar o barco depois das eleições em hipóteses alguma ‒ senão todo o coletivo perde o mandato conquistado. 

O contexto local pode e deve ser um elemento considerado para a definição desse nome. Em tempos de inovação política com novos corpos, vozes e visão de mundo, escolher o representante a partir da carência de representantes de determinados recortes sociais pode ser um grande ativo. Leia-se carência como ausência de representação proporcional de um determinado grupo nos espaços de poder institucional. O recorte pode ser de gênero (mulheres), raça (negros e indígenas), orientação sexual e identidade de gênero (representantes LGBTQIA+), pauta (meio ambiente, cultura etc.) ou território (periferias). É preciso identificar no grupo quais as principais identidades e bandeiras, fazer um cruzamento com a realidade local e suas demandas, e usar isso para ajudar a definir quem estará na urna como representante formal da candidatura. 

 

Burocracias importantes em torno do nome na urna

Falando literalmente sobre o nome que aparece escrito na urna, a lei determina que seja um nome pelo qual é conhecida a pessoa oficialmente candidata. A foto na urna também deve ser apenas dessa pessoa. 

Ou seja, enquanto Francisco Everardo Oliveira Silva pode aparecer como Tiririca, não podemos apresentar Monica Seixas como Bancada Ativista, e nem usar uma foto coletiva. Por conta disso, escolhemos o nome Mônica da Bancada Ativista. 

O risco de não seguir essas determinações legais e tentar usar um nome e uma foto que se refiram à coletividade (e não a uma pessoa específica) é que o Tribunal Regional Eleitoral pode te obrigar a fazer uma mudança no meio da campanha eleitoral. Se isso acontecer, as consequências para os esforços de comunicação podem ser sérias ‒ tudo será alterado, arriscando gerar despesas e confundir participantes.

Vale destacar que esse é um tema ainda em disputa, e debates em torno dele se intensificaram nas eleições de 2020. Por um lado, algumas candidaturas buscaram usar na urna apenas o nome de sua coletividade, e muitos defendem que isso passe a ser explicitamente aceito na legislação eleitoral. Por outro lado, também houve revisões na Justiça com base na lei atual – sendo o caso mais grave o da Orientação Normativa número 2 aprovado pelo TRE de Pernambuco, que proíbe o uso de qualquer expressão no nome na urna indicando ao eleitor que o mandato será exercido coletivamente. Nas próximas eleições, precisaremos continuar lutando pelo direito de nos apresentarmos coletivamente.

Conteúdo atualizado em 14 de dezembro, de 2023.

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  1. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2020/noticia/2020/11/16/ pela-1a-vez-camara-de-sao-paulo-tera-mandatos-coletivos.ghtml

As cocandidatas em candidaturas coletivas

Antes de mais nada, precisamos deixar claro que o termo cocandidata faz parte da inovação política das candidaturas coletivas ‒ e não é reconhecido oficialmente. Porém, como toda inovação, precisa ser criado e apropriado por um campo de atores cada vez mais amplo, para depois passar a receber a atenção de órgãos competentes e conquistar pessoas dispostas a disputar o seu reconhecimento legal. 

As cocandidatas são, portanto, as pessoas que compõem a chapa coletiva como figuras públicas e terão suas imagens expostas como tal. Participarão da construção da candidatura coletiva de forma horizontal, ajudando a pautar os temas de trabalho, as bases eleitorais, as articulações políticas, a comunicação e a identidade do projeto como um todo. Farão política em nome da candidatura e são partes igualmente centrais e legítimas da construção. 

Vale dizer que a própria pessoa com o nome na urna é também uma cocandidata, ocupando o mesmo espaço de construção apesar das particularidades formais de seu papel apresentadas acima. Ou seja: politicamente, todas as cocandidatas têm a mesma relevância daquela que é formalmente candidata. 

É indicado que as cocandidatas sejam figuras públicas ou pessoas dispostas a se tornarem figuras públicas, reconhecidas pela sua luta e atuação social. Também é indicado que estejam confiantes na construção da sua cocandidatura, entendendo que receberão questionamentos o tempo inteiro e deverão estar aptas a mostrar na prática como a candidatura coletiva é uma construção sólida, embasada e com potencial real de impacto positivo.

Uma das principais forças de uma candidatura coletiva vem do fato de um grupo de cocandidatas ser capaz de alcançar redes mais amplas e diversas do que uma pessoa sozinha ‒ agregando representantes legítimos de múltiplas pautas e territórios, e promovendo a mesma campanha em diferentes lugares ao mesmo tempo. Cocandidatas ativistas são pessoas que estão participando ativamente na criação de uma nova forma de representação política, ao mesmo tempo que estão aprendendo como fazer campanhas inovadoras e de baixo orçamento. Se a chapa for eleita, também aprenderão na prática o funcionamento interno da política institucional e se tornarão mais capazes de incidir na cena política. 

Acordos para evitar conflitos

É impossível listar uma totalidade de acordos que consigam dar conta da vida real e dos possíveis problemas de relacionamentos, expectativas frustradas, acordos descumpridos, dentre outros inúmeros desafios que cada jornada vai gerar. Porém, mesmo diante dessa impossibilidade, vale evidenciar que acordos precisam ser pensados antes de problemas surgirem justamente para prevenir dores de cabeça e construir uma base comum mais sólida para a candidatura ‒ pensando em pontos centrais que evitem rupturas do grupo já nos seus primeiros passos.

A empolgação da campanha eleitoral e a potência da chapa coletiva arriscam levar o grupo a pular essa etapa dos acordos, o que pode gerar grandes dissonâncias durante o processo da própria campanha e exaurir energias do coletivo em momentos desafiadores. Por isso, é recomendado que acordos já comecem a ser desenhados antes do lançamento da campanha, assim que forem decididos os nomes que participarão da candidatura coletiva ‒ e a partir disso, sejam complementados sempre que necessário. 

Aconselha-se que os acordos sejam pensados para dois momentos: para a campanha eleitoral e para o possível mandato. Seguem abaixo sugestões de pontos a serem discutidos:

  1. Formatos de tomada de decisão, inclusive para casos de conflito1
  2. Limites éticos individuais e do coletivo;
  3. Processo para escolha do nome que vai para a urna;
  4. Desejos, expectativas e capacidades pessoais de cada uma das pessoas envolvidas; 
  5. Pautas, territórios e públicos que serão priorizados (e que não serão endereçados) pela candidatura, e como elas se dividem entre as cocandidatas;
  6. Forma de relacionamento com o partido político pelo qual a candidatura será lançada;
  7. Qual será o uso de recursos financeiros captados para fazer campanha;
  8. Como será contratada e/ou mobilizada de forma voluntária a equipe de campanha;
  9. Como funcionará o gabinete caso a candidatura seja eleita ‒ especialmente, divisão de cargos, salários, emendas parlamentares e responsabilidades;
  10. Qual será o papel das cocandidatas na campanha e no mandato ‒ se será um papel apenas político ou se desempenharão funções técnicas e operacionais;
  11. Uso da imagem dos indivíduos ‒ se todas as imagens de campanha retratarão a coletividade, se podem ser usadas fotos individuais ou de subgrupos, etc;
  12. Medidas de autocuidado e de cuidado coletivo.

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  1. Leia o nosso guia “Como construir um movimento para eleger ativistas”, onde são listados alguns formatos de tomadas de decisão.

Como comunicar candidaturas coletivas

Explicando o conceito de candidaturas coletivas

Para começar, por mais que pareça super claro o que é uma candidatura coletiva para quem a compõe ou apoia, para a maioria das pessoas o conceito é novo e pode ser confuso. Ainda é necessário muito trabalho de explicação sobre o que quer dizer na prática essa inovação. 

Eleitores geralmente apresentam dúvidas sobre o que as várias pessoas que compõe a candidatura irão fazer, como irão trabalhar juntas, como serão remuneradas, como lidarão com divergências internas. Esse conteúdo não é simples de apresentar em materiais de comunicação, mas precisa aparecer de forma clara e sintética nas peças de campanha, e de forma detalhada em espaços como o site oficial. É importante também sempre buscar uma linguagem simples e de fácil compreensão (incluindo o apoio de fotos e ilustrações), para que a mensagem seja assimilada sem dificuldades pelo maior número de pessoas possível.

 Use e abuse das vantagens de uma candidatura coletiva

É importante lembrar que estamos falando da comunicação de uma campanha eleitoral, que precisa seguir todas as normas da Justiça Eleitoral com muita cautela para não gerar riscos de impugnação. Dito isso, é possível pensar de forma criativa, usando os vários perfis que compõem a candidatura coletiva para torná-la mais potente que candidaturas tradicionais.

É importante explorar ao máximo o fato de ser uma candidatura coletiva, ou seja, apresentar a imagem das cocandidatas juntas no maior número possível de materiais. Essa imagem não faz parte do imaginário político atual, por isso, precisa ser apresentada muitas vezes para se tornar mais que aceitável, desejável. 

Outro ponto importante, que faz parte do pacote de vantagens da candidatura coletiva, é tentar valorizar cada indivíduo que compõe a candidatura, para que os mesmos sejam também vozes fortes e propulsoras da campanha. Evidenciar cada cocandidata em materiais que tratem das suas pautas de trabalho, garantir que todos tenham sua voz sendo apresentada e buscar para todos destaques em eventos são coisas que contribuem bastante para esse fim. Esteticamente, sugere-se que as fotos do coletivo sejam realizadas com as pessoas em várias posições diferentes, incluindo opções com cada um dos membros em destaque ‒ assim, pode-se escolher a melhor, conforme o contexto. No site e em materiais de comunicação, apresentar as cocandidatas separadamente também é importante, sempre usando o prefixo “co”, porque somente a pessoa com nome na urna pode legalmente ser chamada de “candidata”.

Dicas:

1- Caracterizar a candidatura coletiva

A característica central do conjunto dos perfis que compõem a candidatura coletiva é super importante e precisa estar evidente.  Essa característica pode ser a diversidade, como foi o caso da Bancada Ativista, em que os perfis das cocandidatas eram muito diferentes entre si. Na identidade visual, isso foi explorado com uso de cores, definindo uma para cada cocandidata. Poderiamos ter escolhido um caminho diferente e focado em uma característica central temática, por exemplo, construindo uma Bancada Feminista ou uma Frente Coletiva de Cultura, entre muitas outras opções ‒ o que também precisaria ser trabalhado com cuidado em toda a comunicação.

2 – Ampliar o alcance nas redes sociais  

Em relação às redes sociais, é necessário (por determinação legal) que apenas um perfil ou página em cada rede social seja cadastrada como a página oficial de campanha, para poder ser impulsionada financeiramente. Postagens em nenhum outro canal ou perfil poderão ser impulsionadas, o que configura crime eleitoral ‒ nem mesmo postagens de apoiadores que decidam fazer o impulsionamento por conta própria. Assim, os perfis pessoais das cocandidatas não podem receber investimento. Nesse cenário, é importante construir uma estratégia de campanha que por um lado aproveite a diversidade de alcance desses perfis, e por outro busque convergir ao máximo as curtidas e o público de um modo geral para as páginas oficiais de campanha. 

3 – Mobilizar apoiadoras 

Atrair voluntários da área de comunicação é muito importante, especialmente pessoas com experiência em design, produção de texto e produção de vídeo. Também é importante colocar mobilizar apoiadores dispostos a espalhar materiais da campanha por todos os cantos, online e offline. Com um bom time de cocandidatas e uma equipe sólida (ainda que pequena), mas disposta a jogar o frenético jogo eleitoral, é possível fazer uma comunicação poderosa ‒ e mesmo que a candidatura não saia vitoriosa, pode deixar um legado bonito e ainda acumular aprendizados para uma nova tentativa no próximo ciclo eleitoral.

 

 

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