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9 dicas para construir as propostas da sua campanha eleitoral

Por Munah Malek

Uma candidatura deve ser pensada, dentre tantas coisas, com base na plataforma de propostas que apresenta. Principalmente agora, mais próximo do dia das eleições, é hora de bombar nas propostas e conseguir demonstrar firmeza e familiaridade com as bandeiras que defende.

Muitas boas candidaturas, seja por falta de verba, tempo ou conhecimento prático, podem tropeçar e cair por não conseguirem  apresentar propostas para além daquelas defesas mais gerais e abertas que 99% das concorrentes apresentam. Propostas essas que demonstram pouca afinidade com as temáticas com as quais pretende trabalhar.

Para chamar a atenção e quem sabe até ganhar o eleitorado de categorias profissionais, movimentos sociais, grupos organizados por causas específicas é preciso aprofundar mais nas ideias. Seu programa/plano de propostas pode inclusive subsidiar o pessoal da comunicação da campanha na confecção de materiais impressos e virtuais, além dos roteiros para os vídeos que vão para a rede e para a TV. Para as campanhas majoritárias, importa ainda mais a apresentação de um programa/plano de governo robusto, com dados, análises e propostas que, além de nortear as eleitoras e eleitores, serão de grande ajuda na hora de se preparar para os debates.

Alguns partidos, com militância organizada e forte, constroem as propostas de forma coletiva em reuniões específicas e têm em seu quadro de filiação representantes de diversas categorias e movimentos sociais, o que facilita bastante na hora de pensar, escrever e divulgar as propostas de campanha.

Outras candidaturas contam com apoio de categorias profissionais, intelectuais de referência e renome em diversas áreas etc. Muitos têm optado por desde o começo da campanha usar as redes (e o Google Forms) para recebimento de propostas de quem quiser colaborar com a construção da campanha.  Mas, especialmente em regiões onde os recursos são mais escassos, poucos braços para trabalhar na campanha, e também para candidaturas de “primeira viagem”, algumas dicas podem ser bastante úteis para criar uma boa plataforma de propostas.

É preciso lembrar da importância de como divulgar suas propostas de modo que não fique maçante e pouco atrativo para os eleitores e saber bolar estratégias para os diferentes públicos. O ideal é que junto ao lançamento das propostas, seja aberto um espaço para participação e engajamento popular onde mais gente possa apresentar ideias e contribuir com sua campanha.

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Isso, além de ser um excelente exercício democrático demonstra a vontade do possível futuro mandato em dialogar com as bases e construir coletivamente suas defesas e representações.

Vamos às dicas:

1- Estar atenta às cartas de compromisso lançadas pelas organizações sociais, classes profissionais e outros movimentos organizados.

Nessa hora vale a pena buscar inclusive as cartas que foram lançadas em eleições passadas. Caso a entidade responsável pela carta tenha representação na sua região, agendar uma reunião pode ser uma ótima atividade de campanha. Mostrar-se aberta ao diálogo e aprender com quem está na luta é essencial.

2- Fazer uma ampla busca dos Marcos Legais, Estatutos, Planos e Políticas Nacionais.

Geralmente são normativas formuladas com ampla mobilização dos setores ligados às causas e que levam tempo sendo discutidas e pensadas. Praticamente todas trazem as competências dos entes estaduais e municipais também em seu escopo, ou seja, ver o que seu Estado ou Município não anda cumprindo será de grande validade na hora de propor leis.

3- Acompanhar alguns materiais como cartilhas e cartas de propostas de coletivos, organizações, associações e grupos ligados à pesquisa/advocacy de temas que interessam à sua candidatura.

Alguns desses agrupamentos de abrangência local, estadual, nacional ou até internacional têm a cultura de subsidiar e influenciar nos debates eleitorais e, portanto, é preciso atenção às defesas que fazem e às pesquisas que publicam.

4- Acompanhar matérias de portais de notícias e jornalismo investigativo que trazem publicações de dados que podem subsidiar suas propostas de campanha e estejam conectados às defesas que fará no seu mandato.

Geralmente nesses portais de notícias podemos encontrar dados sobre a realidade do país, muitos regionalizados, pesquisas e importantes denúncias de escândalos políticos.

5- Fazer uma varredura completa nos Planos e Programas Estaduais e Municipais da sua região.

Normalmente você irá encontrá-los nas páginas oficiais dos governos estaduais e municipais ou no banco de dados de legislação nas assembléias e câmaras. Um bom caminho é também buscar diretamente as secretarias responsáveis pelo que procura e, caso não haja um plano ou programa que gostaria que tivesse, já tem uma excelente proposta em mãos para defender. Como para realização dos planos é exigido envolvimento de setores da sociedade civil, secretarias de governo e movimentos sociais, certamente é um bom caminho para entender a realidade da sua localidade e as principais pautas defendidas para cada categoria.
 

Exemplos para você pesquisar:

  • Plano Estadual de Combate à Violência contra as mulheres
  • Plano de Políticas Públicas para as Mulheres
  • Plano de Educação, Plano de Cultura
  • Plano de Políticas LGBTQIA+
  • Plano de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

6- Não deixe de conferir as atas das reuniões e conferências dos Conselhos Estaduais e/ou Municipais.

Caso não estejam disponibilizadas em algum site, entre em contato com as secretarias responsáveis, pois são de domínio público! Uma boa defesa para sua campanha seria pela transparência da gestão e ampliação das instâncias de participação democrática e popular.

E são muitos os conselhos:

  • Pessoa com deficiência, habitação, mulheres, raça, saúde, esporte, educação etc.

7- Acompanhar as publicações, atuação, defesas e propostas dos Conselhos Regionais e Federais de categorias profissionais que interessem à sua candidatura.

Exemplos para você pesquisar:

  • Conselho de Arquitetura Enfermagem, Serviço Social, Medicina etc.

8- Reunir-se com representantes e lideranças locais em sua região para escutar as demandas que tenham a apresentar.

Sem dúvidas essa é uma das mais importantes demandas para quem pretende ser parlamentar: escutar a população para fazer mais vozes ecoar nas instâncias de poder e tomada de decisão, portanto, não desconsidere o potencial da construção coletiva.

9-  Para as candidaturas mais ousadas, estar atentas ao que se passa em mandatos já em exercício no Brasil e no mundo em matéria de propostas políticas.

Pode ser também interessante desde que consiga adaptá-las às realidades locais. Um bom exemplo é a proposta que foi realizada para a Nova Constituição Chilena (infelizmente derrotada em plebiscito).

Não custa lembrar que, ainda que não seja eleita nessas eleições, o documento com as propostas é um rico material de campanha que servirá para uma próxima candidatura sua ou de seu partido. Explorar a potência pedagógica que pode cumprir as candidaturas em momentos de eleição também é uma forma de colocar na ordem do dia alguns debates necessários e estimular a participação popular.

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Sobre a autora: Munah Malek é socióloga, mestra em História (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), pesquisadora e consultora especializada em políticas de gênero, raça e direito à cidade. Trabalha com assessoria política e projetos. Também colabora com diferentes veículos da imprensa brasileira.