Por María Paz Aedo
O que distingue você dos outros candidatos?
Nesta etapa, você deve deixar seus atributos e propostas de campanha mais claros do que nunca!
Enfatize o que distancia você de seus concorrentes e a capacita como alternativa. A diferenciação pode ser baseada tanto na oposição direta, enfatizando dicotomias; quanto na integração / transcendência, enfatizando a maior “riqueza” de seus atributos e propostas. A oposição implica confronto; integração / transcendência implica superação.
Tabela 3: Exemplos de diferenciação
Estratégia | Ações |
Oposição |
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Integração / transcendência |
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Dica: É muito útil dar exemplos de situações críticas que você conhece, pois isso deixa evidente que você domina o assunto e que, portanto, é essencial apoiar as mudanças que sua campanha oferece e que você tem os atributos para alcançá-las.
Reciprocamente, na reta final, sua candidatura receberá mais questionamentos ou confrontos de candidaturas e equipes que buscam se diferenciar e disputar seu mesmo eleitorado.
Sob a premissa de que “não há publicidade boa ou má, tudo é publicidade”, você pode receber provocações diretas e indiretas. É importante cuidar de si e da equipe, escolhendo o que disputar e com quem, evitando responder a todos (principalmente, aqueles que a confrontam para se tornarem visíveis).
Dicas:
Afetos e emoções em processos eleitorais
Historicamente, associamos o trabalho político, especialmente o eleitoral, a questões de cálculo, pragmatismo e metas. No entanto, um aspecto fundamental das campanhas tem a ver com os afetos e emoções que estão em jogo.
É muito importante distinguir o “carimbo” emocional da campanha na reta final. No caso de campanhas de mulheres comprometidas com a democracia, a equidade e a justiça social precisam empoderar o eleitorado, convidá-lo a ressoar com essas propostas, empolgá-lo e inspirá-lo. É preciso fazer com que reconheçam, na candidatura feminina, a oportunidade de ser e ver refletido o que anseiam. Isso é épico em uma campanha!
Campanhas que invocam o medo ou que instalam a ideia de um inimigo a ser atacado geram uma resposta emocional poderosa, mas fugaz: não permitem construir um país, mas, sim, aspirar à eliminação daqueles que são considerados “culpados”. Esse foco reducionista foi a marca de campanhas como a de Trump e Bolsonaro. Diante disso, pode-se oferecer uma visão ampla, crítica e esperançosa do mundo ao mesmo tempo, com foco na participação, escuta e cocriação.
Esses afetos e emoções, que mobilizam a campanha, precisam de um correlato interno. Caso contrário, a equipe sofrerá. Se em seu programa você promete apoiar o trabalho de cuidado, é muito importante ter práticas de cuidado mútuo dentro das equipes e redes que a apoiam.
Embora seja normal – e muito humano – ter contradições e paradoxos, promover a coerência entre discurso e prática é um desafio político muito importante, tanto durante a campanha quanto depois dela.
Sobre a autora: Socióloga, doutora em educação e coach ontológica. Atua na formação de lideranças sociais em temas de ecologia política e ecofeminismo; e na pesquisa sobre instituições ambientais, afetos, resistência e artivismo. Colaborou em vários processos de campanha política e eleitoral no Chile, além de participar ativamente dos movimentos feministas e ambientalistas.