Experiências que inspiram – Impulsa 2025 Experiências que inspiram – Impulsa 2025

Impulsa 2025

Experiências que inspiram

Sobre o trilha - por
O que as trajetórias de outras mulheres podem nos ensinar sobre fazer política com propósito e coragem?

Se inspire em campanhas de outras mulheres

Veja exemplos de como comunicar a justiça climática em sua campanha eleitoral, a partir da experiência real de uma candidata.

Seus passos vêm de longe…

Em 2022, Eliete Paraguassu, uma mulher negra, marisqueira, pescadora, mãe solo, e quilombola da Ilha de Maré, decidiu concorrer ao cargo de deputada estadual da Bahia. 

Eliete impulsionou com uma agenda política que expressava o histórico de luta da sua comunidade contra o racismo ambiental e denunciava os efeitos das mudanças climáticas. 

O resultado foi incrível!

Eliete, fortaleceu a luta coletiva da sua comunidade, ampliou sua articulação com coletivos regionais e nacionais, cresceu sua influência e presença nas redes sociais, obteve mais de 9 mil votos e foi eleita Deputada Estadual suplente.

Veja alguns exemplos da campanha eleitoral da Eliete:

Veja mais em Instagram: @elieteparaguassuoficial

Minha experiência em uma campanha eleitoral indígena.

Conheça a experiência de Walelasoepilemãn articulando narrativas em uma campanha eleitoral indígena em Rondônia.

Minha experiência como comunicadora em uma campanha eleitoral indígena foi marcada por desafios complexos e conquistas significativas. 

Enfrentamos uma força política ultraconservadora que ameaçava os direitos e territórios indígenas, o que exigia uma abordagem estratégica e resiliente. 

No entanto, através da articulação de narrativas que conectam a juventude, a justiça climática e a esperança por um futuro sustentável, conseguimos mobilizar apoio e conscientização em torno das questões urgentes enfrentadas pelas comunidades indígenas.

Me chamo Walelasoepilemãn, mas a maioria das pessoas me conhecem como Pí, sou do Povo Paiter Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro que fica localizada no estado de Rondônia. Estudante de Publicidade e Propaganda, comunicadora indígena e fotógrafa. Meu pai Almir Suruí foi candidato a Deputado Federal pelo estado de Rondônia no ano de 2022.

Minha família tem uma longa história de trabalho e convivência harmoniosa com a natureza e a floresta, sempre priorizando a qualidade de vida humana. Em um momento em que o mundo inteiro debate a sustentabilidade e o papel vital das florestas, é essencial desenvolvermos nossa região com responsabilidade. 

Precisamos refletir: qual a política que queremos para o futuro de Rondônia?

Minha participação na construção de uma campanha eleitoral me trouxe uma clara percepção da urgência em contribuir para a preservação da floresta, sem negligenciar o desenvolvimento sustentável. 

Nosso objetivo é alcançar um progresso que não comprometa o meio ambiente, mas que ao contrário, o proteja e valorize. Almejo ver nosso estado, nossas cidades e territórios se destacarem como um exemplo nacional, gerando empregos e renda para nossa população, enquanto mantemos um compromisso inabalável com a preservação ambiental. 

Isso significa adotar práticas de desenvolvimento que integrem tecnologia, educação e, acima de tudo, que respeitem as futuras gerações.

Ai vocês me perguntam: mas Walela, o que foi feito?

Os primeiros passos da campanha eleitoral:

Nossa equipe não tinha muita experiência com campanhas eleitorais, mas fomos atrás de estudar e pesquisar sobre o assunto. A equipe foi formada majoritariamente por indígenas.

Os desafios e as estratégias:

  • Como divulgar nosso candidato? Usamos nossas redes sociais e as redes sociais de amigos. Também aproveitamos a influência de conhecidos no meio artístico e as mídias locais. Veja mais sobre Estratégia de Comunicação Eleitoral.
  • Como conseguir alcance nas redes sociais? Tivemos que estudar sobre impulsionamento nas redes sociais, aprender sobre os melhores horários para postar, como postar e o que postar. Veja mais sobre Campanha Eleitoral Digital.
  • Como ocupar as ruas? Fizemos divulgação com panfletagem nas ruas, mas sofremos muito preconceito por se tratar de uma campanha indígena. O importante é não desistir e lembrar que ocupar esses espaços são essenciais para ter mudanças positivas para o nosso futuro.  Veja mais sobre Campanhas Eleitorais de Rua com pouco dinheiro.
  • Como fazer uma campanha com pouco recurso? Falta de recursos para utilizar uma abordagem de comunicação bem elaborada. Veja mais sobre Campanha de Baixo Custo de e para a Periferia.

Nossas conquistas:

  1. Aprender com os erros e melhorar na próxima campanha eleitoral.
  2. Ter um bom planejamento de comunicação e marketing feita por indígena para indígenas.
  3. A partir de um plano de comunicação bem feito furar a bolha e atingir mais pessoas com nossos objetivos.
  4. Aproveitar a imagem e influências de pessoas conhecidas e populares para fazer a divulgação das candidaturas.

101 sobre la medida histórica para la Paridad en México

El miércoles, 8 de noviembre de 2023, el Tribunal Electoral del Poder Judicial de la Federación (TEPJF) dio luz verde al acuerdo del Instituto Nacional Electoral (INE) que obliga a los partidos políticos a postular por lo menos a cinco mujeres para la elección de las 9 gubernaturas del proceso electoral de 2024.  

Para dimensionar la razón de esta decisión: en 70 años, México solo ha tenido ¡16 gobernadoras!

Breve repaso de la paridad en México

En México, la lucha de las mujeres por la participación política logró que la paridad de género sea un principio constitucional. Asegurando que los hombres y las mujeres tengan, hoy en México, una representación igualitaria. 

Las mujeres en México lograron el voto por primera vez en 1955, y desde ese entonces, se ha avanzado para que podamos acceder de manera igualitaria a espacios en los cabildos, municipios, poder legislativo, poder judicial, y hoy, a las gubernaturas.

Fechas importantes para la participación política de las mujeres

1917:  Hermilda Galindo solicita al Congreso Constituyente incorporar el voto de las mujeres. Se rechaza su petición y decide presentarse como Candidata a Diputada Federal.

1923: Las mujeres organizan el primer Congreso Nacional Feminista. Elvia Carrillo Puerto es electa como Diputada en Yucatán. Las mujeres pueden votar en elecciones municipales en dos estados.

1937:El presidente Lázaro Cárdenas envía una iniciativa para que las mujeres puedan votar, se aprobó por ambas Cámaras pero no se decreta en ese año.

1941: se crea la Alianza Nacional Femenina, para buscar abrir espacios para mujeres en puestos públicos.

1954: Aurora Jiménez de Palacios se convierte en la primera Diputada Federal por el Estado de Nayarit. 

1955: Las mujeres votan por primera vez. 

1979: Se elige a la primera gobernadora: Griselda Álvarez Ponce de León por el estado de Colima.

2000: Comienzan las acciones afirmativas a través de una reforma electoral. Se obliga en el estado de Puebla a que los partidos no inscriban a más de 75% de candidaturas de un mismo género.

2002: Las organizaciones de mujeres por la participación política se multiplican. Se obliga a los partidos a postular a mujeres en el 30% de las candidaturas.

2008: Una nueva reforma electoral obliga a los partidos postular candidaturas en un 40% y 60%.

2014: Paridad de género se vuelve constitucional para las candidaturas a Diputaciones federales y locales.

2019: Reforma Constitucional PARIDAD EN TODO. Se obliga que el poder Legislativo, Judicial y legislativo sean en un 50% para mujeres. 

2021: El INE obliga a los partidos a postular a en paridad a sus candidaturas a gubernaturas.

2023: El INE obliga a los partidos a presentar a 5 candidaturas de mujeres, de las 9 gubernaturas que se elegirán en 2024.

“Es de estricta justicia que la mujer tenga el voto en las elecciones de las autoridades, porque si ella tiene obligaciones con el grupo social, razonable es, que no carezca de derechos.”

-Hermila Galindo

¿Qué significa esta medida para el presente?

Mientras la medida fue celebrada por feministas, organizaciones y algunos medios de comunicación, también existieron rechazos de sectores de la opinión pública que aún señalan esta resolución como “una acción de caridad para las mujeres” y que no privilegia el “mérito”. 

Hasta cuando las leyes son justas para las mujeres, consiguen que las perjudiquenescribía Carmen Morá reportera de El País el pasado 11 de noviembre. Esta medida se llevará a cabo en una elección donde también se elegirá a la Presidencia de la República que, todo indica, será una mujer.

En el caso del partido MORENA, del que emana el actual presidente Andrés Manuel López Obrador, podemos ver de manera muy concreta los alcances de esta resolución. Este partido, elige actualmente a sus candidaturas mediante encuesta, es decir, se eligen a los perfiles que son más conocidos y que mayores atributos positivos entre la población que es afín a ese proyecto. 

En la tabla podemos ver que fueron solo dos mujeres de entre los nueve estados, que ganaron la encuesta a sus compañeros varones. Sin esta resolución del INE, Morena habría postulado a apenas dos mujeres para las 9 candidaturas. 

Pero, ¿qué nos dicen los resultados de esta encuesta sobre la visibilidad de los hombres y su posicionamiento en el electorado? ¿Qué papel juegan los medios? ¿Quiénes hoy tienen más recursos para posicionarse en espectaculares y redes sociales? 

¿Qué sigue para la participación política de las mujeres en México?

Sin duda alguna, las reformas han sido determinantes para incrementar la participación política de las mujeres. Quienes hemos participado de manera activa en partidos políticos y procesos electorales, sabemos que los partidos (liderados en su mayoría por hombres) no tenían incentivos para postular a mujeres como candidatas. 

Frases como “no hay mujeres que quieran levantar la mano”, “las personas no votan por mujeres” “los hombres son más competitivos” siguen siendo algunas excusas de hombres frente a los mecanismos de paridad

La paridad obliga a los partidos a buscar a mujeres, formarlas, incorporar a los liderazgos vecinales a la vida activa de sus partidos y contemplarlas para las candidaturas a todos los espacios. 

Pero, ¿es esto suficiente? Sabemos que ser mujer no se traduce en lucha por los derechos de las mujeres. Hay ejemplos en México de congresos con mayorías de mujeres que no se han traducido en avanzar en derechos como el aborto o la reducción de la violencia de género en el país. Sin embargo, estas medidas son condición de posibilidad para la construcción de una política feminista en todos los ámbitos. 

Lo que buscamos es que lo que vivimos las mujeres en este país este representado en los presupuestos, a la hora de construir las ciudades o a la hora de decidir sobre la seguridad. 

¿Qué desafíos  veo para la participación política de las mujeres hoy en vísperas del proceso electoral de 2024?

  1. Los partidos políticos tienen todavía desafíos para ser receptores de la participación política de las mujeres. Por ejemplo, Movimiento Ciudadano, partido que impugnó la resolución del INE para favorecer la postulación de las mujeres a las gubernaturas, no tiene hoy mecanismos internos para asegurar la paridad al interior de sus partidos. Las resistencias, particularmente en lo local, siguen existiendo por parte de las cúpulas de los partidos políticos. 
  2. La violencia generalizada que vive nuestro país, inhibe de manera particular la participación política de las mujeres. Está documentado que el crimen organizado está infiltrado en la política y los procesos electorales. ¿Qué incentivos tienen las mujeres en los territorios más alejados de las ciudades de participar si no hay garantías para su seguridad sumado a los desafíos de acceso a recursos económicos para las campañas y la todavía existente, violencia política? 
  3. Es urgente fortalecer las agendas y programas políticos de las candidatas. Es común que se cuestione la paridad con argumentos como que las mujeres son corruptas o ser mujer no significa tener buena agenda. Esto es cierto. Llegar NO ES SUFICIENTE. ¿Qué agendas vamos a llevar las mujeres feministas a los espacios de toma de decisión? ¿Que estamos priorizando para llevar a los congresos? ¿A las gestiones locales? ¿Que vamos a proponer las mujeres de izquierda y progresistas para disminuir la violencia?

Hoy, en México gobierna la izquierda. La responsabilidad de los partidos que acompañan esta coalición es histórica para sostener la participación de las mujeres, y sean esos liderazgos vecinales, barriales y los que por muchos años han sostenido la participación y la movilización, los que lleguen a los espacios donde se toman las decisiones.

Lee también:

Paridad en América Latina

No estamos resueltas con la paridad

Vencendo a eleição em uma cidade onde não nasci – Leni Nobre

O primeiro passo para uma campanha de sucesso é entender quem é a candidata e em qual cenário ela está inserida. A melhor ferramenta para ter esse diagnóstico é a análise FOFA. E, aqui mesmo, na Im.pulsa, temos um conteúdo especial sobre esse assunto. Confira:  Sugiro estes: Análise FOFA, por que você deve fazer uma? Como fazer? e Modelo de Análise FOFA.

Foi neste ponto do planejamento da campanha de minha mãe, Leni Nobre de Oliveira, que detectamos um contexto desfavorável. Ela se candidatou ao cargo de vereadora, nas eleições de 2020, por Araxá (MG), onde morava há doze anos. A cidade é bastante acolhedora, porém, valoriza as pessoas locais, os sobrenomes e costumes tradicionais, normalmente, elegendo candidatos da terra.

Mesmo assim, Leni se candidatou e concorreu a uma das quinze cadeiras do Legislativo municipal. Disputou as eleições com outros trezentos e quatro candidatos, alguns nascidos na cidade e de famílias muito conhecidas na região. Havia, também, os que tentavam uma reeleição. 

Nossa equipe era bastante restrita: apenas eu e ela. Estávamos em uma época crítica da pandemia do coronavírus e, por causa das restrições sanitárias, nosso foco foi em uma campanha forte no Facebook e no Instagram. Não tínhamos verba, logo, pagar impulsionamento de conteúdo para torná-la mais conhecida nas redes sociais e contratar cabos eleitorais foram estratégias descartadas.

Parece improvável ser eleita assim, em uma primeira candidatura, não é? Mas deu certo! Venha entender como organizar uma estratégia de comunicação e ter uma campanha de sucesso, mesmo fora de sua cidade natal e sem dinheiro para investir. 

 

MONTE UM ARQUIVO

É essencial mostrar para as pessoas que você tem vínculos com instituições e pessoas da cidade. Sente-se com calma e relembre toda a sua história com este local. Anote absolutamente tudo! Se tiver familiares e amigos, peça ajuda, pois eles podem lembrar de fatos que você se esqueceu.

Passo 1: Anote todos os seus vínculos. Quando e por que você foi para a cidade? Em quais bairros morou? Onde trabalhou e com quem? Já recebeu medalha, honraria ou homenagem? Foi a shows, eventos, reuniões de bairro ou palestras? Participou de mutirão, evento religioso ou baile da terceira idade? Frequenta algum espaço regularmente? Já apareceu na TV local? Quando você conheceu um ponto turístico ou simbólico da cidade? Lembre-se: tudo importa, inclusive sentimentos e sensações. Este panorama vai ajudar você a contar sua história com a cidade.

Passo 2: Revire suas redes sociais, as dos amigos e dos lugares onde trabalhou. Olhe o arquivo do celular e aquela pasta esquecida no computador. Se, no passo 1, você tiver se lembrado de algo que participou com amigos, pergunte se eles têm fotos daquele dia. Isso vai ajudar você mais adiante a planejar os posts. O Instagram, por exemplo, é uma rede de fotos. Sem esse registro, você terá que pensar em outra forma de contar este fato da sua história. 

Passo 3: O que as pessoas falam de você e para você nos comentários de seus posts e nas mensagens privadas? Printe essas falas e refaça isso ao longo da campanha, quando novos comentários surgirem. Esse tipo de material gera posts fáceis de serem feitos e com bons resultados. O eleitor vê que você tem vínculos pessoais e profissionais na cidade. Olha só: 

Passo 4: Encontrou algo interessante? Arquive imediatamente! Imagine todo dia ter que procurar publicações de anos atrás, sem nem saber a data exata? Nada prático, não é? Monte pastas para organizar as fotos e um arquivo para salvar os links das publicações nas redes sociais. Salve tudo à medida em que for encontrando. 

 

MOSTRE SEUS VÍNCULOS

Crie outros pontos de identificação: Você não é da cidade, não é a filha, a neta ou a irmã de alguém importante e conhecido. Mas existem outras características que podem reforçar pontos em comum entre você e seu eleitor. Por exemplo: a Leni é professora – uma profissão bem vista na sociedade – e de uma instituição respeitada no local. Este ponto de identificação com a cidade foi tão forte que seu nome de campanha foi “Professora Leni Nobre”. Também abordamos outros pontos, como o fato dela ser uma mulher negra, mãe solo e ativista das causas ambientais. 

Apresente-se: Não adianta trazer propostas incríveis, se as pessoas nem sabem quem você é. Coloque informações relevantes na “bio” de suas redes sociais. Faça posts com um resumo da sua história e das coisas que você já fez na cidade. E faça isso mais de uma vez, contando os fatos de formas diferentes. Veja dois exemplos de posts da campanha da Leni: o primeiro foi ao ar no Facebook, logo no início da campanha. É uma foto dela, acompanhada de um texto na legenda. O segundo post é um carrossel informativo, publicado no Instagram, já no fim do período eleitoral, para reforçar as competências dela. 

Cuide da sua bio: Assim que você entra em um perfil no Instagram, vai logo ler a bio que eu sei. Assim também será com o seu eleitor. Coloque, naquele espaço, o máximo de informações que puder. Se você não tem o costume de colocar a cidade em que mora nas redes sociais, agora passe a colocar em um lugar de destaque. 

Bote a cara no sol: As pessoas precisam ver o seu rosto. Às vezes, elas não conhecem você pelo nome, mas conhecem o seu rosto, por já terem visto você em alguma ocasião ou circunstância específica.

Faça listas: Elas dão ao eleitor um panorama geral das coisas que você realizou  para uma comunidade, grupo de pessoas, bairro ou instituição. Esta arte postada nas redes sociais da Leni, com uma lista de cargos e funções que ela desempenhou no Cefet (instituição de ensino), mostrou aos eleitores que ela é participativa e competente, já que ocupou diversos cargos de chefia e coordenação. 

Repita de formas diferentes: Mesmo que você tenha citado um fato em um post estilo lista, é interessante abordar cada uma dessas ligações com a cidade de forma mais profunda e individual, relacionando com aquelas fotos que você separou, lembra? Em um trecho do post de apresentação, citamos que Leni foi homenageada pela Academia Araxaense Juvenil de Letras (Ajule) e que participou de uma mesa redonda no Festival Literário de Araxá (Fliaraxá). Veja:

Ao longo da campanha, reforçamos essa ligação com as duas instituições, fazendo um post específico para cada um dos eventos. Usamos fotos e um texto mais leve e pessoal. 

Conte sua história: As pessoas não conhecem suas origens e sua família. No caso da Leni, este tópico foi muito importante, porque sua campanha estava pautada na promoção da justiça social e da consciência de classe. A questão é que as pessoas da cidade a conheciam como uma funcionária pública federal, com uma situação financeira estável. Não sabiam, por exemplo, que ela nasceu em uma zona rural de Minas Gerais, sem acesso a energia elétrica e sem saneamento básico. Leni andava quilômetros por uma estrada de chão para ir à escola. Saiu de casa aos 11 anos para trabalhar como criada em uma casa de família, em troca de poder estudar. Portanto, foi essencial que contássemos sua história, para que o eleitor soubesse que ela não só entende dessa realidade, como já viveu problemas semelhantes aos da população carente. 

Não despreze memórias: Você desempenhou um cargo importante em outra cidade? Fez parte de uma associação do bairro e realizou um trabalho legal? Não pense que contar isso vá atrapalhar! As pessoas envolvidas nesse momento da sua vida não são possíveis eleitores, mas as interações delas na sua postagem ajudam a contar sua história, a mostrar que você é bem-quista e que deixou boas impressões pelos lugares onde passou. 

Mostre conhecimento: Se você vai publicar uma proposta de campanha, é interessante que, previamente, conte aos seus eleitores a sua experiência sobre o assunto. A Leni tinha como proposta fiscalizar o cumprimento da Lei 10.639 nas escolas municipais. Antes de publicarmos a proposta, fizemos um vídeo em que a Leni explica a lei e conta que trabalhou com ela em seu mestrado. Assim, mesmo as pessoas que não sabiam quem era a professora, puderam ver que ela tinha conhecimento de verdade sobre o assunto. 

Poste fotos com pessoas da cidade: Se você tiver fotos de um evento onde apareçam outras pessoas, aposte nelas. Durante a campanha da Leni, já havíamos contado sobre sua experiência à frente da organização de seis edições do Festival de Arte e Cultura. Em uma quinta-feira, aproveitamos o #tbt e postamos um carrossel no Instagram, cheio de fotos de alunos. Quando você posta um momento que também fez parte da vida do internauta, ele tende a querer comentar e engajar. E, assim, você reforça para o eleitor que tem laços duradouros na cidade. 

Não compare a sua campanha com a dos outros: Evite a bobeira de tentar igualar a sua estratégia e o seu alcance com o de alguém que tem relações com pessoas da cidade há 30, 40 anos; que conta com apoio de padrinho político e que é conhecido por todo mundo. Seja justa e gentil com você mesma. Olhe para a sua campanha, valorize tudo o que você planejou e siga em frente!

RESULTADOS

Leni foi a décima terceira colocada nas eleições municipais de 2020. Venceu com 480 votos, distribuídos por diversos setores de Araxá (MG). Hoje, ela é uma das 3 mulheres vereadoras da Câmara Municipal de Araxá. 

 

 

Uma campanha histórica – Linda Brasil (2020)

Registro de sua posse, na Câmara Municipal de Aracaju

 

Linda Brasil é uma mulher trans, de 49 anos, eleita como a vereadora mais votada em Aracaju, nas eleições de 2020. Ela foi a primeira mulher trans a ocupar um cargo político em todo o estado de Sergipe, no nordeste brasileiro. 

Com o slogan “Coragem para transformar”, Linda conquistou 5.773 votos em uma cidade marcada pelo dinheiro e conservadorismo político. Ela fez uma campanha alegre, colorida, pautada no diálogo, no voluntariado e no uso das redes sociais. E o mais importante: com um baixo orçamento. Gastou R$ 37.933,36, enquanto a segunda candidata mais votada (5.025 votos) investiu R$ 180.947,77. 

Linda Brasil é a primeira de seu nome para muitas coisas em Aracaju. Começou a sua luta política em 2013, sendo a primeira mulher aprovada para o curso de Letras/Francês na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Depois de ter sido constrangida em sala de aula pelo não reconhecimento de nome social, organizou uma campanha e conquistou uma portaria, que garantiu aquilo que já era seu direito, por lei.

Durante a gradução, organizou-se politicamente na universidade, por meio de vários grupos: o Coletivo Queer Desmontadxs; o Coletivo de Mulheres de Aracaju – foi a primeira trans em um coletivo composto só por mulheres cis; a organização da I Semana da Visibilidade Trans; e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). 

A partir daí, Linda percorreu toda a cidade, palestrando para jovens e adolescentes em universidades, escolas públicas e particulares, quase todos os dias. Sempre falava sobre gênero, sexualidade e direitos à cidadania das pessoas LGBTQIA+. Todo esse acúmulo de diálogo, mobilização e contatos foi testado nas eleições de 2016, quando concorreu, pela primeira vez, ao cargo de vereadora. Linda não foi eleita por causa de sua coligação, que não atingiu o coeficiente eleitoral, mas teve mais votos do que os últimos quatro vereadores eleitos. Em 2017, fundou a CasAmor, um espaço de cultura, formação e acolhimento para pessoas LGBTQIA+. Em 2018, concorreu ao cargo de deputada estadual, quando também não foi eleita, porém, conseguiu votos em todos os 75 municípios sergipanos, sem nunca ter ido a muitas dessas cidades. Tudo isso já indicava o fenômeno que ela seria.     

Apesar das derrotas, desanimar ou desistir nunca esteve no horizonte de Linda. Afinal, todo resultado mostrava o seu crescimento eleitoral e sua inclusão social. Além disso, Linda Brasil era uma ativista convicta. Disputar um mandato nunca foi um fim em si mesmo, era uma consequência do trabalho que ela fazia no dia a dia. Por isso, a cada nova eleição, o desafio era encarado com ainda mais alegria e otimismo. 

“Muita gente já está cansada dessa velha política. Eu entrei na política para denunciar essa estrutura”, defende.

A continuação das palestras, eventos e participação nos processos de luta política, além do trabalho voluntário, permitiu que a figura de Linda Brasil estivesse sempre presente na mídia e no cotidiano da cidade e das pessoas. Nesse sentido, a campanha de 2020 foi apenas o desenrolar de todo esse processo, iniciado em 2013. 

Quais foram as principais dificuldades e estratégias adotadas?

Nosso principal desafio foi ampliar o alcance de Linda na cidade, considerando a pandemia. Tivemos muitas dúvidas sobre como fazer ações de rua e entrar na casa das pessoas. Importante destacar que seguimos todas as recomendações das organizações de saúde e decretos do Estado. Assim, a campanha se dividiu em pequenos grupos, para diminuir o risco de contágio pela Covid-19.

Outra dificuldade foi o debate para a divisão do Fundo Eleitoral de Campanha. Inicialmente, a campanha de Linda não era identificada como prioritária, mesmo com seu histórico recente. Foi necessária uma importante mobilização e articulação da militância LGBTQIA+ do partido, para que ela fosse reconhecida como tal. 

Primeiro, fizemos uma reunião com a setorial local de LGBTQIA+, para discutir o que fazer. Depois, entramos em contato com algumas lideranças nacionais do partido, redigimos uma nota interna  e explicamos a importância da candidatura de Linda. O conteúdo da nota foi debatido com todos os filiados e filiadas, nos grupos de WhatsApp do partido. Em seguida, conseguimos uma reunião com a direção estadual do partido. No encontro seguinte para debater a divisão do Fundo Eleitoral de Campanha, a candidatura de Linda foi reconhecida como prioritária. 

Com foco na juventude, especialmente os jovens LGBTQIA+, a comunicação foi adequada para uma linguagem simples, acessível e com referências desse público, combinando as ações das redes sociais com a agenda de rua, afinal, nem só de like vive uma candidata. A campanha se faz na rua. O boca a boca nas panfletagens, palestras, rodas de conversa, entrevistas em rádio e comícios domésticos fizeram toda a diferença. 

Aliás, foi por meio desses comícios domésticos que construímos espaços mais intimistas de diálogo com a população. Eles nada mais eram do que pequenas reuniões na casa de algum conhecido. Ali, era possível conversar com parentes, amigos e vizinhos. Isso funcionou muito, pois aproximava Linda das demandas reais das pessoas

Como fazer um comício doméstico? 

* Chame familiares e amigos para conversar sobre a possibilidade da candidatura;

* Convoque uma reunião para agrupar voluntáries, principalmente de comunicação e mobilização. Lembre-se de que o apoio jurídico e contábil também são muito importantes;

* Organize a pré-campanha o quanto antes. Isso é importantíssimo, já que o período de campanha, em si, é muito curto;

* Prepare um evento de lançamento da candidatura e convoque a imprensa;

* Toda segunda-feira, reúna-se com voluntáries e coordenação de campanha, para planejar a agenda e ações de toda a semana;

* Disponibilize sua agenda nas redes sociais. Isso facilita a participação de apoiadores;

* Faça postagens que estimulem o engajamento de seguidores;

* Providencie um financiamento coletivo. O dinheiro do Fundo Eleitoral de Campanha nem sempre é suficiente;

* Tenha um comitê ou um local que seja referência para a campanha. Pode ser a garagem de uma amiga, por exemplo;

* Defina o seu público. Isso ajuda na estratégia de comunicação e na formulação da identidade visual da campanha. Por exemplo: Linda usou e abusou dos emojis, memes e das cores roxo (feminismo) e amarelo (partido), junto com as cores do arco-íris;

* Conte histórias o tempo todo, tanto na pré quanto na própria campanha. Exemplo: quem você é; porque decidiu se candidatar; de onde você vem; o que gosta de fazer e etc.;

* Crie símbolos. A definição do seu número de campanha, por exemplo, pode contar uma história. Linda escolheu o número 50.180 para simbolizar a luta contra a violência de gênero;

* Faça uma campanha diferente, onde as ações reflitam o que você defende. Uma ideia é fazer uma bicicletada no lugar de uma carreata. Isso demonstra o seu compromisso com o meio ambiente;

* Dica: o Twitter é uma ferramenta poderosa para tornar você conhecida;

* Seja autêntica. É fundamental respeitar seus limites e convicções.

Que tal ver alguns exemplos?

Veja aqui como foi a biciletada, durante a campanha de Linda

Orientações para o dia da eleição também geram engajamento. Confira aqui

Aqui, temos um exemplo de como contar a sua história de forma diferente

Compartilhar a agenda é mais simples do que você imagina 

Construir uma identificação com o público é fundamental. Veja esse exemplo

Faça sua campanha com amigues e voluntáries

Dá uma olhada na alegria dessa campanha de rua

“Nas eleições, as pessoas estavam desacreditadas, diziam que político era tudo igual. E eu respondia: você já votou em uma travesti? Então, não é tudo igual. Queria que as pessoas voltassem a acreditar” Linda Brasil

Quer saber como tudo isso terminou?

O resultado foi histórico! 

Com 5.773 votos, Linda Brasil foi eleita, em 2020, como a vereadora mais votada em Aracaju e a primeira mulher trans a ocupar um cargo político em todo o estado de Sergipe. 

A cidade ficou em polvorosa e toda a imprensa correu para seu o comitê, na tentativa de entrevistá-la. Enquanto ela ainda tentava entender o que tinha acontecido, já circulava, em grupos de WhatsApp, o áudio transfóbico de um pastor, que não reconhecia a sua eleição e convocava seus fiéis para reagir ao que ele chamava de “monstro”. Mas, como diz Linda Brasil: “Não há nada que possa parar o amor de quem vive para lutar” 

No dia 15 de agosto de 2022, seu mandato completou 500 dias de muita luta.

Conhecer para legislar

A experiência das Casas Sementes

As campanhas municipais são, em geral, as mais competitivas e as mais próximas da população. A missão de eleger uma vereadora é árdua. Em 2020, por exemplo, 901 pessoas oficializaram candidaturas para o legislativo municipal em Recife, sendo 615 homens e apenas 286 mulheres. Os candidatos disputaram 39 vagas para a Câmara Municipal. 

Se o desafio é grande, imagine se juntarmos a ele a descrença das pessoas na política e uma pandemia de Covid-19?

vereadora Dani Portela no centro com o fundo colorido da cidade de Recife

Mesmo diante desse cenário, em 2020, Dani Portela foi eleita vereadora pelo Recife, com 14.114 votos, tendo sido a candidata mais votada na capital pernambucana. Advogada, historiadora, mãe e feminista, Dani Portela é a única mulher negra desta legislatura, atualmente formada por sete mulheres e 32 homens. Em 2018, Dani havia sido candidata ao Governo de Pernambuco pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Na época, ela ficou em terceiro lugar, com mais de 188 mil votos, o que representou 4,97% dos votos válidos. 

Com uma campanha que contava com poucos recursos financeiros, a ideia inicial era investir em voluntariado e nas ações de rua. Mas, com a pandemia, a saída encontrada pela candidata e sua equipe foi fazer pequenas reuniões temáticas, que reunissem pessoas ligadas a movimentos, sindicatos e organizações não-governamentais (ONGs), e que também pudessem acolher a sociedade civil não organizada, interessada em construir um mandato coletivo. 

A iniciativa foi batizada de Casa Semente.

“As Casas Sementes nasceram da ideia de pensar em como fazer a campanha chegar até as pessoas, já que os eventos maiores estavam proibidos, por causa da pandemia. O conceito de Casa, acolhimento, escuta e proximidade juntou-se ao de Semente, porque, além do símbolo da minha campanha ser a flor e eu já ser conhecida pela flor que uso no cabelo, isso dá a ideia de florescer. Toda flor traz uma semente. E a gente queria que a cidade semeasse conosco esta proposta de candidatura. A Casa Semente nasceu da ideia de semear e plantar, junto com essas pessoas, propostas, projetos e ideias para uma cidade melhor, mais justa e igualitária”, lembra Dani Portela.

Normalmente, nas campanhas eleitorais, os candidatos falam de suas propostas e a população apenas escuta. Na Casa Semente, funcionava ao contrário. Nossa ideia era ouvir a população, aprender e construir um programa para guiar o futuro mandato. O objetivo era conhecer a cidade a partir das pessoas, para, então, fazer as leis.
 

Nesta parte, vamos contar como a escuta e o planejamento podem ser importantes para engajar e construir um programa de atuação coerente, sempre dialogando com a população. 

O plantio

Novos mandatos precisam de tempo para conhecer e se adequar à rotina de uma casa legislativa. A ideia da Casa Semente, além de mobilizar, engajar e divulgar a candidatura de Dani Portela, era criar uma espécie de “programa de governo”, construído coletivamente para o futuro mandato. O objetivo dessa estratégia era o seguinte: uma vez eleita, ter propostas e temas prioritários já no primeiro mês de atuação. 

Mas como começar a escutar pessoas? 

A dica é fazer a campanha já estudando sobre a atuação no legislativo. Desde o início, você deve buscar saber quais são as suas competências e o que é possível realizar. “A gente queria discutir a cidade e aprender com organizações e movimentos. Nossa ideia era ampliar o debate para a sociedade em geral. Começamos pelos movimentos que tínhamos mais proximidade, afinal, não adiantava a gente buscar temas sem familiaridade ou sem diálogo”, explica Gabriela Falcão, coordenadora das Casas Sementes. 

Para iniciar, a equipe determinou um eixo central, que trataria do enfrentamento às opressões: mulheres, população negra, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência foram os temas inicialmente listados. Com o tempo, outros temas foram acrescentados, como cultura e educação, por exemplo. Escutamos estudantes universitários, doulas (ajudantes de parteiras), professores, coletivos de moradia, movimentos de mães e muitos outros.

A proposta era sempre ter um movimento ou uma pessoa como anfitriã do encontro. A equipe de comunicação da campanha era quem preparava o card do convite, que era encaminhado via WhatsApp. 

No total, foram 23 reuniões. Todas foram gravadas pelo Zoom e, delas, extraímos as propostas, que, futuramente, resultaram no Caderno de Programas de Dani Portela. 

Depois de cada reunião, o material era organizado e enviado às pessoas que participaram, para aprovação e possíveis alterações. Ao final, foram mais de 25 horas de gravações, onde reunimos propostas para o exercício do futuro mandato. Cada reunião tinha cerca de uma hora de duração.

Além da colheita de dados e propostas, as Casas Sementes formaram uma rede de apoio e fomento à campanha, uma espécie de ciranda que ampliou a voz de segmentos da sociedade. Não havia campanha de rua, em função da pandemia da Covid-19, e, a cada reunião, aumentava a quantidade de pessoas solicitando material de divulgação da candidata. Isso levou a coordenação da campanha a criar um sistema de entrega de kits com panfletos e adesivos em domicílio.

Antes da colheita…

É preciso aprender a legislar. As casas legislativas têm competências limitadas. Uma das principais dificuldades da nossa iniciativa foi adequar as demandas que brotaram nas Casas Sementes à realidade da Câmara de Vereadores. Neste sentido, o aprendizado foi recíproco para a equipe e para os participantes. O Poder Legislativo representa a população. Ele fiscaliza, cobra, indica, cria projetos e faz requerimentos. E muitas das propostas colhidas eram de competência do Estado, e não do município, ou eram de competência do Poder Executivo. 

O grande exercício foi imaginar como um mandato municipal poderia recair em temas que não eram diretamente da sua competência. “Quando, por exemplo, no debate sobre direito à cidade, alguém falou sobre o abastecimento de água precário nas periferias, explicamos que a questão é estadual, mas combinamos que faríamos uma audiência pública sobre o assunto e convocaríamos as autoridades competentes”, explica Gabriela.

Outro exemplo sobre esta adequação trata-se de uma demanda sobre creches. Vereadores não podem construir creches ou autorizar a contratação de profissionais para trabalhar nelas. Mas é papel do vereador fiscalizar a prefeitura e identificar em quais regiões da cidade há mais carência destes equipamentos. 

Outra dificuldade de fazer as reuniões da Casa Semente foi a agenda da candidata. Ela participava de todas as reuniões, garantindo que a escuta fosse direta e não por meio da equipe. Por isso, é fundamental ter planejamento e organização. É muito importante que, em cada reunião, além da candidata, estejam presentes mais pessoas da equipe, organizando e mediando a conversa.

“As sementes se espalharam. Este plantio foi feito por muitas mãos. Nossa candidatura, mesmo sendo individual, foi plantada de uma maneira muito coletiva. As Casas Sementes foram espaços multiplicadores de sonhos. Tanto que chegou em um momento da campanha que, devido às restrições sanitárias, tivemos que fazer o encontro no formato virtual. E, mesmo assim, com a distância de uma tela, várias pessoas se emocionaram e se sentiram pertencentes àquele projeto. Na reta final da campanha, chegamos a realizar até seis reuniões em um único dia. Foi quando a gente sentiu: a semente se espalhou”, comemora Dani Portela.

Os frutos

Dani Portela foi eleita a vereadora mais votada de 2020, no Recife. No primeiro semestre de seu mandato, aprovou a Comissão Permanente de Igualdade Racial e Enfrentamento ao Racismo, sendo a primeira parlamentar a tratar do assunto em uma capital do Brasil. É a única mulher negra da bancada de vereadores e vereadoras do estado (2020-2024).

Para florescer

Dicas para a realização das reuniões:

  • Garanta a presença da candidata.
  • Estruture a agenda da candidata de forma a reservar uma hora e meia para cada encontro, afinal, é importante prever problemas com internet, atrasos e contratempos.
  • Não estipule um público mínimo. Às vezes, uma reunião com poucas pessoas rende frutos doces.
  • A metodologia da reunião pode ser em forma de bate papo, mas é importante garantir um tempo para expor as ideias da candidatura, logo no início, e falar um pouco de como as propostas serão organizadas.
  • Valide as propostas de cada tema com o grupo que participou da reunião, antes de publicar o documento final.
  • Marque uma data para lançar os resultados das reuniões, na reta final da campanha.

 

Transparencia y participación en la Asamblea Constituyente de CDMX: entrevista a María del Carmen Nava-Polina

Cómo se implementó la transparencia y participación en la Asamblea Constituyente de México, de la mano de la mujer que estuvo a cargo.

María del Carmen Nava-Polina ha sido asesora de gobierno, colaboradora de ministerios, docente e investigadora independiente. Su trayectoria política está vinculada con la transparencia, el acceso a la información pública y al fortalecimiento de la democracia, y sus vastos aportes en esta materia la convirtieron en mujer constituyente y coordinadora y precursora de un importante órgano del proceso constitucional de la Ciudad de México: la coordinadora de Transparencia y Parlamento Abierto.

“La Constituyente es la gran oportunidad de incorporar y, sobre todo, de no aislar y de ir de la mano con el factor social. Los procesos de nuevas constituciones empiezan porque ya estamos hasta el gorro de lo que tenemos. Queremos algo nuevo, pero lo queremos desde nuestro punto de partida, no solo desde la representación constituyente”, dice.

En esta entrevista, María del Carmen Nava-Polina aborda distintos aspectos de la transparencia y la participación en el proceso constituyente de Ciudad de México, que hemos organizado bajo subtítulos para que puedas revisar la temática que te interesa:

  • El camino de la transparencia.
  • Parlamento abierto: una iniciativa sin precedentes en México.
  • Mecanismos de participación y aprendizajes de la experiencia mexicana. 
  • Mensaje para las constituyente que vendrán

Trayectoria en probidad y transparencia hacia la Constituyente

¿Cuál es tu experiencia previa a la Asamblea Constituyente de Ciudad de México?

“A mí me encanta hacer un poquito de todo y ser más bien disruptiva en los lugares donde me toca participar. Ya llevaré casi 30 años trabajando en cuestiones legislativas, de partidos políticos y de apertura institucional. También he hecho investigación y he estado en el servicio público. Ahora hay mucha información parlamentaria, pero en su momento en México no había una gaceta parlamentaria, solamente un diario que salía con un desfase de seis meses. Entonces, en ese momento hicimos, junto con el periódico Reforma, una sección que se llamaba Pulso Legislativo, donde empezamos a hacer la numeralia de qué se trabajaba en las discusiones del pleno y qué se dictaminaba. Ahora ya suena un poco rebasado para los países que tienen una documental parlamentaria y un monitoreo, pero para entonces era algo completamente necesario”. 

“También me tocó trabajar en una legislatura que fue parteaguas en México cuando se creó el canal del Congreso, la gaceta parlamentaria, las nuevas reglas, los órganos de gobierno… entonces esa nueva ley orgánica permitió tener votaciones electrónicas. En fin, esa gran legislatura gestó mucho de lo que ahora se conoce. También estuve trabajando en el ámbito de sociedad civil, haciendo investigación aplicada en legislativo y partidos. Y ahí también fue un proceso muy interesante. Pues impulsamos Parlamento Abierto en México, después de la Declaración sobre la Transparencia Parlamentaria. Y a partir de ahí también hemos sido parte de la red latinoamericana de la transparencia legislativa”. 

“También encabecé la coordinación de Parlamento Abierto y transparencia de la Asamblea Constituyente de la Ciudad de México y actualmente soy comisionada ciudadana de transparencia en la ciudad y coordinadora de la comisión de gobierno abierto y transparencia proactiva del sistema nacional. Pues, como puedes ver, a lo largo del tiempo lo que he tenido como constante ha sido pues el impulso de estos temas desde donde esté”.  

Parlamento Abierto: una iniciativa sin precedentes en México

Tú ocupaste el cargo de coordinadora de Transparencia y Parlamento Abierto en la Asamblea Constituyente de la Ciudad de México, ¿cuáles fueron tus motivaciones y cómo surgió esta iniciativa tan relevante para la experiencia constituyente mexicana? 

“Pues de Parlamento Abierto no se hablaba en México ni en el mundo. A partir de la declaratoria de transparencia legislativa, lo que hicimos fue buscar posicionarlo en el imaginario público, empezar a hablar de Parlamento Abierto. Cuando se conformó y se definió la presidencia de la Asamblea Constituyente, uno de los grandes impulsores de esta iniciativa fue la mesa directiva de la Constituyente que planteó, junto con las coordinaciones de las distintas bancadas, tener una estructura interna de la Constituyente que fuera también de cara a las personas y muy visible. En ese sentido, los legisladores determinaron crear una coordinación de Parlamento Abierto y de transparencia. Entonces, más allá de yo buscar ser coordinadora, me buscaron para ser y, bueno, pues así sucedió. El plus para yo aceptar esa invitación era que de entrada tuviera la posibilidad de implementar los elementos de apertura institucional y los elementos de Parlamento Abierto, porque yo llevaba un tiempo impulsándolos desde la sociedad civil. Entonces, me dieron esa libertad y a partir de ahí tenía que entrarle con todo; creo que ha sido de las experiencias más interesantes que he tenido a nivel profesional, porque fue un muy corto tiempo, con muchas decisiones en el camino. Me parece que aquí coincidió que había una clara voluntad parlamentaria y política.” 

¿Cómo explicarías el concepto de Parlamento Abierto y cómo se pensó para la Asamblea Constituyente de Ciudad de México?

“Mira, a mí me gusta mucho concentrar la atención en cinco elementos de apertura institucional, para que se puedan ir bajando justo de acuerdo al poder que se trate, o a la naturaleza institucional de la cual se hable. En este caso concreto, por un lado estaba la participación ciudadana y la rendición de cuentas, o sea, sin participación y sin rendición de cuentas no podemos hablar de apertura institucional, de Parlamento Abierto. Por otro lado, está la memoria y el archivo. Así también, si no documentamos, no hay manera de tener ningún tipo de apertura. Por otro, está la integridad y prevención de conflictos de intereses, o sea, para desarrollar códigos de ética parlamentaria. Está también el uso de un lenguaje sencillo, de datos abiertos y de accesibilidad. Es muy complejo decir que estamos teniendo un trabajo muy asiduo si no tenemos una vinculación continua con las personas. A mí me gusta hablar de personas, porque con independencia de la edad, de la nacionalidad, tenemos que siempre tener en la cabeza un vínculo de comunicación y de generación de cultura democrática para con quienes tengamos interlocución. Tienes datos abiertos, por ejemplo, si están los resultados electrónicos de las votaciones, si puedes tener una gaceta parlamentaria que tenga, por ejemplo, un buscador para que encuentres información”. 

“Estos elementos tendrían que permearlo todo, son el gran paraguas del Parlamento Abierto. Y en ese sentido, por supuesto, en Parlamento Abierto debe considerarse siempre, siempre, el factor de comunicación. Si no hay una comunicación y si no hay un portal que está engrosado, va a ser muy complejo saber qué es lo que se está discutiendo, poder conocer las propuestas, la revisión de dictaminación, comparar entre alternativas que ofrecen las distintas bancadas o los distintos grupos. En fin, sin estos cinco elementos no hay manera de hablar de Parlamento Abierto. Logramos posicionar -al menos en México- el tema de Parlamento Abierto, o esas dos palabras, ese binomio. Y empezó cada quien a entender lo que era Parlamento Abierto. Regularmente, se asocia con mesas de discusión, cuando no necesariamente es solo eso”. 

“La apertura institucional tiene siempre y, únicamente, su existencia en un estado democrático de derecho. Necesitas equilibrios de poder, necesitas contrapesos, necesitas una fiscalización, una sanción y una reparación del daño en caso de que sea necesario, en fin. Parlamento Abierto es como la democracia. No podemos decir que tenemos democracia solo porque votamos. Votamos, pero tenemos que monitorear, tenemos que sancionar, tenemos que exigir y nos tienen que seguir escuchando, no solo en el voto. Entonces, en ese sentido, el Parlamento Abierto es lo mismo”.

“Esta conceptualización incluso es una forma de repensar a los congresos en un contexto de avance democrático participativo. Tampoco son elementos nuevos… es el regreso a los clásicos. Haciendo una lectura de largo aliento hacia cómo se articula el Estado, son siglos de teoría política detrás, desde los griegos. Entonces, ahora le llamamos Parlamento Abierto, pero en realidad lo que persigue es exactamente lo mismo que toda aquella gestación de la democracia en la humanidad”.

Aterrizando esta idea de democracia, ¿cómo fue la experiencia de aplicación de Parlamento Abierto en la Asamblea Constituyente? 

“Cuando se desarrolló la Asamblea Constituyente de la ciudad todavía yo no tenía en la cabeza esta conceptualización de los cinco elementos. Se hablaba entonces de los 10 principios de Parlamento Abierto. En términos de recursos humanos, se trabajó, pues, sin dinero. Fue un poco a voluntad y a convenios, por ejemplo, la UNAM prestó el Palacio de Minería, el Senado prestó el Espacio Artístico Xicoténcatl. Y así se trabajó… el punto es que para mí lo relevante era articular estos principios en la operación cotidiana. Entonces, había que trabajar con lo que había. Y lo que había era decisión”.

“El gran objetivo era documentarlo todo, recaudarlo, concentrarlo y clasificarlo, de tal manera que esa clasificación de información permitiera robustecer el archivo histórico de la Constituyente. Se recaudó mucha, mucha información, toda en electrónico, para que después el archivo documental físico pudiera cotejar lo que en Parlamento Abierto y transparencia había”. 

“Aquí la clave era ir de la mano 100% con la presidencia de la mesa directiva, prácticamente trabajamos a la par, con ese impulso y también con las distintas coordinaciones del resto de la Constituyente. No había manera de llegar a buen puerto sin esa articulación. Hicimos también, a la par, uso de una cuenta de twitter de la Constituyente en la que íbamos documentando todo, armamos conferencias de prensa sobre cuál iba a ser nuestro plan de trabajo, dando un corte a mediano y otro al final. No había manera de decir que estábamos trabajando si no lo comunicábamos y si no verificaban las personas externas; tampoco hay manera de hacer un trabajo de apertura sin los ojos externos.” 

Respecto a la articulación con las distintas partes de la Asamblea y también la articulación política, ¿cómo lograron estos avances?

“Aquí había voluntad de todas las bancadas, había una disposición general para poder tener una Constituyente documentada, de puertas abiertas. Si hacemos un análisis de quién dio más información a posteriori, pues también es contrastante: muchas veces, las fuerzas mayoritarias son las que menos dan información. Entonces, en este sentido, sí me parece que había una intención general de poder documentar, de poder participar. A mí me hubiera encantado tener una cámara que grabara cuando los constituyentes subían a hacer cualquier tipo de preguntas, sobre todo las que tenían relación con el llenado de declaraciones de intereses patrimoniales. Algo que también tenían como la disposición era de trabajar a puertas abiertas, se trabajó todo a puertas abiertas, las plenarias era lo de menos, en términos de que ya estamos acostumbrados de ver todas las transmisiones en vivo, pero en comisiones no. Y en comisiones lo que se tenía era que si había la dictaminación o el rebote de algunos temas de interés, las personas de a pie podían entrar y debatir a la par con las personas constituyentes. Reconozco un avance impresionante, porque la Constituyente en la Ciudad de México incorporó el Parlamento Abierto en el texto constitucional. No fue solo de cómo operó, sino también de cómo materializó esa frase dentro de la constitución.” 

Mecanismos de participación y aprendizajes de la experiencia mexicana 

¿Cuáles fueron los mecanismos que usaron para asegurar la participación en este escenario de deslegitimación de la política a nivel global?

“En términos de participación, hubo más de mil propuestas ciudadanas de distintos temas para incluir en la Constitución. Y no solo se transformó en esas más de mil, sino lo que te comentaba, las participaciones dentro de las mesas de comisiones. Adicional, hubo una carpa ciudadana: se montó una carpa donde cualquier persona iba y se anotaba en una agenda para ocupar la tribuna, digamos, y así dejar grabada su propuesta. Entonces, hubo propuestas por escrito, hubo propuestas verbales y hubo propuestas dentro de las discusiones, fue algo muy activo, muy. También había temas que siempre son muy álgidos en el debate, como la interrupción del embarazo, respeto por seres animales y seres sintientes en general, la interrupción de la vida, o sea de eutanasia. O sea, hubo temas muy, muy de avanzada, que incluso a nivel federal no están establecidos”.

¿Qué aprendizajes sacas de este proceso? Pensando en la información que podría ser útil para la próxima experiencia constituyente chilena.

“Por un lado sí tendría muy presente articular la implementación de circulares que estandaricen el cómo hacer el levantamiento de información y que haya, junto a aquello, deadlines, o sea: ‘para tal fecha a más tardar’, porque si no tampoco da para dar una respuesta certera hacia afuera, hacia quienes quieren estar atentas a lo que vayas determinando en tu proceso de discusión parlamentaria y constituyente”. 

“Punto número dos, la comunicación es algo fundamental, no solo a través del uso de redes sociales o de conferencias de prensa, sino también el carril más permanente y periódico, como que tus comunicados integren y reflejen el debate plural que se da. Si tenemos una constituyente con una mayoría muy determinada en términos partidista o políticas, regularmente está la tentación de que los mismos comunicaciones tengan un sesgo de origen, y la valía de un proceso constituyente y en general parlamentario es que refleje el debate que se da, con independencia del resultado. Algo súper valioso para el análisis posterior del trabajo constituyente es tener esos elementos de: ‘quién dijo, cómo, qué pasó, por qué se llegó a este resultado’, porque eso te va a facilitar interpretar e implementar posteriormente ese resultado final que se va a llamar Constitución”. 

“Yo lo englobaría como una recomendación de trabajar en grupos interdisciplinarios, porque eso es fundamental también: tener personas que sean científicas duras, personas de ciencias sociales, comunicadoras, en fin. El efecto al tener esos equipos interdisciplinarios y una comunicación muy pulcra, y que contribuyera a generar esa cultura democrática de largo aliento. Creo que el último tema sería ese… si no hay manera de documentar, o sea, olvídalo. Podrá ser algo muy vívido, pero será imposible voltear hacia atrás y hacer un análisis. En ese sentido, es algo fundamental tener la documentación y el archivo”.

¿Cuál ha sido la importancia de Parlamento Abierto a posteriori?

“Pues, la gran relevancia de incorporar esos preceptos es justo que, independiente de los procesos de elección en urnas, en votos, se genere la representación constituyente, es decir, que, en este caso, el ejercicio legislativo en sí tenga una vinculación hacia afuera, con la sociedad. Creo que esa es la gran aportación de poder visibilizar esa necesidad de Parlamento Abierto. Así lo resumiría, porque de otra manera se dan procesos de discusión a puerta cerrada, sin incorporar necesariamente la preocupación o el interés de las personas o de ciertos grupos que no tienen una representación constituyente. O sea, es la posibilidad de incorporar y de que realmente tenga una legitimidad de origen. Eso es fundamental. Pero sin información no hay manera; sin rendición de cuentas, tampoco; sin transparencia, menos, y la comunicación acá tiene que ser oportuna, tiene que ser sencilla, tiene que estar a un link en el caso de que sea electrónica. La Constituyente es la gran oportunidad de incorporar y, sobre todo, de no aislar y de ir de la mano con el factor social. Los procesos de nuevas constituciones empiezan porque ya estamos hasta el gorro de lo que tenemos… queremos algo nuevo, pero lo queremos desde nuestro punto de partida, no solo de la representación constituyente.”

“Al momento que bailas, te adecuas a la pieza, a la música, a la persona con quien estás bailando, o también puedes estar bailando sola, pero generas ritmos distintos de acuerdo a las necesidades, al ánimo. Pero tiene que estar ese baile… y ese baile de apertura institucional implica que puedas también tener ese gusto permanente de enriquecer la cultura democrática, de ese ir y venir con los parlamentos.”

¿Y sobre la aplicación de la Constitución, de sus contenidos, en la realidad?

“En ese sentido, la constitución de la ciudad fue muy, muy, muy ambiciosa y poco factible en muchos de los temas, o poco operable también. ¿Es factible o no llevar a cabo esta reforma? ¿Es factible o no llevar a cabo este precepto? ¿Es adecuado para la sociedad que tenemos, o lo repensamos en 30 años? En fin, todos estos debates sobre cómo llevamos una Constitución muy de anhelo, porque podemos tener causas muy importantes pero que a lo mejor no necesariamente será el mejor mecanismo plasmarlo en una Constitución. Y ahí, claro, yo soy muy crítica sobre cómo se han hecho las reformas a la Constitución en México, porque regularmente tenemos el parámetro aspiracional de que ya está en la Constitución y eso ya es realidad, ¡pero no! Muchas veces ese aterrizar la realidad tiene que ser justo en políticas públicas, en leyes, en derechos de la regulación, en cómo aterrizas la factibilidad de los preceptos constitucionales. Entonces, creo que es parte de los aprendizajes sociales y regionales, incluso que merecen una reflexión más de largo aliento más histórica”.

Mensaje para las constituyente que vendrán

Para finalizar, ¿le darías algún mensaje a las mujeres constituyentes chilenas?

“Pues, son tantos temas. El tema de género es para mí una obligación. Partir la perspectiva de diseño de estas políticas públicas a través del empujar, fortalecer y contribuir a poblaciones en situación de vulnerabilidad. Y es un hecho que la voz de las mujeres en la toma de decisiones pública es algo fundamental, pero también escucharnos, escucharnos en la pluralidad. Y tener una replicabilidad, es decir, este tipo de red. Como la que ustedes están contribuyendo en Vota x Nosotras, en Aúna en el caso de México, es algo fundamental. Porque la visibilidad de los trabajos que se dan con mujeres tomadoras de decisiones es crucial. La forma en que comunicamos también es distinta. Entonces, me parece que la posibilidad de que esa sensibilidad social de las mujeres se pueda convertir en decisiones públicas y en procesos de negociación de tal naturaleza, tiene una relevancia fundamental para llegar a buenos resultados. O sea, si gestamos una negociación parlamentaria constituyente de origen con una perspectiva de género, que tenga esa habilidad pero también esa asertividad, podemos tomar decisiones con mayor alcance. Y con mayor… ¿cómo decirlo? con mayor nutrición social, es decir, de largo aliento… podemos generar incluso constituciones mucho más asertivas, más sensibles con la parte social, más justas”.

“Creo que es algo fundamental visibilizar este trabajo. Siempre que se teja con asertividad. Y pongo mucho este énfasis porque en las arenas de contraste parlamentario es muy complejo llegar a construir mayorías, porque también se requiere esa habilidad. Si no está, no podemos tener una Constitución que tenga esas características. Entonces bueno, pues: a tejer en red y a comunicarse bien y con asertividad”. 

Reflexiones feministas de los procesos constituyentes latinoamericanos: Gabriela Rodríguez – México

Experiencia de Gabriela Rodríguez, diputada feminista que trabajó en la Constitución de la Ciudad de México.

El 15 de septiembre de 2016 sesionó por primera vez la Asamblea Constituyente de la Ciudad de México en la casa Xicoténcatl, antigua sede del Senado de ese país. Su objetivo fue modificar la Constitución Política para la capital mexicana en un plazo de cuatro meses y medio. Gabriela Rodríguez fue una de las 100 diputadas y diputados que integró la Asamblea.

“Yo todavía no me la creo que logramos una Constitución tan avanzada. Y eso, pienso, tuvo que ver con que había mujeres en todos los grupos, en todas las comisiones”, dice Gabriela. Sobre lel proceso constituyente que se desarrolla en Chile, es clara: “Hay que subir a tribuna todos los temas todo el tiempo; no solamente los de las leyes, sino todo lo que esté ocurriendo”.

En esta entrevista, Gabriela Rodríguez aborda distintos aspectos del proceso, que hemos organizado bajo subtítulos para que puedas revisar la temática que te interesa:

  1. El camino personal y colectivo a la Constituyente.
  2. La agenda feminista en la constitución.
  3. Desencuentros y estrategias para encontrarse entre mujeres.
  4. Desafíos de una constituyente feminista en una sociedad patriarcal.
  5. Estrategias para instalar la agenda y la articulación con la sociedad civil.
  6. La realización de la Constitución en la política.
  7. Consejos para las constituyentes chilenas.

El camino personal y colectivo a la Constituyente

¿Cómo definiría el proceso de conformación de esta Asamblea?

“Desde la campaña fue muy complicada. La constitución se formó por 100 diputados constituyentes y por primera vez fue congreso paritario, mitad hombres y mitad mujeres, 49 hombres y 51 mujeres… en realidad 50 mujeres, porque hubo una silla vacía. Ella tenía que ser designada y nuestra bancada de Morena (el partido que conforma) estuvo en contra de la designación. Nosotros estábamos porque fueran elegidas, por lo que el que debía ser designado quedó como silla vacía. La forma en que se estructuró la Asamblea fue muy injusta y antidemocrática. Quedamos solamente 22 diputados del Partido Morena en ese momento y los otros eran designados: 12 por el presidente,  14 por el Jefe de la ciudad de la Ciudad de México, 14 por el Congreso Federal y 14 por el Senado. Tuvimos la mayoría de los votos, sin embargo, tuvimos 22 de 100 constituyentes. Ese fue el primer gran reto. Y como era una Constitución, necesitábamos 2/3 de votos para cada artículo, es decir, mayoría calificada”.

“Esto significaba que necesariamente el trabajo tenía que ser de negociación de cada uno de los artículos con las otras fracciones parlamentarias, con el PAN (el partido de la derecha), con el PRI (el partido oficial, que estaba hace dos años), el PRD y el Movimiento Ciudadano. Y además había un buen número de diputados ciudadanos sin filiación partidista. Así llegamos a integrar la Asamblea. Fue muy difícil, pero muy interesante. Yo pienso que fue un verdadero ejercicio de diálogo parlamentario por esa Constitución tan plural. Creo que en esto tuvo que ver que la mitad éramos mujeres”.

¿Cómo fue tu campaña para ser constituyente?

“Nosotras hicimos campaña con nuestros propios recursos, porque no había dinero para campaña, sólo había dinero para elegir diputadas y diputados (en el partido). Entonces hicimos un video, con nuestros propios recursos, haciendo alusión a nuestra Constitución. México tiene dos constituciones que fueron aportaciones al mundo: la de 1857, en pleno siglo XIX, imagínate que se metió ahí un Estado Laico, y luego la de 1917, que es la primera constitución del mundo que reconoce los derechos sociales y económicos, o sea, que coloca a la educación y a la salud como derechos humanos, por ejemplo. De hecho, la Declaración Universal de 1948 retoma de la Constitución Mexicana del ‘17 los derechos sociales y económicos, por ejemplo, el derecho al trabajo”. 

“Entonces nuestra campaña era así: ‘Grandes hombres hicieron la Constitución de 1857 y 1917. Grandes mujeres construirán la Constitución del 2017’. Porque en las dos anteriores eran todos hombres y esta sería la primera en que íbamos a ser la mitad mujeres”.

¿La paridad en la constituyente existía por una regulación? 

“Hubo una propuesta del Congreso Federal sobre cómo hacer la Constitución de la Ciudad de México. Iba a ser la primera, eso hay que entenderlo, iba a ser la primera vez que teníamos una constitución local, y la propuesta ya venía con paridad de género. Se propuso que fueran 100 constituyentes y que los designara el Senado, pero nosotros no estábamos de acuerdo en que no fueran elegidos democráticamente”.

La agenda feminista en la Constitución

Desde  la perspectiva social ¿qué aportes trajo el movimiento feminista para impulsar la discusión? y ¿cuales fueron las articulaciones con el movimiento feminista fuera de la constituyente?

“Obviamente, yo no era la única feminista que iba. Había importantes feministas como diputadas constituyentes. Yo recalcaría la presencia de Clara Brugada, que por cierto estuvo y está hoy en un diálogo presentando en un grupo regional de América Latina su aportación. Ella fue de las más importantes feministas y fue la Secretaria del Congreso. El presidente de la Asamblea Constituyente fue mi actual jefe: Alejandro Encinas, hoy es el Subsecretario de Derechos Humanos, Población y Migración, y la secretaria era Bregada, de nuestra fracción, quien hoy es alcaldesa de la más grande alcaldía de la Ciudad de México, que se llama Istapalapa. Yo te podría decir que ella es la que está aplicando esta Constitución ahora como alcaldesa en ese municipio, que es el más grande de América Latina. Ella es una de las más brillantes”. 

“También estuvo una académica muy conocida en México y en el mundo, por lo menos en América Latina: Marcela Lagarte, quien también fue diputada constituyente coordinando la mesa de DD.HH. Teníamos ministras muy fuertes, como la actual Secretaria de Gobernación Olga Sánchez Cordero, ex Ministra de la Suprema Corte de Justicia, quien fue también diputada constituyente. Ellas son las principales feministas que estuvieron ahí, hubo más. Ya desde la campaña nos empezaron a invitar las organizaciones feministas. Había unas que se llamaban “Las constituyentes”, era un grupo muy plural que organizaron solo para influir en la Constitución de la Ciudad de México. Me gustaba que habían muchas de sectores populares, por supuesto indígenas de sectores populares y académicas, era un poco de todo. Y ellas nos reunieron varias veces a las candidatas, y de hecho fue clave porque varias iniciativas que yo empujé venían de ese grupo”.

¿Cómo cuáles iniciativas?

“La académica experta en temas de cuidado, por ejemplo, trabajó en todas las iniciativas que llegamos a lograr en el artículo 9 de Derecho al Cuidado. Yo creo que es la única constitución de este país que tiene el derecho al cuidado. En este sentido, estoy hace un año trabajando como Secretaria de las Mujeres de la Ciudad de México y te puedo decir que la alcaldesa Clara Brugada ya está instrumentando un sistema de cuidados en Istapalapa, que, además de ser la más grande, tiene indicadores muy altos de marginación y de pobreza. Ahí ella está instalando ya un sistema de cuidados. Ese para mí es uno de los temas más emergentes en nuestra agenda feminista”. 

“Además del anterior artículo, fue también importante incluir en el artículo 8: “Se procurará la ampliación paulatina de las jornadas escolares hasta un máximo de 8 horas”. Las escuelas públicas preescolares en México tienen una jornada desde las 9:00 a las 12:00 de la mañana; y las primarias, de 9:00 a 1:30. Yo digo: ‘¿qué mujer puede tener un trabajo a tiempo completo si a las 9:00 deja al niño al preescolar y a las 12:00 tiene que ir a recogerlo?’. De esto ya hay una experiencia previa de unas 2000 escuelas en este país, que se llaman las Escuelas de Tiempo Completo, pero son pocas, porque implica darles de comer a los niños y niñas, es un tema de presupuesto. Para mí era muy importante dejar en esta Constitución que se va a intentar ampliar hasta un máximo de ocho horas la jornada y que complementen educación artística, deportiva, educación sexual, cultura, salud…. entonces eso quedó también vinculado en el derecho al cuidado”. 

Gabriela detalla los avances que fueron alcanzando, como el derecho al tiempo libre (“toda persona tiene derecho a tener tiempo libre para la convivencia, el esparcimiento, el cuidado personal, el descanso, el disfrute del ocio y a una duración razonable de sus jornadas laborales”) y los derechos sexuales y reproductivos (“derecho a decidir sobre la manera de ejercer la sexualidad libre, responsable, informada, sin discriminación con respeto a las preferencias sexuales, orientación sexual e identidad”), el derecho al aborto, a la protección de la mujer, a la reproducción asistida y a la maternidad voluntaria. “El hecho de que diga ‘derechos sexuales’. Esos son avances que dio esta Constitución en temas de derechos reproductivos son importantes. Yo espero que en Chile sí los van a agregar, porque los tomamos textuales del Consenso de Montevideo de 2013, que por cierto, Chile también firmó”, dice Gabriela.

Por cierto, en la Constitución, en su artículo 4, se establece que es transversal la perspectiva de género en toda la Constitución, y también la inclusión, la no discriminación, el interés superior de la niñez, la interculturalidad, la perspectiva etaria (o sea jóvenes, niños, niñas, jóvenes adultos y mayores) y también la sustentabilidad. Pero ahí está. Es importante que quede como una transversal la igualdad de género. Se enojaban mucho en la Asamblea porque, en cada artículo, así fuera de propiedad, de planeación urbana, metíamos igualdad de género… porque hay que meterlo”.

Desencuentros y estrategias para encontrarse entre mujeres

¿Qué dificultades encontraron en el camino para lograr este tipo de derechos?

“Las dificultades, todas. Yo te puedo decir que desde el primer día estuvieron. Por ejemplo, la fracción parlamentaria del PAN colocó el derecho a la vida en la Constitución. ¿Quién está en contra al derecho a la vida? Nadie quiere que se mate a las personas. Pero, ellos querían colocarlo para echar atrás un código penal en la Ciudad de México, que existe y que autoriza la interrupción legal del embarazo por decisión de la mujer. Para nosotros era obvio que al introducir el derecho a la vida íbamos atrás con el derecho al aborto. Te puedo decir que se subió 10 veces a tribuna el derecho a la vida y teníamos afuera del recinto -en una casa preciosa, la Casa de Jicotenca, en pleno centro-  durante cuatro meses, a los militantes pro vida gritando: “no al aborto, sí a la vida”. Todos los días allí estuvieron”.

“En este sentido, no nos metimos a hacer argumentación ética filosófica, porque nosotros queríamos ser efectivas y no permitir que entrara el artículo. Yo te puedo decir que lo más importante en la argumentación fue señalar que no podían enviar a la cárcel a las mujeres por decidir si tener o tener hijos. Y eso fue constantemente. Una semana antes de cerrar la Constitución cambiaron a un diputado del Partido Verde Ecologista de México (que es como las tres mentiras, porque ni es verde, ni es ecologista, ni es partido) y pusieron a quien fue abogado del obispo de la Ciudad de México para que fuera a defender el derecho a la vida, porque no lograban mayoría de ¾”. 

“Nosotros decíamos: ‘¿quién de ustedes está de acuerdo con que se vaya a la cárcel una mujer?’, y dábamos el perfil: mujeres indígenas, las más pobres, ellas son las únicas que están en la cárcel. Se daban todos esos datos. En este debate, una de mis compañeras en Morena, la diputada Patricia Ortiz, se paró y le dijo a este señor, quien había defendido a un arzobispo que había sido cómplice de un pederasta: ‘Usted defiende la vida, pero usted también defendió a un cómplice de pederastia, defiende a la vida pero está a a favor del abuso sexual a los niños’. Bueno, nunca más volvió ese señor a pararse en la Constitución… lo hizo pedazos”. 

Gabriela Rodríguez relata que el día antes de cerrar la Constitución, un diputado constituyente del PAN, Santiago Creel, intentó meter en un artículo transitorio el derecho a la vida. En ese momento, a ella, dice, “le salió un grito del estómago”: “sobre mi cadáver”. La sala quedó en silencio y el diputado no siguió con su discurso. Hasta la fecha a Gabriela la recuerdan por esa frase, que impidió la ofensiva final para incluir el derecho a la vida en la Constitución de la Ciudad de México. 

¿Cómo fue la articulación política con las mujeres de derecha?

“No fue fácil, pero yo les doy esa argumentación: no se metan a la ética, a la religión. A mí llegaron compañeras del Partido Acción Nacional (PAN), que son cristianas de derecha, y una se me acercó y me dijo: ‘yo no estoy a favor del aborto, pero eso que dices de que las metan a la cárcel, no me gusta’. Le respondí: ‘pues convence a tu bancada, mi reina. Si tú pones el derecho a la vida, se van a ir a la cárcel. Es lo único que te puedo decir, olvídate de tus argumentos’. ‘No, es que mi bancada lo tiene como principio’, me respondió. Entonces, esa es una recomendación que le doy a ustedes: no es necesario meterse en una argumentación ética filosófica de la vida, si no  argumentar sobre a quién le parece justo que una mujer que no está en condiciones de ser madre, que asume esa gran responsabilidad de interrumpir un embarazo y no traer un ser humano no deseado porque no tendrá condiciones de vida, que la metan a la cárcel”.

“Había muchas mujeres y hombres de posiciones muy, muy conservadoras. Y no solo del PAN, en el PRI también, es más, sólo había dos mujeres del PRI que no eran de la agenda pro vida. Con ellas tuve muy buena relación. Teníamos aliadas en el PRD, el Movimiento Ciudadano y muchos hombres a favor de la interrupción del embarazo. Toda mi fracción, los 22, todos eran progresistas. Teníamos muchos hombres y mujeres a favor de la agenda feminista”.

“Pero sí, obviamente, teníamos que negociar. Por cierto, hubiese sido mucho más avanzada esta Constitución si no hubiésemos sido una minoría. Por ejemplo, para que no fuera el derecho a la vida las reaccionarias dijeron: ‘ok, si ustedes quitan derecho a decidir sobre su cuerpo, nosotros desistimos de defender el derecho a la vida’. Y, entonces, cambiamos lo del derecho sobre su cuerpo por el termino ‘maternidad voluntaria’. Esa fue la negociación. Y no fue posible poner la palabra ‘aborto’, ni la interrupción de embarazo. Eso ni planteártelo. El otro derecho que incluimos es el derecho al desarrollo de la personalidad, que es un hecho importantísimo, es un derecho emergente y uno de los más avanzados del mundo”.

¿Cómo evalúa la influencia del trabajo de las mujeres en esta Constitución?

“Yo todavía no me la creo que logramos una Constitución tan avanzada. Y eso, pienso, tuvo que ver con que había mujeres en todos los grupos, en todas las comisiones. Estaban en la Comisión Derechos Humanos, en la Comisión Ciudad… más allá de que no todas estaban a favor del aborto, pero sí estaban de acuerdo en todo lo demás: salarios iguales, derecho al trabajo, salarios de las trabajadoras del hogar. Eso fue muy importante, porque hoy ya tienen seguro social las trabajadoras del hogar. Por ejemplo, todas las mujeres, hasta las más conservadoras, votaron por derecho al cuidado, derecho al cuidado tuvo unanimidad”. 

“Fue muy importante la alianza con las mujeres de todos las fracciones. Desde luego, teníamos políticas de mucha altura, como Clara Brugada, Berta Lujan, las ex ministras de la Suprema Corte. Ellas tienen una tremenda capacidad política, las escuchaban y respetaban todas las fracciones, porque tienen una trayectoria muy valiosa”. 

“Hay muchas cosas muy interesantes. Teníamos hartos diputados identificados como LGBTI y, aunque ya teníamos el matrimonio igualitario, se agregó el derecho de la población LGBTI a unirse bajo figura de matrimonio civil, concubinato o cualquier otra forma de unión civil. En este sentido, por primera vez en México está bajando la tasa de matrimonios y subiendo la de unión libre”. 

“Estamos tranquilas, porque no es un solo articulo el que defiende a las mujeres: tienes derechos reproductivos, derecho al desarrollo libre de la personalidad, derecho a una maternidad voluntaria. Es un conjunto de derechos, entonces, es importante que sean muchos derechos… son cuatro o cinco son sistemas, no es solo un artículo”. 

Desafíos de una constituyente feminista en una sociedad patriarcal

¿Cómo fue ser constituyente en un mundo que está dominado por hombres y que reproduce prácticas patriarcales en todas sus formas? En este camino de ser una mujer política, ¿qué obstáculos encontraste y cómo los superaste? 

“El machismo circulaba todo el tiempo en los pasillos. Era difícil hasta para que te dejaran subir a tribuna, porque le daban más entrada a los hombres de subir a tribuna. Las anécdotas en este sentido son muy grandes”. 

“La tercera semana veo a las edecanes, unas chicas muy guapas, con un estoque hasta el ombligo -estoy exagerando- y con la mini falda o los pantalones pegados, y nos llevaban y nos traían el café a los constituyentes. A mí se me ocurre levantar mi manita y decirle al presidente que me parecía que era inadecuado que a las edecanes les exigieran venir escotadas y con mini falda o con pantalones apretados. Bueno, todos se quedaron así como: ‘¿esta señora qué trae?’. En el receso me buscan dos edecanes y me dicen: ‘oiga, eso es lo de menos, nuestro jefe es un acosador sexual. No sabes las cosas eróticas que nos obliga a hacer’. Él no las había tocado, pero las traía acosadas. Se trataba del jefe administrativo del Senado”, relata Gabriela. Ella lo comentó con las abogadas de su fracción y un abogado de mucha experiencia le dijo que si no hay tocamientos es muy difícil ganar una denuncia. La estrategia fue seguir diciéndolo en la tribuna de la Asamblea y en los medios de comunicación. 

“Luego de una semana de vacaciones en el Congreso, ellas me dicen que las van a correr porque su jefe se había enterado de que me habían contado que eran víctimas de acoso sexual. Cuando supe eso, me paré en tribuna y les dije: ‘compañeras, compañeros, les quiero decir que hoy quizá sea el ultimo día en que están las compañeras edecanes, porque están amenazadas de que les van a quitar el empleo por denunciar acoso sexual de su jefe’. Yo pedí ayuda a varias senadoras para que hablaran en el Senado de esta cuestión. Para no hacerte el cuento largo, a las compañeras les cambiaron el jefe, las becaron para que ya no fueran edecanes, les dieron acceso a capacitación, las cambiaron de empleo dentro del Senado y cada año me invitan a comer porque les fue re bien. Hoy, hasta la fecha, ya no existen edecanes, ni en el Congreso ni en el Senado, como efecto de esa lucha que dimos”. 

Estrategias para instalar la agenda y la articulación con la sociedad civil

¿Cómo hiciste para mantenerte vinculada a los debates que estaba teniendo la opinión pública, sus demandas, sus intereses?

“Algo muy importante: había parlamento abierto. Sábados y domingos había reuniones con organizaciones civiles y ciudadanía, era abierto totalmente, así que, según los temas, nos sentábamos a discutir con la ciudadanía permanentemente. Nos tardamos casi dos o tres semanas en hacer el reglamento donde se propuso parlamento abierto. Entonces, había espacios especiales que nos solicitaban las organizaciones civiles afuera del recinto. No te puedes imaginar…. lo más fuerte, desde luego, fue el movimiento pro vida y el movimiento de la defensa de los animales. De hecho quedó en la Constitución el derecho de los seres sintientes. Ganaron ¡y qué bueno! El ruido era total, constante, la movilización era todo el tiempo, adentro y afuera. Nos llegaban, por supuesto, de todas las posiciones y había que tomarlas en cuenta. A veces te ayudaban, pues te llevaban iniciativas muy buenas todo el tiempo, aparte de las iniciativas que hacían los diputados. Tú no sabes la cantidad de iniciativas que había que revisar. Una vez, una iniciativa ciudadana presentó toda una constitución completa, una constitución hecha.  Así era”. 

“También hubo consulta a pueblos indígenas, porque es una obligación. Se realizó una consulta a pueblos indígenas durante el proceso, una consulta directa. Tú ves a la Ciudad de México muy metropolitana, muy urbana, pero tenemos una zona rural fuertísima, tenemos pueblos originarios, también en la zona urbana”.

Existieron también constituyentes indígenas ¿cómo fue su aporte?

“Muy importante, muy importante. Yo estaba muy cerca de ese comité y nos enterábamos de lo que estaba pasando ahí.  Había muchos temas de territorio, de tierras, planeación urbana, temas que no eran mi especialidad. Había un compañero que era subsecretario, él hablaba en Náhuatl, se subió a tribuna a hablar en Náhuatl y después seguía en español. Muy importante el trabajo de ese compañero”. 

La realización de la Constitución en la política

El camino no terminó con la aprobación de la nueva Constitución. Gabriela Rodríguez relata que la Constitución fue impugnada por la comisión de DD HH. y la Procuraduría General ante la Suprema Corte de Justicia argumentando que esa Constitución no estaba acorde a la Constitución Federal, que, desde luego, va más allá. Entonces se intentó eliminar todo el capítulo de Derechos Humanos. 

“Estuvo a punto de tirarse a la basura. Pero la Suprema Corte de Justicia defendió la Constitución y dijo que no contradecía la Constitución Federal. Habían artículos que iban más allá, pero que no la contradecía. Por eso la visión jurídica es muy importante, claro”.

Luego, ¿cómo lo trabajado ha impactado efectivamente para que se produzcan esas vidas más justas? ¿Existe algún aprendizaje luego de ver cómo han implementado?

“Es demasiado pronto para decirlo. Sí te quiero decir que, aunque era un gobierno de izquierda el que existía en la Ciudad de México, el último jefe de gobierno, el doctor Miguel Ángel Mancera, pues no empujó tanto esto. Son dos años y medio desde que ingresó una mujer por primera vez como Jefa de Gobierno elegida, la doctora Claudia Sheinbaum, o sea, tiene dos años ejerciendo esta Nueva Constitución. Es poco tiempo, sobre todo considerando que el último año fue COVID19. Pero ella jala (atrae, en México) tantísimo, jala recursos, energías”.

Consejos para las constituyentes chilenas

Para finalizar, ¿qué recomendación le harías a las mujeres que integrarán el proceso constituyente en Chile?

“Que hay que subir a tribuna todos los temas, todo el tiempo. No solamente los de las leyes, sino también todo lo que esté ocurriendo. Como lo de las edecanes, por ejemplo, o lo de los cuidados. En una oportunidad yo les dije: ‘¿quién les está cuidando a sus hijitos chiquitos? ¿quién está cuidando ahorita a sus hijos, a sus bebés, a sus nietos? ¿quién está cuidando a la persona más anciana de su casa? Les aseguro que es una mujer’. Tomar esas cosas cotidianas y llevarlas al recinto, yo siento que fueron útiles”.

“Creo que, además de toda la argumentación teórica y práctica que obviamente tenemos las feministas, hay que escuchar en los pasillos. En los pasillos -dice (Emil) Cioran- ocurren las grandes decisiones. Teníamos una periodista, por ejemplo, muy capacitada, que tenía un hijo con Síndrome de Down, y la agenda de discapacidad avanzó bastante porque ella se encargaba de que estuviera en todas partes. Si digo: ‘a estas compañeras las están acosando, o ¿a ustedes quienes le están cuidando a sus hijos?’, es porque sabemos que ahí se está viviendo el machismo, la discriminación y desigualdad. Hay que llegar por lo racional y también por lo emocional”.

Reflexiones feministas sobre procesos constituyentes latinoamericanos: Betty Tola- Ecuador

Conversación con Betty Tola, feminista ecuatoriana que participó en la redacción de la Constitución de su país.

“Cuando me preguntan a mí qué es la constituyente o cómo declaro la Constitución, yo digo que es la síntesis de esas luchas de décadas atrás, de 30 años, y la proyección de un sueño común de país”, declara Betty Tola, política ecuatoriana, ex ministra y miembro de la Asamblea Constituyente de Ecuador de 2007 y 2008, quien conversó con Im.pulsa a semanas de que su país comience un nuevo período de gobierno de la mano de Guillermo Lazzo, ex banquero y empresario conservador, electo presidente de Ecuador tras su tercer intento en los comicios.

En esta entrevista, Betty Tola aborda distintos aspectos del proceso, que hemos organizado bajo subtítulos para que puedas revisar la temática que te interesa:

  1. El camino personal y colectivo a la constituyente.
  2. La agenda feminista en la constitución.
  3. Desencuentros y estrategias para encontrarse entre mujeres.
  4. Estrategias para instalar la agenda y la articulación con la sociedad civil.
  5. La realización de la Constitución en la Política.
  6. Desafíos de una constituyente feminista en una sociedad patriarcal.
  7. Consejos para las constituyentes chilenas

El camino personal y colectivo hacia la constituyente

¿Cuál fue tu trayectoria para llegar a ser parte de la Asamblea Constituyente de tu país por el movimiento Alianza PAÍS?

“Yo vengo de militancia de izquierda. Desde los 19 o 20 años me empecé a vincular a procesos políticos de la izquierda, no a la militancia partidaria electoral, sino a la que trabajaba con procesos organizativos. Estuve muy vinculada a procesos organizativos sindicales, de hecho, como digo siempre, mi primera tarea política fue acompañar y ser parte del equipo de la escuela sindical de una de las importantes organizaciones sindicales nacionales, en mi ciudad. Luego me dediqué muchísimo a fortalecer las dinámicas campesino-indígenas de Azuay. Entonces, trabajé un montón con compañeras y compañeros del movimiento campesino”.

El año 1995 nace el Movimiento de Unidad Plurinacional Pachakutik, que participó por primera vez de un proceso electoral durante las elecciones presidenciales y parlamentarias de 1996. Junto a muchos de sus compañeros del movimiento campesino, Betty Tola se sumó a Pachakutik, fue coordinadora de este en su región y en dos períodos (1997 y 1999) fue electa como integrante del Comité Ejecutivo Nacional del movimiento Pachakutik. “Esa fue una experiencia sumamente enriquecedora e importante desde distintas perspectivas”, recuerda, “desde la perspectiva política, por ejemplo, en el sentido de recuperar la consulta, el debate, el procesamiento de las diferencias, que es propio del movimiento indígena y que a veces en la izquierda más tradicional es menos posible. Otro campo interesante fue que confluyeron la fuerza del movimiento indígena, que en ese periodo ha sido el emergente en términos sociales, el movimiento campesino, dinámicas de mujeres, ambientalistas, es decir, Pachakutik permitió una convergencia de estos procesos”. 

En ese proceso, las mujeres se reencontraron y comenzaron a trabajar tres temas internos para la organización con miras a la elección de 1999: reformaron el reglamento para garantizar la representación de mujeres en el Comité Ejecutivo y en la Dirección Nacional; incorporaron demandas de las mujeres a la propuesta programática de Pachakutik y elementos del feminismo en su base ideológica; y establecieron un espacio de articulación de mujeres, que les permitió trabajar la reglamentación, el aporte programático, y la formación entre compañeras que estaban en los espacios directivos o que ya eran electas autoridades. “Fue muy interesante pensar cómo nosotras logramos tener presencia, una fuerza al interior del movimiento, porque varias de las compañeras tenían una trayectoria fuerte en el movimiento indigena, había dirigentas indígenas de primera línea y también compañeras de primera línea que venían del movimiento de mujeres. Fue muy enriquecedor y creo que pudimos hacer un aporte significativo”, analiza Betty Tola.

¿Cómo fue su participación política en el Movimiento de Unidad Plurinacional Pachakutik?

“Cuando Pachakutik ganó las elecciones en alianza con Gutiérrez, decidimos que el compañero que en ese momento era el coordinador nacional y yo sostendríamos el movimiento y articularíamos el trabajo a nivel nacional, tanto de funcionarios y funcionarias del Estado, como de la propia estructura del movimiento. Ese fue un tiempo complejo, difícil también en términos personales porque mis hijos eran pequeños y yo prácticamente tenía que estar en Quito. Fue complejo, pero bueno, ahí salimos. Finalmente logramos con las redes familiares, con la familia, con la pareja, superar mi ausencia, que ya no era solo de dos días, sino que fue una permanencia fuera”. 

En agosto de 2003, a seis meses de iniciado el gobierno, Pachakutik rompió la alianza con el presidente Lucio Gutiérrez. Luego de eso, por múltiples razones, varios militantes del movimiento se retiraron, Betty Tola entre ellos. Entonces, en 2004, algunas mujeres (entre ellas, ex militantes de Pachakutik) comenzaron a trabajar en una articulación de mujeres, relata Betty: “Empezamos a trabajar juntando dinámicas, pensamientos, ilusiones, y así nos encontró el 2006, en ese tejer de a poco, cuando gana el ex Presidente Correa la primera vuelta” .

Según su experiencia, ¿cuáles son los hitos que marcan el proceso previo a la asamblea Constituyente ecuatoriana?

“Quizás un antecedente importante respecto de la Constituyente es el levantamiento indígena del ‘90. En ese momento hay cuatro demandas que resuenan en el país: el Estado plurinacional, ‘Ni una hacienda más’ (en exigencia del fin de las haciendas que mantenían precarizada la fuerza de trabajo indígena), una nueva democracia y una asamblea constituyente. El movimiento indígena coloca ese tema con fuerza y desde entonces estuvo latente. Cuando gana el ex Presidente Correa (en 2007) una de sus premisas fue ‘asamblea constituyente’. Ya desde que él gana la primera vuelta, nosotras decidimos articular a nivel nacional el ‘Movimiento de mujeres por la vida’, que tenía como antecedente un espacio llamado ‘Mujeres luchando por la vida’, en el que habían militado varias mujeres, yo no. Decidimos darnos la vuelta a la República, proponiendo y debatiendo con las mujeres. Fue un proceso espectacularmente lindo, porque nos fuimos de provincia en provincia conversando con las compañeras sobre qué cosas deberíamos llevar las mujeres a la Constituyente, fue muy chévere, recogimos propuestas en todos los campos, en todos”, dice Betty. Mientras conversa, tras su espalda se ve un cartel que reza “Por justicia, soberanía y equidad, vamos a la Constituyente”, un recuerdo de esos tiempos de construcción constitucional colectiva.

Rafael Correa asumió la Presidencia de Ecuador el 15 de enero de 2007 y al día siguiente convocó a una consulta popular para el 18 de marzo, con el fin de que el pueblo decidiera si deseaba una Asamblea Constituyente con “plenos poderes” para redactar una nueva Carta Magna. Diez días antes de la consulta, las mujeres del movimiento realizaron una gran reunión nacional para compartir las propuestas que habían recopilado en las provincias y construir una síntesis que les permitiera llevar sus contenidos a la futura instancia constituyente; en ella decidieron llevar una voz a la asamblea en articulación con otros sectores de la izquierda, progresistas, y plantearon que esa voz debía ser la de Betty Tola. El 30 de septiembre de 2007 fue electa asambleísta constituyente por el movimiento PAIS, que encabezaba una amplia coalición. 

La agenda feminista en la Constitución

El 7 y 8 de junio de 2007, cinco meses antes de la primera sesión de la Asamblea Constituyente e incluso antes de que se eligieran sus representantes, se organizó la “Pre-Constituyente de Mujeres del Ecuador”, un encuentro que reunió a alrededor de 300 delegadas de una amplia gama de organizaciones en Riobamba, el mismo lugar que en 1830 vio nacer la primera Constitución de la República de Ecuador, para elaborar un mandato de las mujeres que pudiera impulsarse al interior de la Asamblea Constituyente.

¿Cómo se prepararon las mujeres para llegar a la Constituyente con propuestas?

“La Pre-Constituyente es un punto clave para lo que pasó luego en Montecristi (sede de la Asamblea Constituyente) para las mujeres. Fue muy simbólico que las diversas organizaciones de mujeres del país nos encontremos en Riobamba, el corazón de la patria, donde se redactó la primera Constitución ecuatoriana. Fueron dos días de trabajo intenso. Yo siempre digo que nuestra fuerza recayó en que no llevábamos ‘lo que yo pienso’, sino que un proceso trabajado antes. Ahí logramos acordar nuestras demandas particulares, pensamos el sistema democrático, el régimen económico, pensamos el sistema de descentralización y de organización territorial del país. Y también logramos organizarnos para estar en Montecristi, una vez que se instale la Asamblea”. 

“Tengo que relevar el papel fundamental del organismo de género, el Consejo Nacional de las Mujeres (CONAMU), que propició este encuentro y luego durante Montecristi aseguró las condiciones materiales para que, por turnos, las organizaciones estemos ahí todo el tiempo: el movimiento de mujeres de este país estuvo los 8 meses de la asamblea acompañando. El CONAMU nos apoyó para publicar las propuestas, entonces en todas las mesas constituyentes nos tenían a las organizaciones de mujeres diciendo casi exactamente lo mismo, claro, a veces cada una con sus énfasis”. 

“Y una vez instalado Montecristi fue una campaña linda, porque había mucho que decir, mucho que proponer a partir de las cosas que habíamos trabajado. La dinámica que vivió Montecristi fue súper fundamental: fue una asamblea viva todos los días, desde las 7 de la mañana hasta las 11 de la noche, o sea, todo el tiempo había miles de personas con sus propuestas. Lo importante de Montecristi fue haber impactado con una expectativa popular, social, ciudadana, de modo tal que el Ecuador entero estuvo en Montecristi. Entonces, un día tenías a los jóvenes, otro día a las mujeres, otro día a los trabajadores, otro día a las juntas de agua, otro día a las cooperativas de ahorro y crédito, o sea, personalmente, para mí ha sido la más importante experiencia política personal por su riqueza, por la capacidad de interlocución con  la gente… esa ha sido mi experiencia más importante”. 

¿Cómo fue este proceso político para las mujeres y cuáles fueron sus mayores avances?

“Para las mujeres creo que fue interesante poder incidir en varios ámbitos. En materia de derechos, logramos que el catálogo de derechos que en la Constitución del 97 ya era amplio, se ratificó y se ampliaron aspectos. En el caso de las mujeres, lo que tiene que ver con el derecho a la seguridad social universal y el derecho a la seguridad para las mujeres que hacen trabajo doméstico en la casa. Ese fue un punto importante. Luego estaban los derechos a la educación, el derecho a la vida sin violencia, los derechos sexuales y reproductivos redactados de manera separada, como tiene que ser. Ese también fue otro tema que recuerdo que lo colocamos y lo planteamos. También se incorporó el tema de la paridad en la representación política, tanto en ámbito de elección como en ámbitos de designación”.  

“El otro campo que fue súper interesante de incorporar (ya había una parte de esto en la del ‘97) fue el artículo que reconoce la labor de cuidado como labor productiva, al cual se añadieron tres cosas: la responsabilidad del Estado de garantizar normas laborales acordes a las tareas de cuidado, generar infraestructura y servicios para estas tareas; la redistribución al interior del hogar de las tareas y las responsabilidades domésticas; y la ratificación de la seguridad social”.

“También logramos incorporar ahí, en confluencia con otros sectores, la definición del sistema económico como social y solidario, a diferencia del estado social de mercado, que era el régimen que estaba vigente en la Constitución anterior. Creo que en este campo, desde nuestra perspectiva de mujeres, hay un desarrollo importante en el reconocimiento de las distintas formas de trabajo, porque ahí se reconoce el trabajo que sustenta el cuidado de las personas y el acceso a recursos para la producción, para mujeres”.

“Un punto que fue muy crítico, nos costó lágrimas locas y todo, fue el tema del derecho a la decisión sobre los cuerpos. Si bien logramos que se ratifique el carácter laico del Estado, que en el artículo 3 diga que la gestión pública tiene que incorporar una ética laica, cuando llegamos a los derechos de los niños perdimos la discusión sobre el derecho a la vida desde la concepción, porque nosotras habíamos planteado el derecho a la vida digna, a la dignidad de las personas y la dignidad humana. Esa es una batalla que perdimos”. 

Estrategias para instalar la agenda y la articulación con la sociedad civil

¿Cuál fue la estrategia que utilizaron como constituyentes de Alianza PAÍS para superar los desafíos del proceso y avanzar en materia de derechos?

“En este sentido, es súper importante tener un equipo y un acuerdo colectivo para seguir cada detalle. Nosotros logramos tener un equipo de varias compañeras y compañeros para seguir cada debate en cada mesa constituyente; si no haces eso, hay cosas que se van a pasar porque, como todo espacio colectivo y político, la Asamblea es un espacio de disputas. Nosotros teníamos a veces una compañera asambleísta que estaba por el derecho a decidir y otra que decía que jamás, siendo de la misma bancada. Había mucha presión en Montecristi sobre ese tema… de las iglesias, de la derecha. Pese a que no íbamos a poner el derecho a decidir, se trataba de no poner el derecho a la vida desde la concepción. Esa era la discusión, no era el derecho a decidir, para nada, ni siquiera había condiciones de decirlo. Eso creo que se logró, como te decía, es súper importante lograr tener unos acuerdos de mayoría para incidir”. 

¿Y cómo fue la articulación entre mujeres?

“Creo que las que estábamos adentro, un buen número, sí veníamos de una militancia política, o militancia directa con los movimientos de mujeres y con demandas desde el feminismo. Sí teníamos ahí un número importante de compañeros y compañeras con los cuales acordar estas temáticas, discutir estas estrategias, qué más podíamos hacer, ver cuál eran las mejores redacciones. Este procesamiento fue súper importante al interior. Logramos compartir equipos de asesores, es decir, éramos como unos 10 o 12 con equipos comunes que trabajaban juntos, de tal manera que podíamos tener la capacidad de revisar todos los artículos que se producían en todas las mesas. Porque si uno se queda solo en esto puede perder la capacidad de incidir en el conjunto, y las  peleas que tenemos son del conjunto. Nosotros éramos de los que entrabamos a las 7 y salíamos a las 11 de la noche, vivíamos ahí en esas carpas. Entonces, claro, requiere de eso, de esa concentración, esa revisión a profundidad”. 

“Y lo segundo es el vínculo con la movilización social, porque además de retroalimentar tu trabajo, le va dando legitimidad al proceso. La consulta popular aprobó una asamblea de plenos poderes, por tanto, se diluyó el Congreso Nacional al momento en que nosotros nos instalamos, el poder legislativo éramos nosotros: constituyente y a la vez legislativo. Entonces, al ser así, nosotros tuvimos poder para emitir ‘mandatos constituyentes’. Al mes de instalados, emitimos uno de los primeros mandatos constituyentes, el que eliminó la tercerización laboral. Entonces la gente viene, debate contigo y estás dando respuestas concretas a las demandas, no hay que esperar a que se apruebe la Constitución, sino en ese momento tú emites un decreto que resuelve un problema. Creo que así vas ganando legitimidad”.  

¿Cómo explicarías el trabajo que hizo la Asamblea Constituyente en tu país, entendiendo también el escenario político que vivían en ese momento?

“Cuando me preguntan qué es la Constituyente o cómo declaro la Constitución, yo digo que es la síntesis de las luchas de décadas atrás, de 30 años, y la proyección de un sueño común de país, porque es eso… es cómo eres capaz de recoger y sintonizar con eso. No es que tú eres la persona brillante y que te salen las ideas. No. Eso sería desconocer lo vital de la sociedad que está detrás de esos procesos, que está liderando cosas. Entonces me parece que una precaución que hay que tener es cómo garantizar que esa expectativa de la gente sobre la Constitución no se diluya a los dos años”. 

“Yo creo también que hay que entender lo de la Constituyente en el contexto de expectativa que generó la presencia del gobierno del ex Presidente Correa. Ecuador venía de una década de inestabilidad brutal: nosotros tuvimos entre el ‘96 y 2005, creo, 10 presidentes. Ninguno había terminado su periodo. El Ecuador venía de un desgaste sumamente fuerte en la parte de credibilidad política, venía de una situación de deterioro profundo de las condiciones de vida, de un proceso también importante de resistencia al neoliberalismo, es decir, aquí no dejamos que se privatice la seguridad social, que se privaticen las empresas eléctricas, nos opusimos al TLC en las calles. Había una efervescencia también en ese sentido. Correa te dice: ‘vamos a hacer una revolución política, voy a convocar a una Constituyente y logra en su propuesta recoger mucho de lo que venían siendo las demandas del Ecuador”. 

“Entonces, la convocatoria a la Constituyente se constituye en una propuesta para repensar el país y todos esos sectores que venían demandando distintas cosas ven en esa propuesta y en la concreción de la Constituyente una posibilidad de incidir en esa construcción de su sueño del país. Por eso es que la gente llega a Montecristi. Se construyó un local, pero mientras se construía teníamos carpas para la comida y organizabamos los encuentros con el presidente de la Asamblea, con los de tal comisión, y así la Asamblea decidió ser una asamblea de puertas abiertas, esa es otra decisión institucional”. 

¿Cómo ocurre este diseño institucional de la Asamblea y cómo contribuye este en el desarrollo de la Constitución?

“Se diseñó que teníamos días definidos en los cuales la gente podía venir. Nosotros normalmente empezábamos a las 9:00 de la mañana, pero teníamos desayunos con la gente desde las 7:00 hrs. Adicionalmente, la Asamblea generó un conjunto de debates a nivel nacional. Entonces, cada mesa tenía debates en 7 provincias para que se pueda dar a conocer lo que estábamos haciendo. A mí se me ocurrió hacer el lunes de diálogo con la prensa en mi ciudad. Yo todos los lunes les contaba a los medios de comunicación qué estaba pasando, cuáles eran los temas centrales de discusión, por dónde estaban los nudos críticos, hacía una rendición de cuentas”. 

“Y me pasaron cosas tan chistosas, como un día que llegó un curso entero de la Facultad de Economía de una universidad a mi rendición de cuentas, al informe semanal de lo que pasaba. Fue cuando estábamos discutiendo la Ley de Equidad Tributaria. Ellos vinieron a escuchar lo que yo iba a plantear y a plantearme todas sus inquietudes. Esas cosas permitían ir conectando y es súper simbólico. A veces se ha creído que ser asambleístas es estar rodeado de asesores, rodeado de seguridad. No, somos gente común y corriente. Nuestra ropa, por ejemplo, era igualita que la de cualquier ciudadano o ciudadana. Y ahí yo creo que las mujeres sí podemos imbuir un cambio, porque no estamos acostumbradas, no hemos estado en los espacios de poder, entonces también podemos poner una impronta en la simbología, en la capacidad de hablar, la capacidad de recibir, la capacidad de re pensar las formas; el fondo, esencialmente, pero también las formas”. 

La realización de la Constitución en la Política

¿Cómo pensaron, desde la Asamblea Constituyente, el modelo de las instituciones públicas que garantizarían estos cambios? 

“Yo creo que la posibilidad de que esto que escribimos se pueda trasladar y hacer efectivo pasa por las decisiones políticas y por cuánto los que finalmente gobiernan, o las que finalmente gobiernan, están dispuestas a incluir esos cambios a favor de los derechos de las personas. Yo creo que en nuestro caso teníamos una articulación clara con lo que hacía el Ejecutivo. Y me parece que eso se pudo viabilizar: derecho a la salud, derecho a la educación, el impulso que se dio a todo lo que tiene que ver con políticas de cuidado, quizás no universales todavía, pero respecto de los niveles de precariedad que había en los servicios de desarrollo infantil, de cuidado infantil, tuvimos unos saltos gigantescos. En materia de reconocimiento y de potenciación de las cooperativas de ahorro y crédito, en materia de la redefinición de las relaciones con las empresas petroleras, en materia de política internacional, yo creo que ahí tuvimos muchas cosas positivas, porque además había una persona encargada de la coordinación entre el Ejecutivo y la Constituyente. Creo que, en ese sentido, el hecho de ser parte de una propuesta política permite que eso que estás escribiendo también pueda ser viabilizado desde el Ejecutivo. Me parece que ese es un tema de proyecto político y para mí es la posibilidad de continuidad, porque si vos escribes una linda Constitución y tienes un gobierno de derecha, obviamente, que es lo que nos ha pasado ahora, no pasa absolutamente nada, o más bien son retrocesos inconstitucionales. Esa es una primera parte de mi respuesta”. 

Después de pasar por la Asamblea Constituyente, Betty Tola fue MInistra de la Política y Ministra de Inclusión Económica y Social. Desde su experiencia en la gestión pública, cree que es fundamental apostar al diseño institucional del Estado: “La creación de SENPLADES como la entidad encargada de la planificación nacional para recuperar el carácter del Estado como garante de derechos, tal como dice el artículo primero de nuestra Constitución. De las mil instituciones que la lógica neoliberal te crea anexas a la Presidencia para que nadie sepa qué hacen, todas ellas se reorganizaron a donde corresponde y dejaron de depender de Presidencia. Se redefinió el carácter, por ejemplo, del Ministerio de Inclusión Económica y Social, que era de Bienestar Social y de carácter súper asistencialista, a uno que piense la inclusión social y económica, por poner un ejemplo. Y la otra cosa importante es que creó ministerios coordinadores. Lo sectorial, si bien es importante, en muchos campos tiene que tener articulaciones”. 

¿Cómo evalúa ese diseño institucional en la actualidad, cuando ha cambiado el gobierno? 

“El gobierno del ex Presidente Correa hizo una apuesta muy importante a la gestión institucional y viene este gobierno (del Presidente Lenin Moreno) y desbarata todo, ¡pero todo! Entonces, ¿cuál es mi lección? Mi lección viene por una falencia que ya habíamos analizado durante la gestión gubernamental y es: sí, enfocarse en lo institucional, lo estatal y lo público está bien, ¿pero qué pasa con la gente? ¿cuánto la gente se empodera, o no, de este proceso? La vitalidad constituyente no debió haberse muerto nunca, porque, al final, las personas en lo público estamos un momento y nos vamos, pero quién está siempre ahí es la sociedad. Y es la sociedad la que debería demandar, exigir todo el tiempo que esas cosas no vuelvan para atrás. Entonces, creo que si bien nos tiene que importar la institucionalidad, creo que lo más importante es resolver los temas de la gente y garantizar movilización, organización, apropiación. Eso me parece. Yo al menos lo dejo para repensar, porque tú dices: ¿cómo algo con tanta vitalidad, con tanta fuerza, se cae en tres años, en dos años? Nosotros nos encargamos en la primera fase post Asamblea Constituyente de aprobar un buen número de leyes en nuestro régimen de transición de la Constitución. Entonces tienes Constitución, tienen leyes, tienes institucionalidad, y resulta que ahora no sirve eso de nada. Por eso creo que ahí está la política, la centralidad de la política… la relación con la gente, la construcción del poder”.

Y desde los aprendizajes que tuvieron, ¿cómo piensas que podría la Constituyente ser una posibilidad de pensar instituciones que nos hagan transformar la política y vivirla de otra forma?

“Yo he reflexionado algo que hay que seguir profundizando: ¿qué pasa con la fuerza que sostiene Venezuela? Yo recuerdo que muy al inicio del proceso constituyente debatíamos respecto a la estrategia que tenía Chavez de trabajar las misiones, que eran de alguna manera paralelos a la institucionalidad. Entonces, nosotros decíamos: ‘no, hay que consolidar la institucionalidad’. Pero resulta que las misiones le permitieron llegar al corazón de la gente. Personalmente he hecho muchas reflexiones alrededor de eso, porque me parece que la gente pone esperanza y expectativa, que es la responsabilidad más grande que tienes cuando eres electo: cuando ves y miras los ojos de la gente y la gente está poniendo su esperanza entera. Porque creo que esa es la dimensión ética que hay que tener, es decir, estoy tomando una esperanza, no estoy tomando el voto, es la esperanza es la que está puesta. Entonces, esa es una responsabilidad gigante. Y es como la ética que uno tiene que asumir cuando estás en un espacio de representación”. 

“Esa esperanza se traduce en hechos concretos para la gente, porque nosotros estamos en el debate de la política, pero para la gente es su cotidianidad. Entonces, las misiones de Chávez respondían a esta demanda y otro ingrediente es que todo lo que era construcciones, por ejemplo de viviendas, se hizo con grupos. O sea, yo llego a esta comunidad y digo: ‘a ver cuántos maestros de obra hay, entonces ustedes son los que construyen’. Así generas empleo y empoderas. Entonces ahí hay un cambio significativamente importante de cómo haces la política pública. Hay que explorar esas cosas. La gente no está para estar participando todo el tiempo, no es esa la dinámica, pero si se logra convocar sus intereses específicos, ahí la cosa cambia. Me parece que hay que pensar diseños que no solo piensen en lo institucional, sino que apuesten a una dinamización y a un desarrollo de las capacidades críticas de la población, sin miedo. Porque a veces en la gestión pública te da temor de lo que la gente te pueda criticar… pero está bien que te critiquen. Verás que nuestra Constitución es extremadamente rica en temas de participación. De hecho, el artículo 1 dice que la soberanía radica en el pueblo a través de la representación y de la participación directa, pero ahí nosotros nos quedamos. Yo creo que ese es un déficit”. 

Desafíos de una constituyente feminista en una sociedad patriarcal

Reconociendo que la política es patriarcal ¿qué experiencias viviste en este sentido? ¿Cómo lo superaste y te hiciste un espacio?

“Para mí el haber estado militando antes en espacios de la izquierda no formal, no partidaria, no electoral, y luego haber estado en el Pachakutik, fue como ir forjando seguridad, conocimientos, porque también tuve la oportunidad de participar de un espacio político que no era jerárquico como otros, sino que con dinámicas más horizontales. Esto no significa que no estaban presentes las prácticas machistas, pero creo que fue un espacio más amigable, que propiciaba la presencia de la diversidad y en ese momento las mujeres estábamos presentes. Llegar a los espacios de la Constituyente significó también pelear la voz y creo que el pelear voz también fue importante, en el sentido de que la voz tenía argumentación. A mí me parece que la política tiene que ser una política de argumentos, un debate de argumentos. Eso también va construyendo, no sé si por ser mujer, sino que por el respeto y el escuchar una voz, porque era una voz con argumento, explicando, poniendo historia, poniendo datos y propuestas. Eso obviamente nos significó el calificativo de abortistas. Ahora, yo no he tenido restricción de moverme, creo que eso para mí ha sido importante, el entramado familiar, o sea, no he tenido esa restricción que sí tienen otras compañeras, de no poder ir, de tener límites”. 

¿Cómo ves tú que fue la experiencia para otras mujeres?

“Nosotras no vivimos los niveles de violencia política que ahora están viviendo muchas mujeres. Es tan doloroso ver cómo se exacerban las vidas personales de las mujeres… eso nosotras no lo vivimos. Pero sí ahora. Yo creo que conforme más mujeres estamos en la política, el disciplinamiento se expresa por esa vía, por la vía de la violencia política. Mi experiencia es ir forjando de a poco. Yo siento que para las compañeras mujeres que ingresan de una vez es complejo. Verás, yo hice un trabajo de investigación sobre la paridad y, conversando con algunas compañeras, ellas decían: ‘no, sabes que tu primera asamblea y la más importante es la familia, en vez de irte a meter en esas cosas…’. Ese tipo de cosas se presentan fuertes, que yo las viví cuando empecé en mi militancia. ‘¿En qué andarás? ¿qué estarás haciendo? ¿por qué te vas dos días, tres días?’, eso yo lo viví cuando tenía 20 años y es lo que muchas están viviendo en este momento cuando irrumpen en la participación política electoral”. 

¿Qué crees que puede ayudar a las mujeres a no restarse de la política, a pesar de los obstáculos?

“Lo colectivo. Para mí eso ha sido vital: lo colectivo es cable a tierra, es sororo, es acompañarte, es arroparte. Eso para mí es fundamental. Yo no he estado sola, eso lo puedo decir, he estado siempre con compañeras o con compañeros. Yo siempre digo que para asumir los retos en la política uno sola no es posible, porque lo político es un proceso de organización política, de proyecto político, no es la brillantez personal. Uno puede aportar en ese sentido, desde su conocimiento, desde sus destrezas, pero si no es un cobijo más colectivo, de apuesta colectiva, de sueño colectivo… me parece que ahí es donde se debilita la posibilidad de participación”. 

“Aquí nos ha pasado mucho que los partidos echan mano de mujeres que pueden haber tenido liderazgos o que son conocidas por distintas razones, pero esas mujeres llegan solas y son víctimas de la violencia política y de la demanda de la gente, que les dice: ‘¿por qué no hacen esto? ¿por qué no hacen el otro?’. Eso implica una responsabilidad partidaria, de apostar a los liderazgos femeninos así como se apuesta a los masculinos. No es que los hombres por ser hombres tienen mejores y más capacidades que nosotras, no es así, sino que hay aprendizajes que las mujeres no siempre hemos tenido. Incluso para lo que muchas compañeras viven respecto de lo que pasa al interior de sus familias, si no tienes quien te sostenga, te caes, te rompes humanamente. Entonces, me parece que esos espacios colectivos son súper importantes, llámese partido, llámese organización, llámese colectiva, como sea. Eso para la parte de sostén, pero también para la parte de la propuesta y el procesamiento de la política. Todas las compañeras se ríen cuando yo repito esta frase: ‘las grandes cosas no se escriben en singular, sino que en plural’. Uno puede contribuir a una parte, estar en un momento, pero en otros momentos están otras compañeras; ese es un sentido que se ha perdido mucho hoy en la política, pero creo que hay que recuperar”.

Es entonces un antídoto contra la soberbia…

“Totalmente. Verás, yo siempre me he hecho la reflexión cotidiana de que una tiene que ser capaz de regresar a tu casa, a tu sitio donde vives, a hacer las cosas que hacías antes que cuando eras una autoridad. Si no puedes hacer eso, es porque algo estás haciendo equivocadamente. Eso es algo que uno tiene que pensar todo el tiempo. Y creo que es también la contribución, desde el feminismo, a la ética en la política. Estamos interpelando el poder patriarcal. ¿Qué le dice el feminismo al poder patriarcal? ¿Al ejercicio del poder? ¿Qué le decimos? Esa es también una reflexión que nos corresponde hacer, porque si estamos pensando que nuestra presencia irrumpe, nuestra presencia modifica, nuestra presencia transforma… ¿desde dónde? ¿desde el fondo? ¿desde la propuesta? ¿desde la ética? ¿desde lo simbólico? Creo que es desde todo. Debemos pensar, desde esa integralidad, cómo nuestra presencia transforma el quehacer de la política”. 

Consejos para las constituyentes chilenas

¿Qué recomendación, en base a tus aprendizajes, le darías tú a las mujeres que van a ser parte del proceso constituyente en Chile? 

“Agenda, es decir, tener propuesta. Agenda, además, articulada a las expectativas de las mujeres chilenas. Creo que eso es fundamental, pero no la agenda que nos sentamos y hacemos las dos, sino que una agenda que refleja, que recoge, que se nutre. Creo que articulacion, porque al final eso se traduce en votos en la asamblea. Eso, nos guste o no nos guste, es así. Entonces, creo que articulación interna, de tal manera que permita ir construyendo consensos y acuerdos sobre distintos temas. Preocuparse de la globalidad, no solo del tema específico. La experiencia ecuatoriana es esa: las mujeres logramos incidir en la carta de derechos, pero después el resto es otra cosa. Y eso va a depender mucho de, finalmente, cómo se configura la asamblea, cuáles son las mayorías que se visualizan en la composición. No romper el vínculo con la población: eso me parece que es súper importante a lo largo de los dos años. Y asumir que tenemos mandantes en nuestra cabeza, en nuestras formas, para lo simbólico también. Nosotros obedecemos al mandante. Por tanto tenemos que buscar las formas y encontrar todos los mecanismos posibles de rendición de cuentas permanentes. Para mí la experiencia de hacer esto que te contaba de informar todos los lunes fue súper importante. Creo que eso hay que mantenerlo como actitud, porque la pregunta que deberíamos hacernos es: ¿qué pone el feminismo en otra forma de gestionar y de hacer la política, y qué significa para el feminismo la dimensión de la relación de la ética con la política? Y creo que eso debería darnos pistas”. 

Experiencia constituyente feminista en Bolivia: María del Rosario Ricaldi 

Entrevista a María del Rosario Ricaldi, mujer feminista constituyente en Bolivia.

“Sabemos que los gobiernos tienen una mentalidad patriarcal, por mucho que la Constitución tenga una Carta de Derechos para la igualdad. Esto solo va a cambiar cuando nosotras tengamos la capacidad de llegar con la propuesta en lugar de la protesta”, reflexiona María del Rosario Ricaldi A más de una década de haber participado como una de las 88 mujeres y cinco feministas constituyentes del proceso boliviano, que se desarrolló entre 2006 y 2007.

El 34,51% de las asambleístas de Bolivia fueron mujeres, es decir, 88 mujeres sobre 255 asambleístas (Oviedo, María Edit y Wexler, Berta: “Las mujeres en el proceso constituyente de Bolivia)

En esta entrevista, María del Rosario Ricaldi aborda distintos aspectos del proceso, que hemos organizado bajo subtítulos para que puedas revisar la temática que te interesa:

  1. El camino personal y colectivo a la constituyente.
  2. La agenda feminista en la constitución.
  3. Desencuentros y estrategias para encontrarse entre mujeres.
  4. Estrategias para instalar la agenda feminista y la articulación con la sociedad civil.
  5. Desafíos de una constituyente feminista en una sociedad patriarcal.
  6. Consejos para las constituyentes chilenas.

El camino personal y colectivo hacia la constituyente

¿Cuál fue tu trayectoria para llegar a ser parte de la Asamblea Constituyente de tu país como candidata del MAS?

“Mi trayectoria comienza con experiencias de trabajo muy valiosas en cercanía con la realidad indígena, como bibliotecaria de una ONG y como trabajadora de Radio Tarija, donde me relacioné con mujeres campesinas y formé a reporteras populares. Más tarde, fui parte de ECAM ONG (Equipo de Comunicación Alternativa con Mujeres), organización que nace con un proceso de comunicación para empoderamiento y fortalecimiento de la ciudadanía con mujeres. En este proyecto logramos formar a más de 500 reporteros y reporteras, haciendo comunicación para llevar a las autoridades a los barrios, para que sientan la necesidad y se comprometan in situ con su gestión en la comunidad. Todo este trabajo que se hizo en ECAM, conmigo como directora y técnica, nos llevó a la política. Terminamos posicionándonos en ella sin ninguna ambición de ser parte de algún espacio de decisión”.

En 2004, cuando comenzó a madurar la causa de la Asamblea Constituyente en Bolivia,  la Red de Coordinadora de la Mujer (de la que es parte ECAM) comenzó a gestar un proceso de preparación para el momento constituyente. “Desde ahí fuimos avanzando en este proceso de elaborar las propuestas. Fue un proceso hermoso, porque ha movilizado a las mujeres de todo el país, han participado 12 organizaciones nacionales de mujeres y también otras organizaciones de mujeres, que no están representadas dentro de ellas. Es una representatividad muy interesante la que se ha dado”, recuerda María del Rosario Ricaldi. 

Gracias a este trabajo de participación ciudadana y control social, María del Rosario se comenzó a posicionar como constituyente: “Un día recibí una llamada y me dicen: ‘hemos hecho una encuesta en Tarija sobre qué líderes mujeres podrían ser las candidatas’; esta encuesta daba como resultado tres nombres y entre ellos estaba el mio. La verdad es que ha sido la sorpresa más importante de mi vida, porque no imaginaba que podríamos llegar a ese espacio”. Entonces, el MAS -partido en el que ella no militaba- la invitó a participar en su lista de candidatos.

¿Cómo fue el proceso de preparación a la Asamblea Constituyente que se vivió en las bases, con la Red de la Coordinadora para la Mujer?

“Fue un proceso en el que participaron organizaciones de todo el país, en el que se realizaron eventos que han movilizado a más de 20 mil mujeres y a 1000 organizaciones sociales de mujeres. Desde el año 2004 se articularon cuatro redes y plataformas nacionales: una es la Coordinadora de la Mujer; otra es la AMUPEI, que era una articulación de mujeres por la equidad e igualdad (que, así como la Coordinadora, también articuló en cada departamento y tenían una plataforma nacional que las representaba); el Foro Político Nacional de Mujeres, que está conformado por mujeres de partidos políticos que tienen representación en el Congreso Nacional en este momento; y por último, la Plataforma de la Mujer, que también es otra plataforma de organizaciones que tiene representatividad nacional”. 

María del Rosario relata que estas cuatro organizaciones se articularon y comenzaron un proceso de construcción de propuestas a través de 10 equipos técnicos que se movieron por 150 municipios de Bolivia (la mitad del país), realizando 400 talleres que concluían en encuentros departamentales con mujeres indígenas, campesinas y citadinas. “Las propuestas estaban trabajadas en base a documentos que se habían elaborado previamente, donde se problematizaban temas estratégicos para la agenda de las mujeres. Las mujeres empezaban a encontrarse ahí, observando si estaban o no reflejadas en esas brechas de género”, explica. 

¿Cómo fue su participación como constituyente en términos personales? 

“En lo personal, cuando me han hecho la invitación, primero consulté a las organizaciones de mujeres con las que estábamos trabajando. Entonces hicimos esa negociación: había cuatro mujeres más que tenían que ingresar a las listas. En la elección, ganamos, fue la única vez que el MAS ganó en Tarija y así logramos entrar”. 

“Desde mis 15 años, la lucha por la igualdad, por que los pobres dejen de ser pobres, era mi lucha, mi opción de vida. Cuando tuve la reflexión feminista, se suma a esto mi lucha por las exclusiones contra mujeres, contra campesinos e indígenas. Y, casualmente, en la vida se me da la oportunidad de trabajar con esta población, que ha ido alimentando mi experiencia para llegar a la Constituyente con otras miradas”. 

“Fue una oportunidad valiosa para mí, realmente, porque habíamos luchado tiempo atrás por la ley contra la violencia y cuando se dio el proceso constituyente yo decía: ‘si tanto nos ha costado una ley, esta es nuestra oportunidad histórica, porque aquí vamos a escribir en la constitución los derechos, es nuestra oportunidad histórica de marcar el quiebre para la igualdad’. Tenía clarísimo que ese era el momento histórico para nosotras. Con esa convicción es que aceptamos y con esa convicción es que asumimos el mandato… y estuvimos entre las cinco mujeres del movimiento de mujeres y las 88 mujeres de la AC”.

La agenda feminista en la constitución: ”La que quedaba sin tierra era la mujer”

¿Cuáles eran los déficits de igualdad entre hombres y mujeres que las movilizaron? 

“Lo primero era plasmar en la Constitución un pacto que genere condiciones de igualdad, ya no solo para mujeres, sino también para los indígenas, para los campesinos, para los sectores empobrecidos. Porque cuando trabajamos las propuestas hicimos la lectura desde los sistemas de opresión. Decíamos: ‘necesitamos transformar este sistema patriarcal, este sistema colonial, capitalista, confesional, centralista’, entonces, necesitamos transformar este Estado que, con todos estos sistemas, lo que había hecho era agrandar las desigualdades y someter a las mayorías a pobreza, exclusión y a no decidir en el poder. Teníamos clarísimo lo que queríamos: cambiar el estado colonial, capitalista, centralista, patriarcal, confesional y hacer un estado incluyente: a eso lo hemos llamado el Estado Plurinacional”. 

“Las brechas que identificábamos desde las mujeres, puntualmente, son: redistribución, no discriminación, paridad y alternancia en la representación. Estaban también en la discusión: el Estado Laico; reconocer los tratados, los pactos y las convenciones internacionales como norma nuestra; el derecho a la vida libre de violencia; los derechos sexuales y reproductivos; el derecho a la maternidad segura y el tema de la prueba de paternidad, para que no nos quedemos las mujeres con la responsabilidad del embarazo no planificado y ellos se liberen de la responsabilidad; la tenencia y titularidad de la tierra, porque generalmente la titularidad de la tierra estaba en el varón, si se divorciaba o se separaba quien quedaba sin tierra era la mujer; y, finalmente, la igualdad de derechos y obligaciones de los cónyuges en la familia, evidenciando la triple jornada que las mujeres viven y el trabajo del cuidado que recae sobre nosotras”. 

“En materia laboral planteamos el trabajo digno, sin discriminación y con igual salario por igual trabajo (en esos momentos se denunciaba que el salario era la mitad del salario que recibía el varón); la seguridad social durante y después del parto; la prevención, erradicación y sanción de la violencia de género; el reconocimiento del valor y del aporte económico de las mujeres en el hogar en las cuentas nacionales, porque es tan invisibilizado que cuando se da la redistribución de los recursos del Estado, el 0.0 es para nosotras, sin embargo lo que aportamos es tanto.  Luego también planteamos el uso de lenguaje no sexista y la educación con equidad de género, sin diferencia de roles y sin violencia: esa propuesta ha sido incorporada en la Constituyente”.

¿Cuál fue el aporte de las propuestas y de la Carta de Derechos del Movimiento de las Mujeres en el desarrollo de la Asamblea Constituyente ?

“El aporte fue fundamental, porque ahí estaba la prioridad de la agenda de las mujeres. Del proceso previo de construcción de propuestas teníamos un documento, que era el mandato que nos dieron las organizaciones sociales de las mujeres. Pero en el proceso constituyente, que implicó varios espacios participativos, empezamos a abrirnos más a los derechos de la madre tierra, a las consecuencias del cambio climático para las mujeres, al derecho al agua y el agua como derecho y también a otros temas, como el de la vivienda. Estos empezaron a surgir en el proceso constituyente (en el trabajo de las comisiones y en los encuentros nacionales y departamentales que se hicieron entre constituyentes) y enriquecieron la agenda a la hora de elaborar la Constitución”.

“De la protesta al mandato, una Propuesta en Construcción” es el documento que reúne las deliberaciones, discusiones y reflexiones de las mujeres bolivianas para el proceso constituyente, a partir del trabajo del proyecto “Mujeres y Asamblea Constituyente”, del que María del Rosario Ricaldi fue parte. Fue publicado el año 2006.

¿Cómo fue el modelo de trabajo de la agenda de mujeres en la Asamblea Constituyente?

“Nosotras hemos tenido una estrategia que ha sido muy valiosa para garantizar los resultados de este proceso. En cuanto al trabajo interno, la Coordinadora de la Mujer, con estas plataformas, dotaron a la Asamblea Constituyente de una oficina que ubicaron frente a la oficina donde sesionaba la Asamblea, es decir, cruzábamos al frente y ahí teníamos una oficina chiquitita con computadora, fotocopia, todo lo que necesitábamos. Ahí estaba permanentemente también un equipo técnico. Cuando nosotras estábamos trabajando y necesitábamos sí o sí datos diferenciados de género sobre algún tema las llamábamos, o teníamos el correo al frente, y les decíamos: ‘prepárenmelo para esta tarde’. Y ellas nos lo preparaban al tiro. Era un equipo de cuatro mujeres que estaban frente a la Asamblea, más otras colaboradoras que estaban en la Coordinadora. 

Desencuentros y estrategias para encontrarse mujeres: ”A partir de las exclusiones y las aspiraciones nos reencontramos”: 

¿Se produjeron desencuentros entre las mujeres que participaron en la Asamblea? 

“En el primer encuentro de asambleístas con el movimiento de mujeres hemos tenido un momento duro, muy duro, casi de quiebre: fue el encuentro entre mujeres constituyentes y campesinas e indígenas que no habían tenido antes relación con las feministas o con el movimiento de mujeres. La reacción de muchas de las 88 constituyentes, cuando nos han visto a nosotras, fue: ‘nuestra guerra no es contra los hombres’, porque, como te digo, solo cinco de las 88 éramos del movimiento de mujeres. A esto se suma que muchas mujeres campesinas e indígenas decían: ‘qué vienen estas caras (forma de denominar despectivamente a las mujeres blancas, no indígenas)’, porque a nosotras nos veían como caras, aunque nunca nos preguntaron cuál era nuestro origen; bastaba con que no vistieras pollera campesina o indígena y ya había un prejuicio. Te veían como parte de la gente que las oprimió en su momento, no te veían como su aliada. Hubo impacto hasta que esas tensiones se rompieron y se reflexionó sobre el momento histórico y las exclusiones que vivíamos, y a partir de ese reconocimiento de las exclusiones, de las violaciones a nuestros derechos, de las aspiraciones que teníamos sobre el nuevo Estado que queríamos construir, nos re-encontramos”. 

Por otro lado, relata María del Rosario, en la Asamblea Constituyente no estuvieron todas las feministas, ya que algunas no reconocían este proceso constituyente: “y, por clase o por posición política, se han autoexcluido, yo diría, porque políticamente no se identificaban con el gobierno. Ahí seguramente había un conflicto de clase y al final no se sumaron a esta lucha. Y las otras feministas, que sí se sumaron, encontraron en este momento un momento absolutamente histórico para hacer parte de los cambios que se iban a dar. Y ahí estuvieron para decirles a las compañeras indígenas y campesinas que la opresión la vivimos todas, y que era necesario encontrarnos para marcar juntas este hito”.

Muchas técnicas se utilizaron para bajar las tensiones y reconocerse entre mujeres. María del Rosario reconoce el rol de las constituyentes que provenían del movimiento de mujeres en “calmar los ánimos”: “de alguna manera, era una forma de hacer las bisagras y decirles a las compañeras: ‘la opresión no solo la viven en el campo y en los últimos rincones, se viven en las ciudades que son tal vez más pobres’, empezando así a generar los hilos que nos iban tejiendo y que iban mostrando que en esa diversidad de exclusión había mujeres de todo tipo y que necesitábamos articularnos. Ha sido un proceso de lindos encuentros, de reconocernos, de re-encontrarnos, de respetarnos, de sabernos compañeras durante el año y más que duró la Constituyente”. 

¿Cuánto duró este alejamiento entre las mujeres indígenas y las feminista, y qué estrategias usaron para lograr el acercamiento? 

“Yo diría que es un proceso tan largo que sigue vigente. Hay una desconfianza histórica, de clase. Hay una desvalorización de las indígenas y las campesinas tan grande y que ha generado una desconfianza tal, que en el proceso tenemos que ir construyendo las confianzas. En la Constituyente estaba la urgencia, porque era un periodo corto de vigencia del proceso, que necesitaba que sí o sí nos pusiéramos de acuerdo. Y para esto había que tener confianzas, creando espacios, yendo a espacios donde, por ejemplo, las compañeras del Municipio de Chapare me decían: ‘tú qué sabes, tú eres abogada, citadina, qué sabes de la pobreza que se vive en el campo’. Entonces teníamos que darnos tiempos para decirles de lo personal, de lo que hemos trabajado, de lo que hemos vivido, de tal forma que ellas puedan encontrarnos compartiendo la problemática, compartiendo esa exclusión”. 

“Lamentablemente, desde ese encuentro de la exclusión nos hacemos hermanas. Y poco a poco, fuimos cambiando el trato, a meterse en espacios en los que estaban solo ellas y compartir una coca. De repente te veían en sus espacios, en sus fiestas, en sus reuniones y lograbas hablar con ellas, sentir con ellas, a veces llorar con ellas…  y te sentían parte. Por esto de ponerse a conversar hasta trasnochar, o tomarnos un traguito para no enfriarnos, de la misma botella a veces. Era una forma también de romper barreras que la cultura nos ha inculcado, ya sea por clase o por lo que fuera. Teníamos que hermanarnos”.

¿Cómo fue la relación interna con la presidenta de la Asamblea, Silvia Lazarte?

“Doña Silvia Lazarte era una campesina sindicalista de una personalidad muy fuerte, que anteponía el proyecto político de país a la agenda de igualdad de las mujeres. Ella no se abría a la agenda de las mujeres. Entonces teníamos que desarrollar una estrategia para llegar a ella y enamorarla de nuestra propuesta, mostrarle que no era lo que ella pensaba. Teníamos poco tiempo y ella tenía una salud muy deteriorada. Yo le decía a mi compañera de bancada, que era una cholita: ‘vamos a verla a doña Silvia, vamos a verla’, y charlábamos. Así la he conocido más y hemos hecho una amistad muy bonita, muy respetuosa”. 

“‘Yo no voy a permitir que maten a ninguna guagua’, decía. Una posición muy radical. Así que generamos, poco a poco, estos espacios íntimos, fuimos contándole testimonios de mujeres campesinas que habían llegado en situación de aborto y que necesitaban ser atendidas, por qué habían llegado así y qué oportunidades teníamos ahora, por qué era importante trabajar este tema de los derechos sexuales: ‘no vamos a poner ‘sí aborto’ en la Constitución, porque este no es el tiempo, porque no hay condiciones, teníamos una barrera de entrada, pero los derechos sexuales y reproductivos sí los tenemos que aprobar, porque si no aprobamos eso, van a seguir muriéndose… y las que más se mueren son las mujeres campesinas, son las indígenas que llegan en estas condiciones’. Había que trabajar el terreno en muchos espacios: a veces en su lecho de enferma, a veces tomando un café en su oficina… era un trabajo muy de cuerpo a cuerpo, porque ella estaba en el espacio más poderoso de la Asamblea y podía ser una barrera muy grande. Entonces ahí nos turnábamos con otras constituyentes que también eran del movimiento para hablar con la hermana Silvia. Así había que preparar el terreno, algo importante a tener en cuenta: a veces por concentrarnos en trabajar la propuesta, nos olvidamos de trabajar el terreno para que arriba, a la hora de las decisiones, no tengamos obstáculos”.

“También fue clave identificar a hombres aliados, que tengan la documentación, que tengan los respaldos, que tengan toda la información que puedan llegar a otros hombres que estén en situación de poder y que no se constituyan en barreras”.

¿Cómo trabajaron con las mujeres del movimiento que pertenecían a la derecha? 

“Nosotras como constituyentes del MAS no coordinamos con ellas directamente, sino que lo hacían las técnicas. Cuando teníamos que aprobar algún tema, de repente estábamos al lado de ellas abogando por la agenda, diciendo que este tema nos golpea, no importa si se es de izquierda o derecha, entonces todas vamos por una constitución y una vida libre de violencia; el tema del aborto nos afecta, entonces todas vamos por el derecho a la vida y los derechos sexuales: ahí teníamos una alianza importante, pero no sólo en ese tema. Ana María Ruiz era una constituyente de la Comisión de Tierra y Territorio que pertenecía de un partido opositor al MAS. El presidente de esta Comisión, Carlos Romero, nos decía que si no hubiese sido por la intervención de ella para el derecho a la titularidad de la tierra de las mujeres, el derecho de los pueblos indígenas de las mujeres sobre el territorio no estarían como están en la Constitución. Ella quebró y la llamaron traidora, pero en su momento tomó una posición política más allá de su partido, decidió ser coherente contra las exclusiones. Y en esa coherencia, tomó una posición personal: ella fue una de las mujeres de oposición que apostó por el Estado plurinacional”. 

Estrategias para instalar la agenda feminista y la articulación con la sociedad civil

¿Cómo se daba, en términos estratégicos, esta coordinación de roles para reforzar las demandas del movimiento de mujeres?

“Las técnicas que estaban en la oficina del frente de la Asamblea sabían qué comisiones estaban sesionando y qué temas. Cuando en una comisión iban a tratar el derecho a la vida, por ejemplo, yo gestionaba ser adscrita a esa comisión. Entonces las compañeras del movimiento de mujeres bajábamos de nuestras comisiones para ser adscritas y reforzar en otra comisión, porque como adscritas podíamos tomar la palabra y ayudar a marcar tendencia. Esta estrategia también es válida… para que ustedes vean cómo, como abejitas, fuimos a la comisión que estaba más débil o que necesitaba ser reforzada. Para eso, el equipo técnico nos ayudaba, para estar pendientes de las agendas de cada comisión y reforzar, dependiendo de la posición que necesitaba más apoyo”. 

“De repente nos alertaban de que el presidente de la comisión ha movido la fecha para desmovilizarnos. En ese momento, teníamos que reaccionar y salir. Ellas también veían cuando iban a ser los debates más fuertes. Entonces organizaban encuentros nacionales con las mujeres movilizadas, bajaban en marcha y entraban a la Asamblea en marcha o  también pedían audiencia en las comisiones. Algunas se quedaban a hacer seguimiento y hacían su agenda de medios y nos llamaban para que les informemos en qué estaban las cosas, era toda una estrategia integral de comunicación muy movilizada, muy vigilantes”. 

Además del aborto ¿existió algún otro tópico dificil de trabajar en el proceso constituyente?

“Los derechos sexuales y reproductivos también era algo que no se quería aprobar. Pero se hicieron muchos eventos, audiencias, gente que trabaja el tema que ha ido a exponer. Toda la mañana los constituyentes recibíamos audiencias y en las tardes trabajábamos en la Comisión. Creo que también es una forma interesante de incidir en cada comisión: organizarse como grupo y pedir audiencias para incidir desde diferentes frentes o identidades sobre un tema de interés”. 

“Otro tema que también fue controversial fue el derecho a vivir la vida sin violencia. Los hombres no querían que se explicite así; decían: ‘ya dice derecho a la vida, ¿para qué quieren que diga libre de violencia?’. Entonces ahí trabajamos con varios compañeros del MAS, porque nuestra barrera eran nuestros propios compañeros; entonces, ahí planteamos: ‘tiene que decir vida libre de violencia, porque no es vida vivir cada día con alguien que te está taladrando la vida mañana, tarde y noche, psicológica, física y sexualmente. Si quieres derecho a la vida y a vivir bien, como es nuestro sueño para Bolivia, entonces tienes que explicitarlo, porque 8 de cada 10 mujeres estamos viviendo violencia. Ellos tienen que saber que no tienen que violentarnos y la única forma es que haya un mandato constitucional para cambiar esta cultura’. Me acuerdo que el día que aprobamos este tema nuestros compañeros decían: ‘muéstrame en qué países está el derecho a la vida libre de violencia’. En ese momento corrimos al equipo de técnicas: ‘pasennos legislación comparada, lo necesitamos para esta tarde a las 3’. Y en la tarde a las 3 nos dieron legislación comparada. Pero a la vez los invitábamos a almorzar y empezábamos a contarles testimonios, les decíamos: ‘necesitamos vivir sin violencia, es la oportunidad de proteger a tu hija de que no la maten’, y empezábamos a dar los casos de feminicidio con estadísticas, con testimonios. Les decíamos: ‘Mañana va a salir que tal constituyente ha frenado estas cosas. Vos sos el único responsable de sembrar la Constitución’. Era una forma de manipular: todo hemos usado para lograr que los compañeros nos ayuden”. 

“Lo lindo en el caso del MAS es que teníamos mayoría, aunque no 2⁄3, entonces era clave que hubiera consenso sobre un tema dentro de la bancada para llegar al pleno. Teníamos compañeros de muy avanzada, izquierdistas y todo, pero re machistas. Nosotros teníamos que hacerle a la prensa aliada peticiones de entrevista para que les preguntaran de tal forma que digan algo que les haga morder su propia palabra, de forma que los comprometas para que en el plenario te apoyen. Necesitábamos encontrar formas”. 

Desafíos de las mujeres constituyentes en una sociedad patriarcal

En tu experiencia, sumando también la experiencia de otras mujeres, ¿qué desafíos tuvieron que enfrentar en relación a los roles patriarcales propios de la política tradicional?

“Fue una experiencia de un valor incalculable, histórica. Es un privilegio como ciudadana estar en ese espacio, yo sentía que era una oportunidad de aportar en un nuevo pacto. Pero en el caso de Bolivia, en el primer pacto que nos dábamos de forma participativa, donde la gente desde su necesidad, y no un constitucionalista, escribía la constitución. Entonces tenía un valor muy particular, porque además estábamos asumiendo este reto en el contexto de un gobierno campesino, indígena, con una oferta clara de cambiar el país en pro de ese pueblo excluido y en contra de los que han estado siempre en el privilegio del poder. Aquí no podías estar al medio, sabías por quién estabas tomando partido, era parte de una justicia histórica por la que tenías que apostar. ‘Puede costarnos la vida’, decíamos en algún momento. Cuando estábamos en el liceo aprobando la nueva Constitución sentíamos que podían hasta llegar a quemarnos ahí, había riesgos. Pero era nuestra apuesta por este proyecto y, si hay que dar la vida, hay que darla, pero teníamos que lograr que esta Constitución se sembrara en el país, porque somos la mayoría y es la minoría la que se resiste a ese cambio, somos la mayoría y por lo tanto este es el modelo de país que queremos”. 

“Hubo diferentes escenarios de confrontación. Por ejemplo, la gente que se resistía al cambio nos acosaba, acosaba a nuestras familias. En el colegio mi hija ha sufrido un montón de insultos por ese racismo, ese clasismo, esa discriminación;  en la calle te insultaban, la gente te decía: ‘eres la puta del Evo, eres esto y lo otro’, cosas así, desde lo personal. Estabas acosada permanentemente por mujeres y por hombres, aunque más por mujeres en esos escenarios. Y en otros escenarios, por ejemplo en los medios de comunicación, uno sentía cómo, muchas veces, los conductores tienen más preferencia por los varones que por nosotras, o en el uso del tiempo, en los temas que te consultan. Nos decían: ‘ustedes van a hablar de violencia, no de propiedad de la tierra’, y así minimizan nuestras agendas, las subvaloran. Ahí nosotros tenemos que poner nuestras agendas en el mismo nivel de cambio estructural, de Estado”. 

“La discriminación se encuentra en diferentes escenarios. Por ejemplo, en la bancada del MAS, nuestra propia bancada, las compañeras cholitas tenían la palabra y nosotras no. Teníamos que subirnos a la mesa y decir: ‘pásame la palabra’ para que nos la den. Era un espacio también de disputa: porque eres mujer cara no tenías posibilidad, pero si eras mujer campesina, sí”.

“Fuera de nuestra bancada, por ser mujer te discriminaban, no tenías posibilidad de estar en la lista de oradores en la Constituyente: ‘no, que estén él y él, tienen mejor discurso’, decían. Claro, generalmente ellos han hablado y por lo tanto tienen mejor discurso. En mi caso he tenido más oportunidades, porque yo me metía, tenía otra misión y también otro proceso que había trabajado muchos años. Pero en el caso de otras mujeres, que podrían haber tenido mucho mejor discurso, no les daban la palabra. A pesar de ser 88 y ellos muchísimos más, éramos más excluidas, teníamos que buscar estrategias para hacernos escuchar. En Chile, las mujeres están yendo a la Asamblea Constituyente en paridad y deben hacer que la palabra la den también en paridad. Todos esos espacios hay que pelearlos, porque si los que deciden tienen mentalidad patriarcal, nos subestiman”.. 

María del Rosario también recuerda la discriminación que vivieron las mujeres y las trabas para su participación política: mujeres a las que no dejaban entrar a un hotel por su indumentaria indígena, que eran insultadas al caminar por la calle por vestir sus polleras, o fueron desalojadas de sus viviendas por quienes les alquilaban.“No le voy a alquilar, quiero que me devuelva el cuarto”, les decían. 

¿Y respecto a los roles que son atribuidos a la mujer?

“El trabajo del cuidado ha sido una tragedia. Imagínate, te han elegido constituyente, sos del Valle, sos del Oriente, y tienes que cargar tu guagua (bebé) hasta Sucre (donde sesionaba la asamblea); muchas mujeres se han ido a ver en qué escuela ponen a sus hijos.  Todo ese trabajo que implicaba dejar cocinado para salir corriendo, todo ese trabajo lo han cargado las constituyentes, porque su realidad no ha cambiado por el hecho de ser constituyente y toda la carga de la triple jornada recae sobre ellas. Eso ha sido algo que no se ha previsto en la Constituyente: guarderías, lugares de protección a los chicos. El trabajo de cuidado realmente pesaba sobre la calidad del rendimiento en la Constituyente. Por ejemplo, Rosalía del Villar, Constituyente por el Alto de La Paz, tenía dos niños pequeñitos; cuando los dejaba con su marido, en La Paz, ella era 24/7, se ponía en todo, era re comprometida y re trabajadora, una referente, pero cuando le tocaba estar con los niños bajaba su disponibilidad. Eso es algo que también deberían prever: si pudiera haber un lugar de cuidado para esos chicos, va a ayudar al rendimiento y la calidad del trabajo de las mujeres constituyentes, porque es necesario”.

En ese sentido ¿existen otros aprendizajes que tú crees que puedan ser útiles para hacer funcionar una Asamblea Constituyente en términos más igualitarios?

Eso: alivianar la carga del trabajo de cuidado. Teníamos compañeras que han ido a sesionar con sus hijos que estaban en el colegio y no teníamos condiciones para prever eso. Algunas estaban con sus hijos en la Asamblea, durmiendo en el piso, porque no tenían dónde acogerlos. Alguna vez nos hemos amanecido en la Constituyente, entonces los bebés no se quedaban, había que habilitar un lugar. 

Para los hechos de violencia, establecer medidas de seguridad. Ojalá en Chile no tengan ninguna confrontación, ojalá no tengan que pasar las cosas que hemos pasado nosotros, porque en momentos en que la gente se resistía a los cambios y la oposición movilizaba a los grupos de choque, veíamos que nos faltaban medidas de seguridad para proteger a algunas personas. Había gente que estaba muy expuesta, sus lugares de vivienda estaban muy expuestos. 

Otra cosa es hacer  eventos, informar para que la gente valore la importancia histórica de este hecho en su ciudad y que sean aliados del proceso constituyente.  Por ejemplo, que los constituyentes gremiales reúnan a los gremiales y les mantengan informados; los constituyentes campesinos, que reúnan a los campesinos; nosotras al movimiento de mujeres. De tal forma que ellos conozcan de primera mano el estado de situación de la Asamblea, los temas que se están definiendo, para que también sea un proceso educativo; no toda la gente entiende lo que es una Constituyente y no toda la gente está dispuesta a movilizarse por eso. Eso a nosotros no nos funcionó porque Sucre, la sede del proceso, era una ciudad muy conservadora”.

“También el acceso a los medios de comunicación, que es tan importante.  Ese era otro campo de batalla, donde no se nos daba espacio, tenías que robarte el espacio. Cuando daban espacio, daban a los hombres. Había una periodista, Cristina Corrales, que creó un programa exclusivamente para hablar de este tema, del proceso constituyente. Ahí sí teníamos más oportunidades las mujeres de ir, ella llevaba hombre-mujer-hombre-mujer, pero creo que eso es algo que hay que comprometer y reglamentar porque nos ayuda a posicionar la agenda e incidir en la Asamblea. En el pleno de la Constituyente no teníamos mucho espacio; sin duda los medios de comunicación son muy importantes”. 

¿Qué estrategias de comunicación desarrollaron?

“En un principio hicimos una lista de medios de comunicación, identificamos a los aliados potenciales de cada medio y les dijimos con qué constituyente podían hablar para el tema que querían tratar. Regulamos para que todos puedan ir a hablar. Primero, la consigna era que teníamos que decir a través de los medios cuáles eran las propuestas que nosotras estamos trayendo como mandantes, que digamos a quienes nos debemos. Ese era el objetivo de la primera etapa de la comunicación: los mineros con su agenda, las mujeres con su agenda… Me encantaba escuchar la opinión de los indígenas en los medios cuando decían: ‘nosotros queremos autonomía indígena porque’” y le daban una cátedra de lo que es autonomía indígena a los académicos, desde la posición y la lectura que tenían ellos. Era hermoso escuchar en los medios de comunicación exponer eso, su mandato, cómo comprenden la autonomía, por qué querían la autonomía los indígenas, escuchar hablar a las mujeres de los saberes ancestrales. Vos encontrabas tanto saber, tanto conocimiento, que todo ese discurso de ‘¿qué saben ellos? son ignorantes’, quedaba chico”. 

A una década del proceso constituyente boliviano: aprendizajes para las nuevas constituyentes

¿Cuál crees que ha sido el impacto y las consecuencias de este proceso en la sociedad boliviana?

Lo primero es asumir que somos un Estado Plurinacional y  también reconocer la diversidad, porque la autoestima y el nuevo posicionamiento que tienen los pueblos originarios, los campesinos en Bolivia… es súper importante. No son más ciudadanos de segunda, a quienes van a violentar sus derechos. Esto no significa que no hay discriminación, pero ellos saben que tienen derecho. Eso creo que es algo que ha entrado hasta el fondo.

Y otra cosa que para nosotros es también un gran logro es estar en paridad. Creo que la paridad es fundamental, el hecho de que estén mujeres en espacios de toma de decisión, con quienes podamos dialogar y respaldar como organización social ante el acoso político de nuestros propios compañeros, para garantizar que la Constitución se cumpla. Sabemos que los gobiernos tienen mentalidad patriarcal, por mucho que la Constitución tenga una carta de derechos para la igualdad. Esa mentalidad patriarcal que tienen los gobiernos solo va a cambiar cuando nosotras tengamos la capacidad de no llegar con la protesta sino llegar con la propuesta. Este ejercicio de llegar a la Constituyente con datos, con todo, a nosotras nos ha llevado a hacer todo con propuesta. 

Esta es la agenda política de las mujeres, los seis ejes estratégicos para despatriarcalizar: participación política, donde queremos consolidar la paridad pero sin acoso, sin violencia, una participación política plena, apostamos por la democracia paritaria, el desmontar cultural, simbólica y materialmente el patriarcado;  la institucionalidad para esta igualdad; garantías para ejercer el derecho a vivir una vida sin violencia, que es bajar la Constitución a políticas públicas, leyes, presupuestos para la lucha contra la violencia; la autonomía sobre nuestros cuerpos; que los Derechos Sexuales y Reproductivos sean política pública; y que la ley de educación se cumpla en este tema. 

Estos seis ejes se aplican en tanto tengamos paridad en los espacios de decisión, que nos permita hacer leyes y políticas públicas. Entonces, nuestra agenda es nuestra con propuestas clarísimas, porque es lo que nos ha enseñado el proceso que tenemos que hacer. Para que esta agenda siga, las mujeres asambleístas, de derecha y de izquierda, nos apoyan, porque hemos aprendido que nuestra agenda sí nos une. A pesar de que podamos tener posiciones políticas muy diferentes en otros temas, en esto hemos logrado varias cosas en alianza. No es que haya sido mágico que nos hayamos encontrado las feministas, las campesinas y las indígenas, no. Es un proceso que se sigue construyendo.  

Consejos para las constituyentes chilenas

Para terminar, ¿qué consejo le darías a las mujeres chilenas que enfrentarán el proceso constituyente?

Creo que lo más importante es establecer un vínculo durante todo el proceso constituyente, un vínculo con sus representadas, es decir, hacer sentir a la gente que la Constituyente no está allá lejos de ellas, si no que ellas tienen fluida comunicación. En este sentido, informar los problemas  y los logros, de tal forma que la gente te respalde y sepa que tienen una persona que les representa. Que la Constitución no se quede en los constituyentes, sino que el pueblo sea constituyente, es algo que la experiencia nos ha demostrado que es posible hacer. 

Les deseo el mayor de los éxitos a las mujeres de Chile para puedan lograr una carta de derechos tan fuerte que les permita seguir avanzando, para que el pueblo chileno pueda reencontrarse al pactar lo que Chile quiere, lo que el país quiere. 

Lutando pela representatividade na política –  Áurea Carolina  

Um chamado por mais mulheres, negras e periféricas na política, um chamado com foco em ouvir de fato as pessoas.

Áurea Carolina entrou na política em busca de representatividade, respondendo a um chamado de responsabilidade, como ela mesma diz. Um chamado por mais mulheres, negras e periféricas na política, um chamado com foco em ouvir de fato as pessoas e concretizar o que as lutas populares buscam e precisam no cotidiano.  Para Áurea, as vitórias nas urnas de 2016, como Vereadora na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e de 2018, como Deputada Federal, provam que ouvir e apostar em lutas populares têm um potencial enorme. 

“A minha entrada na política institucional vem na esteira de uma busca por representatividade. Nós temos o hábito de dizer que precisamos de mais mulheres na política, mais negras e periféricas, mas quem vai assumir essa tarefa se não nós? A minha decisão foi uma resposta a um chamado de responsabilidade. Não adianta falar que tem que ter, a gente precisa se colocar nesse lugar ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.

Áurea Carolina, Câmara dos Deputados
Foto por Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Uma das iniciativas que foram ponto de partida para Áurea entrar na política institucional foi a participação na candidatura coletiva batizada como As Muitas” , composta por 12 candidatas e candidatos da capital mineira. Você já ouviu falar em candidaturas coletivas? Elas são uma iniciativa inovadora no Brasil. Funciona assim: um grupo de pessoas com diferentes propostas, diferentes histórias e que gostaria de compartilhar e participar de processos de decisões apresentam juntas uma candidatura. Você pode ler mais sobre isso clicando aqui.

Nas eleições de 2018, Áurea participou novamente em uma campanha coletiva. Foram 12 candidatas comprometidas com a ampliação desse projeto. Desta vez, Áurea candidatou-se a Deputada Federal e foi eleita novamente. Segundo ela, nas duas campanhas o foco foi ouvir as pessoas e convidá-las para contribuir. Elas abriram canais ativos de comunicação e identificaram pessoas com as quais já conversavam e que precisavam saber da proposta do coletivo, traçando formas de se comunicar com todo mundo para não deixar ninguém de fora.

“Nas campanhas e no mandato nosso foco é ouvir as pessoas e concretizar o que as lutas populares constroem no cotidiano, criando canais para que movimentos, coletivos e associações da sociedade civil acessem esses espaços. Para construção dos programas de gestão, convidamos as pessoas para contribuir e buscamos saber os problemas nos territórios, denunciar injustiças, defender pautas urgentes e ser agentes colaboradoras a serviço dessas lutas ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.

Outra grande estratégia durante a campanha foi a identidade visual. Segundo Áurea, tudo foi pensado, desde os núcleos, até a história que contaria para as pessoas, para trazer as trajetórias de luta, dentro das universidades, nos movimentos de mulheres, juventudes e de cultura . As cores e as narrativas foram construídas para serem muito bem usadas nas peças gráficas, no site da campanha e nos vídeos, buscando sempre mostrar o espírito de que uma outra política é possível. 

“É muito importante que essa identidade tenha muito a ver com a candidata. Uma dica para as mulheres que estão se preparando para as eleições é: identifiquem na sua trajetória os elementos que são fortes para fazer “a cara” da sua campanha. Não é possível inventar do zero, tem que estar colado na sua imagem pessoal ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.

Nós já te falamos por aqui sobre o que é identidade visual e a importância dela! Para além do estético, esse processo é fundamental para a construção da sua imagem e para você se comunicar com as suas eleitoras e eleitores. Clica aqui para ler todas as dicas de como fazer a sua!

Por fim, Áurea lembra que fazer política de forma coletiva é a única forma de dar certo, porque ninguém vai ter uma ideia mirabolante para conseguir resolver os problemas do povo. Para ela, a dica de ouro aqui é: ouvir!

“Precisamos construir escuta qualificada, fazer mediações e pressionar o sistema político a partir das lutas populares. Minha dica para mulheres, mulheres negras, LGBTI, indígenas, quilombolas, periféricas é que assumam o compromisso de fazer a política de forma mais ampla e inclusiva. Quando a gente se move, toda a estrutura da sociedade se move, porque questionamos a própria lógica do poder ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.

Áurea participa do mandato coletivo, aberto e popular da Gabinetona[efn_note]https://gabinetona.org/site/[/efn_note], em três esferas do legislativo, ao lado de outras três parlamentares – Cida Falabella e Bella Gonçalves, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e Andréia de Jesus, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Atuam no projeto, ao todo, mais de 90 ativistas, trabalhadoras e pesquisadoras em estreito diálogo e cooperação com cidadãs e em sintonia com as lutas populares.

As conquistas

Em 2016, Áurea Carolina foi eleita vereadora em Belo Horizonte, com 17.420, alcançando a maior votação para a Câmara Municipal da capital mineira e tornando-se a mulher com maior número de votos da história da cidade. Em 2018, foi eleita deputada federal com 162.740 mil votos por Minas Gerais, sendo a mulher mais votada do estado e, novamente, a parlamentar mais votada na capital. 

Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.

Contribuindo para eleição como vice – Jacqueline Morães

Jacqueline Moraes sempre buscou melhoria para sua cidade e sua categoria.

Mesmo antes de “entrar para a política”, Jacqueline Moraes trabalhava como ambulante e sempre esteve envolvida com grupos que buscavam melhorias para a sua categoria e a sua cidade. Foi presidente da Associação dos Camelôs do Espírito Santo, atuou como líder comunitária em sua cidade até que, em 2012, o grupo que a cercava sugeriu sua candidatura. Resultado? Elegeu-se vereadora como uma das mais votadas da Câmara Municipal de Cariacica. 

Em 2018, decidiu candidatar-se a deputada federal com o apoio da legenda. Foi nessa época que preferida, então, o convite para o serviço de Renato Casagrande na chapa para o Governo do Espírito Santo. Convite aceito, Jaqueline decidiu levantar como mangás, trabalhar pela campanha e marcar seu território como vice! Vamos entender como isso aconteceu?

“Quando a mulher se propõe a só colocar o nome na chapa por causa de qualquer interesse que não seja o público e o político; isso é um interesse que não condiz com a luta feminina. Hoje o Brasil é um país com a menor representatividade feminina na política. As Mulheres não estuda estar na política apenas para cotas, mas sim, para transformar ”, Jacqueline Moraes, vice-governadora do Espírito Santo.

À frente da campanha # NãoSejaLaranja dentro de seu partido, Jacqueline aceitou ser vice, mas sempre lembrando que não está ali para ser enfeite! Certíssima! 

Laranja é o termo usado para se referir a candidaturas falsas usadas por partidos apenas para atingir o percentual mínimo de 30% de mulheres candidatas e ter acesso ao Fundo Eleitoral. Segundo o TSE, em 2016, entre candidatas ao cargo de vereador, 10% delas não tiveram um único voto. Já entre os homens, apenas 0,6%. 

Mas então você aceitou se candidatar a vice, como fazer? 

Segundo Jacqueline, a primeira grande dica é que você tenha uma agenda sua! Durante a campanha, ela possuía compromissos com o Renato Cassagrande, mas também seguia a sua estratégia para divulgar e pedir pela chapa. Às vezes, os dois trabalhavam pela campanha em locais diferentes, um no interior e outro na grande Vitória, capital do Espírito Santo. O importante é marcar presença, passar sua mensagem e estar sempre ativa. 

“Eu fiz questão desse contato, porque gosto desse momento da campanha, bem festeira, de estar com as pessoas, de abraçar as pessoas, esse já é meu natural. Então, eu também usava essa minha potencialidade ”, Jacqueline Moraes, vice-governadora do Espírito Santo.

Outro ponto que ela ressalta é que é importante todo mundo saber da sua candidatura. Então, mãos a obra! Faça uma lista de todos os seus contatos e ligue para eles! Separe com amigas e amigos, familiares, vizinhas e vizinhos, donas de lojas que você é cliente, vendedoras que sempre te atendem, pessoas da sua região em geral. Aqui na Im.Pulsa já temos uma lista dessa prontinha para você só abastecer! ( https://impulsa.voto/mapeamento-de-apoiadoras/ )

Reserve um tempo do seu dia para dar atenção para um número de pessoas, sejam elas 5 ou 20. Ligue com disposição para conversar, contar da proposta da sua chapa, do porquê de você fazer parte desse projeto. Essas pessoas podem se tornar multiplicadores da sua história e da sua campanha! 

Outra dica é: marque reuniões, presenciais (assim que for possível de novo) ou online! Segundo Jacqueline, nessa hora, você precisa conversar com o mesmo entusiasmo e alegria para 5 ou 50 pessoas. Nunca se sabe quaisquer vão topar e de fato comparecer a um encontro como esse. Então, esteja preparada e não deixe abalar se o número menor do que você esperava. 

Se você participar de uma reunião no online ou de uma live, você tem que participar com a mesma emoção que você teria caso pertencente àquela pessoa ao vivo. Você tem que transmitir o máximo da sua verdade, porque é isso que as pessoas querem. E expor seu currículo, conseguir construir uma rede , Jacqueline Moraes, vice-governadora do Espírito Santo.

Não esqueça de bater perna! Agora, estamos em momento de pandemia, mas Jacqueline ressalta que o corpo-a-corpo é uma parte importantíssima da campanha. Para ela, uma estratégia valiosa era passar em comércios, em pontos de ônibus, em ruas do bairro e ir de porta em porta. Mas ela lembra, receber nãos e lidar com grosserias faz parte. O importante é saber lidar com eles e continuar em frente!

Resultado 

Com o corpo-a-corpo com os eleitores e muita disposição para fazer campanha, a chapa com Jacqueline Moraes foi eleita e ela se tornou a primeira mulher negra e da periferia a assumir como vice-governadoria do Estado do Espírito Santo. 

Além disso, em 2019, durante uma viagem do governador, Jaqueline assumiu o comando do estado pela primeira vez desde que foi eleita, tornando a primeira mulher a ocupar o cargo desde 1589, quando o Espírito Santo foi governado por Luíza Grinalda, viúva de Vasco Fernandes Coutinho.

“Poder fazer parte da história do Espírito Santo como a primeira mulher a governar, de uma redemocratização, me deixa feliz. Isso nos faz ocupar um espaço como minoria. Como mulher negra. Ainda somos minoria na política, mas maioria na vida . Estamos escrevendo mais um capítulo na história “, Jacqueline Moraes, vice-governadora do Espírito Santo.

Mobilizando voluntárias – Tabata Amaral (2018)

Voluntárias são fundamentais em uma campanha, principalmente se você tem poucos recursos financeiros.

Voluntárias são fundamentais em uma campanha, principalmente se você tiver poucos recursos financeiros. Essa força é essencial para diversas áreas estruturais, como comunicação e mobilização.

Ter voluntários em uma candidatura já é sair a frente na largada, porque, além de capital humano, elas a todo tempo você faz lembrar que existem pessoas que se identificam com o seu projeto e a sua candidatura, a ponto de doar tempo e recursos para alcançar objetivos com você, já pensou nisso? 

Mas para ter esse pessoal é preciso esforço. É necessário tempo para mobilizar, capacitar, acompanhar e gerenciar todo o mundo. Um exemplo de gestão de voluntários que deu certo é a campanha de Tabata Amaral que mobilizou pessoas em todo o estado de São Paulo durante sua campanha para deputada federal por meio das redes sociais e pelo WhatsApp. Vamos saber como trabalhar? 

Diferentes voluntários

Durante a campanha, a equipe de Tabata contou com diferentes grupos de voluntários. A primeira era composta por pessoas mais próximas e realmente engajadas, a nível de utilização de folgas de trabalho para ajudar. Esses voluntários toda candidatura deve ter. São pessoas que realmente enfrentam o seu projeto como se fossem deles, que conhecem a sua história e apoiam todo o custo da sua jornada. 

Quem tem gente assim, já sentiu um quentinho no coração, né?

Uma dica para manter essas voluntárias é simples: cuide delas! Esses são aqueles que você, como candidato, tem que ficar em contato para sempre. É uma boa dica fazer metas para falar com 10 ou 20 horas por dia, mandar uma mensagem, para manter um contato frequente. Essas opções são puro ouro, porque têm disposição e também transmitem esse sentimento para outros! 

O segundo grupo de voluntários foi construído aos poucos, através das redes sociais e ao longo da campanha. A estratégia para conquista-las, o princípio, é simples: a equipe de comunicação da Tabata criou posts nas redes sociais perguntando se pessoas tinham interesse em receber materiais de campanha para divulgar a candidatura. Eles enviaram um pequeno kit para a casa do eleitora que manifestou interesse em receber. 

Além do material, essas pessoas receberam pelo WhatsApp orientações para panfletar próximo aos locais do público da campanha, como em faculdades, onde há jovens movidos pela vontade de renovação política. 

Essas pessoas pediram os kits por um WhatsApp da campanha e, também através dele, uma equipe sugeriu que esses apoiadores criassem grupos com amigos para ajudar a divulgar a campanha da Tabata. 

Dentro do grupo, também ficou um membro da equipe da candidatura, que respondia dúvidas sobre essas competições e compartilhava conteúdos exclusivos feitos para os grupos de WhatsApp. Os conteúdos eram simples, como áudios e vídeos agradecendo o apoio. Dessa forma, foram criados pequenos grupos de voluntários ao redor do estado de SP.

Foram tantos grupos que um dos principais problemas da equipe foi gerenciar a logística para dialogar com todos. Então, foram designadas pessoas para ficar acompanhando a entrega desses pedidos e o fluxo dos grupos de WhatsApp. 

Como fazer

  • Não fique esperando que os eleitores peçam: faça postagens nas redes sociais oferecendo materiais de sua campanha para seus apoiadores;
  • Monte kits com santos e adesivos para enviar para a casa dessas eleitoras;
  • Evite desperdícios: apenas envie outros tipos de materiais mais caros, como adesivo para carro, se eles pedirem ou enfatizarem o que querem; 
  • Peça foto do carro ou de cadernos, de computadores desses apoiadores com os adesivos de sua campanha e divulgue, mobilizando outras pessoas; 
  • Fique de olho na logística: tenha alguém que controle o fluxo de entrega desses kits, pois ficar sem receber é frustrante para seu eleitora;
  • Pegue o número desses apoiantes e sugira que elas criem um grupo no WhatsApp com amigas e amigos;
  • Deixe um representante de sua equipe responsável para gerenciar esses grupos, para divulgar conteúdos sobre você nesses espaços; 
  • Crie de vez em quando conteúdo exclusivo para esses grupos: como áudios e vídeos, para que esses voluntários sintam a sua participação naquele espaço;
  • Tenha uma recomendação para orientar a produção de materiais impressos para a campanha, assim você seguirá o risco da legislação e não perderá dinheiro;
  • Valorize as suas voluntárias mantendo o contato sempre que possível.
  • Tabata realizou encontros esporadicamente com esses voluntários,  tirou fotos  e as  divulgou  nas redes sociais para engajá-los, bem como outros novos possíveis voluntários. Lembre-se dessa dica também! 

Exemplos de Postagens

Exemplos de texto de mobilização

“Nossos materiais estão todos prontos e estão lindos! Quer receber nossos adesivos, panfletos, folders e tudo mais em sua casa para distribuir entre os amigos? Mande um WhatsApp para gente: (XX) XXXX-XXXX”

Resultados práticos 

Mais de 200 grupos de WhatsApp foram criados por apoiadores e voluntários de Tabata que foi eleito, aos 26 anos, com 264.450 votos e é deputado federal por São Paulo. 

Quer contar sua história?

Se você já foi candidato e teve alguma experiência em sua campanha que deseja compartilhar para inspirar outras mulheres candidatas, mande um e-mail relatando tudo isso para contato@impulsa.voto. Não esqueça de informar também o seu telefone pra gente retornar o mais rápido possível 😉

Conteúdo atualizado em 14 de dezembro, de 2023. 

Gestão poderosa de contatos – Marina Helou 2018

Fazer uma lista com todas as pessoas que você conhece, pode ser uma ótima opção para você ampliar sua rede de apoiadores.

Por que você não?”, foi essa a pergunta que Marina Helou, se fez ainda jovem e quando falava de sustentabilidade, e estava à procura de alguma candidata para apoiar sem distinção que fosse mulher, jovem, e que falasse de sustentabilidade. Marina nunca tinha pensado em ser candidata, mas tinha vontade de contribuir para o coletivo por entender o que cada vez mais as grandes decisões são externas na esfera política e mais mulheres precisam ocupar esse espaço.

[citação] “A imagem de quem ocupa esse espaço, não era de uma mulher jovem. Sempre foi de homens mais velhos, brancos, ricos, de família política, tudo que era muito distante da minha realidade”, deputada estadual Marina Helou. [/citar]

Marina não tem família, não tinha conhecimento da política e não sabia nada sobre campanha. Então, como conseguir recursos, apoio financeiro e pessoal? Marina recorreu ao celular e a toda a sua agenda de contatos. Sério? Sério, simples assim. E o resultado deu muito certo!

Marina fez uma lista gigante com todas as pessoas que ela conhecia – tipo pessoas da vida inteira – e também contatos próximos de familiares, amigas e amigos, e relacionados em uma planilha. Com o contato dessas pessoas, ela passou horas ligando para cada um, falando da sua candidatura e de seis opções de engajamento com a campanha em que essas pessoas pudesse colaborar: de doar dinheiro até panfletar.

Em nenhum momento ela os convidou  para se tornarem voluntários, motivo pelo qual acreditava que esse termo gera uma pressão muito grande e que não é algo que as pessoas topariam tão facilmente.

“Todo mundo fala muito da minha gestão de voluntárias, mas na campanha, a gestão de voluntárias tinha uma pressão muito grande, difícil de gerenciar, e muita gente não quer se comprometer com esse termo, né: voluntariado. Então eu não chamei o pessoal da minha campanha de voluntários, mas eu fiz uma gestão de contatos mesmo, de relacionamento”, deputada estadual Marina Helou. [/citar]

Como fazer

  1. Organização primeiro: Coloque em uma lista de todos os contatos todas as pessoas que você conhece: amigas, ex-colegas, vizinhos, familiares próximos e distantes. Lembre-se de pedir também informações de pessoas que seus familiares e amigos virão conhecer; assim sua rede fica maior ainda!

Aqui na Im.pulsa temos um modelo pronto de planilha para essa gestão de contatos. Basta clicar aqui , salvar uma cópia no seu Drive e atualizar com os dados dos seus contatos e as próximas dicas da Marina. 😉

2 – Divisão de tarefas: Na mesma planilha com os contatos, coloque as ações em que eles podem ajudar. A Marina definindo seis. Veja só:

  • Topa receber material de campanha para distribuição. Uma equipe
  • envie um pacote de panfletos para a casa dessa pessoa;
  • Topa fazer uma roda de conversa para que você vá à casa dela e se apresente para as amigas dessa pessoa;
  • Topa doar dinheiro para a campanha;
  • Topa colar um adesivo com seu número no carro dela;
  • Topa ir panfletar junto com você;
  • Topa distribuir cartinhas para vizinhos da rua ou no condomínio dizendo que te apoia e pede o voto para você; – nesse caso, a equipe da Marina recebe cartas totalmente personalizadas com dados da vizinhança que receberia a carta e do apoiador que a entregaria. Ela contornou que essa ação foi estudada em muito engajamento exatamente por ser muito personalizada.

3 – Ligações pessoais: Ligue para essas pessoas e pergunte: em qual das ações ela topa te ajudar. Se uma pessoa topar tudo, maravilha! Se topar só uma ou duas ações também é maravilhoso, qualquer ajuda é bem-vinda! O importante aqui é apenas gerenciar toda a logística que vem a seguir.

4 – Acompanhamento constante: Colocar alguém de sua equipe para ser responsável por gerenciar como demandas após esse primeiro contato. Ou seja: se alguém aceitou doar, então ela precisa do link de doação; se topou fazer a roda de conversa, ela precisa combinar o dia; e por aí vai. O importante é não dedicar o apoio a essas pessoas, entregar tudo certo e se organizar, em primeiro lugar.

Dica: Seja você, candidato, responsável por fazer a primeira conexão para todo o mundo da lista. Isso é muito importante. Depois, a equipe pode tomar as decisões e ligar nas próximas vezes para verificar os dados do panfleto ou se uma pessoa comum o material. [/citar]

5 – Alimente essa lista: Para todo lugar que a Marina ia, ela passando uma lista de contatos perguntando se alguém queria receber mais informações da campanha ou se gostaria de ajudar. Se uma pessoa sinalizasse que queria ajudar, ela também era cadastrada nessa lista com os contatos e recebia uma ligação perguntas em que, das seis opções, ela poderia colaborar.

6 – Engaje nas redes sociais: Além dessa estratégia de gestão de contatos; Nas redes sociais, a Marina fez uma série de postagens para engajar, seguidoras e seguidores e também fazer com que elas se somassem ao bonde das apoiadoras. Como postagens sugeriam mini-ações, como: “marque três amigas”, “mude sua capa do Facebook”, “faça uma lista de transmissão no WhatsApp para falar da Marina”, entre outros.

Exemplos de postagens

Outra estratégia de Marina era ter um grupo no WhatsApp com essas pessoas que aceitavam ajuda de alguma forma. Nesse núcleo, ela enviava materiais e pedia o feedback das pessoas. Ali também foram discutidas ideias e propostas de campanha.

[citação] De forma bem concreta, elas eram voluntárias, mas nunca eram chamadas assim. Chamávamos de gestão de contatos e essa ação exigia bastante organização. Nós também continuamos a alimentar a lista de forma bem pragmática e objetiva sem perspectiva e essa pressão delas serem voluntárias, deputada estadual Marina Helou. [/citar]

Resultados práticos

Marina foi eleita deputada estadual de São Paulo aos 31 anos e com 40 mil votos.

Conteúdo atualizado em 13 de dezembro, de 2023. 

[citação] “Os resultados práticos foram realmente uma gestão de contatos muito mais eficiente, com muita gente que pode ajudar trabalhando pela campanha em atividades claras, em coisas que davam resultados concretos e voto”, deputada estadual Marina Helou. [/citar]

Comitê voluntário domiciliar – Marina Silva (2010, 2014 e 2018)

É uma estratégia muito legal para candidaturas de baixo custo porque amplia a presença da candidata.

Existem inúmeras formas de voluntárias ajudarem em uma candidatura – já te falamos algumas por aqui. Uma forma bem inovadora é a de transformar a própria casa em um comitê voluntário de campanha. Já ouviu falar nisso? Essa é a premissa do projeto Casas de Marina, uma iniciativa criada em 2010, e replicada nas campanhas à presidência da República de Marina Silva em 2014 e em 2018. 

Fica por aqui que vamos te explicar direitinho o que é esse projeto e como reproduzir essa ideia na sua campanha! E vale a pena? Vale demais! É uma estratégia muito legal para candidaturas de baixo custo porque amplia a presença da candidata em áreas onde o partido não tem sede própria, por exemplo.

E o que são as Casas de Marina? Bom, basicamente, eleitoras se oferecem voluntariamente para transformar o próprio lar em um comitê de campanha para a candidata. Nesses locais são distribuídos materiais de propaganda, são coletadas doações e também servem como espaço para receber eventos, rodas de conversa e reuniões para apresentação do projeto da candidata aos moradores daquele bairro. 

“Acreditamos que as nossas redes começam nos nossos laços mais próximos. Então, por que não começar falando da candidata com a nossa família, nossos vizinhos, dentro da nossa casa? Criando, assim, uma rede de apoio para a campanha”, Rafael Santos, coordenador do projeto Casas de Marina em 2018.
 

Como fazer

Para pôr em prática esse projeto, a campanha da Marina organizou um espaço no site da campanha exclusivo para voluntárias se registrarem e cadastrarem suas casas como um comitê voluntário. Neste endereço, também era possível procurar a Casa de Marina mais próxima da sua casa para participar das reuniões e encontros. 

Ao fazer o cadastro no site, a voluntária recebia acesso à materiais como banners, para indicar que ali era uma Casa de Marina, além de um manual com diretrizes para a anfitriã da casa. Nele, havia algumas dicas de atividades que poderiam ser feitas no espaço. Eram elas:

  1. Rodas de conversa: convidar amigas e amigos, familiares e vizinhas e vizinhos para irem ao local para encontros informais. A dica aqui era realizar o encontro do lado de fora da casa, assim pessoas da rua poderiam participar também. 
  2. Caminhadas ou bicicletadas: convidar pessoas para participarem de uma caminhada ou bicicletada pelo bairro que comece e termine na Casa de Marina. Elas faziam o trajeto segurando cartazes da campanha com bicicletas adesivadas.
  3. Incentivo à doação: convidar pessoas para doarem para a campanha. As anfitriãs de cada Casa de Marina tinham acesso a um manual de como pedir doação para a candidata. 
  4. Distribuição de materiais de campanha: ir até a um comitê oficial de campanha para recolher materiais que pudessem ser distribuídos na casa. As anfitriãs também recebiam as versões digitais dos materiais para imprimirem por conta própria, respeitando as regras da legislação eleitoral. 

Segundo Rafael Santos, que trabalhou no projeto em 2010 e 2014 e foi coordenador da iniciativa em 2018, as pessoas recebiam material de campanha, mas também eram convidadas a produzir seus próprios materiais, imprimir em casa, fotografar reuniões, fazer vídeos e publicar nas redes sociais usando as hashtags da campanha. Assim, esse conteúdo também poderia ser replicado nas páginas oficiais da candidata.

“Dessa forma, nós alcançamos vários objetivos. A gente educava a pessoa em como fazer campanha nas suas redes sociais e também gerava conteúdo orgânico para a rede oficial da campanha. Tudo isso de forma muito natural, fazendo essas pessoas se sentirem parte do processo”, Rafael Santos, coordenador do projeto Casas de Marina em 2018.

Além do manual das Casas de Marina, a equipe oficial da campanha também criou manuais do voluntário e da militância digital. Assim, as voluntárias ficavam cientes das regras da Justiça Eleitoral do que poderia ou não ser feito e também alinhadas com as diretrizes da campanha. 

Exemplos de materiais

A maioria dessas voluntárias chegava até esse projeto por meio das redes sociais ou de outras apoiadoras da campanha. Segundo Rafael, por essa razão o projeto foi tomando uma dimensão de forma muito orgânica e, por isso, muitas outras candidatas e candidatos adversários tentaram reproduzi-lo. 

A dica aqui é que se crie uma ligação com a eleitora e com o eleitor, que se fale em pautas, que ouça o que elas e eles têm a dizer, engajando essas pessoas de verdade. Apenas criar o projeto, divulgá-lo nas redes sociais por meio de impulsionamento pago não vai adiantar. Ninguém deixará as portas da casa aberta durante todo o período eleitoral em prol de uma campanha que não acredita ou não se identifica. 

“Projetos semelhantes não deram certo porque não foram orgânicos. ‘Vou investir dinheiro, vou impulsionar e vai dar certo’. Não, não é assim que funciona. As redes sociais são um trabalho muito sério e precisam ser entendidas como uma ferramenta impulsionadora, mas não substituem a mobilização de pessoas, o cuidado, o saber ouvir. O que precisamos criar no Brasil é uma cultura para evitar esse uso de robôs, de agressão, de só colocar dinheiro nas redes sociais. Falem pautas, cheguem nas pessoas”, Rafael Santos, coordenador do projeto Casas de Marina em 2018.
 

Outra dica é que a candidata se organize para visitar essas casas de acordo com a sua agenda de campanha. Por se tratar de uma campanha a nível nacional, Marina não pôde visitar todas as casas. Mas a equipe sempre tentava encaixar visitas às casas que estavam próximas a outros compromissos oficiais da candidata. 

Por se tratarem de estruturas variadas, algumas residências de voluntárias eram apartamentos ou até de chão batido. Essas visitas não eram grandes eventos. Ao contrário, geralmente eram mais intimistas, como um café com o núcleo da família. 

RESULTADOS PRÁTICOS

Em 2010, mais de 2.500 pessoas abriram suas moradias para divulgar a campanha de Marina. Em 2014, a iniciativa teve mais de 5 mil casas pelo Brasil. Em 2018, esse número foi de 1.200.

Marina Silva não foi eleita, mas recebeu 1.069.577 de votos.

 

 

Acertando a mensagem em campanha eleitoral – Mariana Janeiro

Sua campanha política não tem que ser apenas sobre você, ela tem que ser fiel à você.

Você vai encontrar aqui na Im.pulsa diversos materiais que reforçam a importância da Narrativa e de como ela deve ser guiada por aquilo que você é, como pensa e o que defende. Pois a construção de uma narrativa forte e poderosa pode projetá-la para além das metas que esperava. Esse foi o caso da campanha A Liberdade é Feminista, de Mariana Janeiro, que concorreu ao cargo de deputada estadual em 2018.

Mariana, que não fez pré-campanha e assumiu o desafio no último minuto para registro das candidaturas, apostou pesado na interação via redes sociais para conquistar seu eleitorado. E a ideia deu certo – apesar de não ter sido eleita, o partido esperava um total de 1 mil votos para a candidatura dela e ela os surpreendeu com 11 mil votos na urna e uma base sólida de mais de 10 mil seguidores no Instagram.

Os resultados pavimentaram o caminho para que ela seja pré-candidata ao cargo de vereadora de Jundiaí (SP) agora em 2020 e com as melhores condições, com mais apoio da legenda e uma rede de mulheres apoiadoras na cidade.

Vamos entender direitinho como funcionou essa boa ideia?

Conheça-te como a si mesma

Esse aí é o primeiro de tópico de atenção. Mariana aponta que a construção de uma narrativa e, consequentemente, da linguagem que utiliza para dialogar com o eleitorado só foi possível porque tudo refletia tim-tim por tim-tim o que ela acredita e pensa. Ou seja, a coisa toda foi orgânica e autêntica.

Essa é uma dica que a gente reforçou bastante nos materiais aqui na Im.pulsa. Sua campanha política não tem que ser apenas sobre você, ela tem que ser fiel à você – e isso só é possível, mana, com sinceridade e autoconhecimento.

No caso da Mariana, ela já tinha uma soma de fatores a seu favor. Já tinha experiência em ter trabalhado em campanhas, já tinha uma prévia com as questões partidárias, já tinha militância e uso das redes sociais há algum tempo.

Tanto que decidiu ser uma coordenadora de campanha própria e fez tudo com a ajuda de mais três pessoas no momento de comunicação e outras 15 em mobilização.

“As pessoas chegam na minha rede social sabendo quem eu sou. Minha imagem diz uma coisa, meu texto e minha linguagem diz a mesma coisa. Por isso existe a afinidade. As pessoas querem se conectar com histórias e se porventura é a história de uma candidata melhor ainda ”, Mariana Janeiro.

Democratizar o debate

Outras dicas que Mariana dá sobre como dialogar com o público na internet são:

  • Comece antes: No caso dela, já usava as redes sociais para expor suas ideias e pontos de vista desde 2014;
  • Encontre seu tom: É possível que você goste de falar de uma forma, mas seu eleitorado gosta de consumir outro formato de informação. Isso tem a ver com tipo de postagem – vídeo, texto, foto, arte – e com o próprio tamanho e estilo textual;
  • Tentativa e erro: A busca pelo seu tom e como fazer com que ele dê match com o eleitorado vai ocorrer na base da tentativa. Teve uma ideia, não deu resultado? Bora pra próxima;
  • Democratizar o debate: Mariana escolheu falar sobre temas complexos mas com uma linguagem mais simples, acessível e menos academicista. Garantir um diálogo franco e aberto sobre questões de gênero e raça fez parte de sua plataforma e, portanto, foi uma atitude protagonista em suas interações e textos online.

Inspire-se:

“É preciso saber com quem você fala, saber com quem você quer comunicar. Porque tem pessoas que você sabe que estão abertas à comunicação com você, tem pessoas que podem se abrir para aquilo que você defende e diz. Mas tem aquelas com as quais você nunca vai se comunicar. É preciso usar a linguagem nas redes como forma de buscar apenas os dois primeiros grupos ”, Mariana Janeiro.

Durante 2020, principalmente em um cenário de pandemia de Coronavírus, uma aposta da Mariana é que as redes sociais iriam ser um espaço ainda mais importante para divulgar plataformas eleitorais. E, não é que foi isso que aconteceu?

E aí, já definiu qual será o seu tom de voz na internet?

Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.

A força do uso estratégico de vídeos – Cristina Monteiro

Utilizar as redes sociais, pode ser uma das ferramentas mais baratas e úteis para potencializar sua candidatura.

As redes sociais, se utiliza da melhor forma, são uma das ferramentas mais baratas e úteis para potencializar uma candidatura. Mas não adianta conteúdos genéricos, encher as páginas com o seu número porque outros candidatos estão fazendo o mesmo. O eleitorado não se conecta com esse tipo de material. Um dos maiores investimentos para que a sua campanha seja bem definida, nas redes sociais ou em qualquer outro meio, é a sua narrativa.

Convidar o eleitor para conhecer quem você prefere é, apresentar suas propostas contando a sua história, mostrar o que te fez chegar até uma candidatura são os passos para conectar-se com eles de verdade. E foi seguindo esse pensamento, com pouco tempo, e sem experiência política, que Cristina Monteiro se lançou como candidata à deputada estadual em São Paulo nas vantagens de 2018.

Para isso, ela investiu em uma estratégia totalmente digital e visual, apostando, sobretudo, em vídeos bem estruturados e verdadeiros. Dá um confere:

“Acredito que o que funcionou muito foi que os vídeos não só eram autênticos, mas também falavam de mim como indivíduo. Era como se eu estivesse convidando os eleitores à minha casa e descobri que isso faz toda a diferença: os eleitores querem te conhecer. Assim, eu me conectava muito com eles ”, Cristina Monteiro.

Como fazer 

Cristina aparecendo a notícia de que havia passado na seleção de seu partido em abril e só conseguiu negociar a saída do emprego no dia 15 de agosto, exatamente no Sem muito tempo, sem planejamento e com apenas o apoio técnico de um sobrinho primeiro dia de campanha do calendário eleitoral daquele ano.

e um profissional de vídeo, Cristina investiu neste formato para retratar a sua história pessoal e suas impressões sobre temas que moveram a sua campanha, como o acesso à educação e a igualdade de gênero.

Em um dos vídeos, Cristina abordou um aspecto doloroso da sua intimidade. Ainda nova, ela perdeu todo o cabelo em decorrência de uma doença automática. Ela teve medo de contar uma história e parecer apelativa, mas o vídeo teve receptividade dos eleitores por sua potência e autenticidade.

O conteúdo era sempre publicado nas redes sociais e distribuído pelo WhatsApp.

Confira o vídeo:

Um história de superação

Quem sabe faz ao vivo

Outra estratégia envolvendo redes sociais, foi uma live com 12 horas de duração, inspirada na série House of Cards, da Netflix. Durante a transmissão, Cristina responde às perguntas sentidas pelos eleitores. Quando necessário ir ao banheiro, por exemplo, eram transmitidos vídeos de candidatos majoritários do partido.

A experiência rendeu picos de engajamento e ideia para ela surgiu após um evento fracassado, em que ela alugou um local para receber as pessoas e quase ninguém compareceu.

Mas campanha é assim mesmo, não é? Uma ideia deu errado, a gente logo tem outra pra recuperar o tempo perdido.

Postagens utilizadas para divulgar ao vivo

Resultados práticos

Cristina não foi eleita, mas religiosa 23.400 votos em uma campanha que durou apenas 45 dias. Como principais destaques, ela aponta o fato de ter realmente conseguido se conectar com os eleitores com uma comunicação humanizada e honesta.

“Não importa de onde você vem, todos nós temos uma história que vale a pena ser contada. Então, acredito que a coisa mais importante é achar uma forma de contar essa história de maneira que o eleitor se torne íntimo de você e te conheça de verdade ”, Cristina Monteiro.

Campanha de baixo custo de/para a periferia – Thais Ferreira

Ao escolher suas pautas de campanha, use aquelas que refletem a sua realidade e a do seu eleitorado.

De ativista social à candidata política, assim começa a jornada de Thais Ferreira  que se candidatou a deputada estadual no Rio de Janeiro, em 2018 e, foi eleita vereadora da cidade do Rio, em 2020. Líder comunitária há 14 anos e à frente do projeto social Mãe Mais, voltado para mães e crianças de áreas vulneráveis da capital carioca, ela viu na política uma forma de potencializar iniciativas como essa e transformá-las em políticas públicas, levando-as para ainda mais pessoas. 

Com uma campanha de baixo custo, sem apoio partidário, Thais conseguiu dinheiro por meio de financiamento coletivo e, o mais importante, traçou uma estratégia de comunicação para chegar até as suas eleitoras e conscientizá-las do porquê investir e votar em uma mulher preta, periférica e mãe. 

A estratégia não era trabalhar o pedido de votos. Espera! Como assim? Assim mesmo. Thais e sua rede de apoio buscavam educar politicamente suas eleitoras. Com uma comunicação acessível, elas explicavam, com postagens no Facebook e vídeos curtos no WhatsApp, como funciona o legislativo, o papel de uma deputada estadual e a importância da fiscalização daquelas que elegemos, por exemplo. 

”A nossa principal ideia era compartilhar a educação política para que as pessoas começassem a ter uma referência positiva sobre candidaturas, sobre figuras públicas. Aí, a primeira referência positiva que vinha na cabeça dela, logicamente, era a nossa candidatura”.

Veja o vídeo da Thais no Facebook

E a estratégia não parou por aí. Nas redes sociais e no material distribuído, a personalidade da candidata estava impressa: foram definidas cores para a campanha com base no estilo de roupas de Thais e os textos dos conteúdos eram redigidos no tom da linguagem dos territórios em que ela transita e na maneira como ela fala. E isso acabou por, também, ter muito a ver com o eleitorado de Thais. 

“Eu sou essa mulher preta, colorida, de cabelo black e que fala gíria,  fala de assunto sério e que tá ali comendo churrasquinho na rua real oficial, tá correndo atrás do ônibus”.
 

Para dar corpo a sua ideia, a equipe de voluntárias estudou e aprofundou seus conhecimentos sobre as pautas da campanha para traduzi-las de uma forma acessível e simples. Além disso, todos tinham acesso a um manual sobre as cores e falas preferenciais da campanha, para reproduzi-las nas ruas facilmente. 

Exemplo de posts

Como fazer

Dica 1:

Cerque-se de pessoas que tenham boas habilidades e talentos, como de comunicação, financeiro ou gerenciamento de pessoas. Você não precisa necessariamente apenas do apoio de quem tem experiência em fazer campanha, mas sim de pessoas comprometidas com a transformação social. Para Thais, esse foi o principal pilar de sustentação da sua campanha até o final. 

Dica 2:

Ao escolher suas pautas de campanha, use aquelas que refletem a sua realidade e a do seu eleitorado. Dialogar sobre o que eles entendem e sobre os reais problemas daquela região são a oportunidade de ter sua candidatura reconhecida e valorizada por suas eleitoras e eleitores.

Dica 3:

Seja criativa! Já falamos aqui na Im.pulsa que a criatividade é a melhor amiga da falta de grana. E a Thais confirma: dá para se fazer muito com pouco se utilizar a criatividade. Outra dica dela é: não desperdice nenhuma ideia. Porque mesmo que a sugestão não seja ideal para aquele momento, pode ser utilizada em outra ocasião, então salve no repertório. 

Resultado

As eleitoras e eleitores passaram a se interessar e se informar pelas pautas apresentadas durante a candidatura. Thais não foi eleita em 2018, mas recebeu 24.759 votos. E foi a primeira suplente.  Atualmente, ela é vereadora no Rio de Janeiro, foi eleita em 2020 com 14.284 votos.

”A gente sabe que o dinheiro e a estrutura ainda vão demorar a chegar. O que a gente precisa é de gente consciente, ativa e acreditando que a sua incidência política através do voto vai ser efetiva para a transformação social que a gente precisa”.

Transversalização das pautas e interseccionalidade – Ilka Teodoro (2018)

A divisão sexual do trabalho é uma das barreiras que as mulheres enfrentam para votar e se candidatar.

Provavelmente você já ouviu falar sobre o termo “divisão sexual do trabalho”. É um pensamento socialmente construído de que existiria uma divisão natural separando o que é “trabalho de mulher” daquilo que é “trabalho de homem”. A divisão sexual do trabalho foi uma das barreiras que tivemos que superar para que fosse conquistado o direito de as mulheres votarem e se candidatarem.

O problema é que ela continua tendo consequências na formulação de políticas públicas e, principalmente, na divisão do espaço de discussão dentro da política institucional. Ou seja, existe uma “divisão sexual de pautas” na política, com mulheres eleitas tratando, majoritariamente, de temas como educação, cultura e assistência social e homens comandando as comissões e discussões sobre orçamento e finanças ou trabalho e serviço público, por exemplo.

Foi por se incomodar profundamente com isso que Ilka Teodoro, em sua campanha à deputada distrital do Distrito Federal em 2018, decidiu trazer os temas “de homem” pro centro do debate e de sua plataforma política. Candidata pela primeira vez, ela relacionou em toda a sua narrativa os temas de Orçamento, Segurança Pública e Mobilidade Urbana com os valores da transversalidade na qual acredita e defende – ou seja, interseção entre pautas de identidade e interseccionalidade.

Nasceu a campanha “A cidade é das mulheres”.

“Juntando essas variáveis, entendi que seria muito mais útil trazer essas pautas e relacioná-las à vivência pessoal de mulheres. Porque a verdade é que o que é bom para as mulheres, é bom pra todo mundo”, Ilka Teodoro.

Como fazer 

Para dar corpo à ideia, Ilka trouxe para sua equipe de comunicação duas amigas que atuaram de maneira voluntária, a sua coordenadora de equipe e conteúdo e a pessoa que ficou responsável por levantar os dados que seriam necessários para validar e dar embasamento às propostas de campanha e à narrativa como um todo.

Foi a partir da pesquisa desses dados que todos os demais materiais foram produzidos, incluindo vídeos, redes sociais e gráficos. Além das duas coordenadoras, Ilka contratou 7 pessoas – social media, agenda, fotógrafa, designer, videomaker e editor de vídeo.

Já os demais trabalhos de mobilização foram todos realizados por um time de voluntários que se reuniam todas as semanas para sugerir pautas e novas ideias de como os temas Orçamento, Mobilidade e Segurança Pública dialogavam com suas experiências no dia-a-dia.

Exemplos de posts 

Resultados Práticos 

As eleitoras e eleitores passaram a se interessar pelos assuntos, promovendo um despertar do eleitorado para as questões levantadas. Ilka não foi eleita, mas recebeu 5.663 votos em uma campanha que durou apenas 50 dias, sem pré-campanha.

“Recomendo para todas as mulheres porque a gente precisa se apropriar dessa temática. Temos que compreender e saber de todas essas questões pra não ficarmos relegadas a espaços de confinamento”, Ilka Teodoro.

Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.

31 dias em 31 cidades – Thaynara Melo

Esta ação funciona bem para campanhas com baixo orçamento.

Você está sem recursos para fazer uma campanha? E isso é o que mais te desanima? Calma, você não está sozinha. A melhor forma de driblar a falta de grana é apostar no planejamento e na criatividade. Pensa o seguinte: o que move a sua candidatura, quem é você, quais são as suas pautas e o que isso afeta em quem vai ouvir a sua campanha.

Thaynara Melo foi candidata a deputada federal pela primeira vez em 2018, e quando foi construir sua campanha o dinheiro era pouco. Com isso, ela decidiu apostar em uma estratégia pagando pouco e tendo muita andança pelas 31 diferentes regiões administrativas do Distrito Federal. A meta era uma só: conversar com o máximo de eleitores.

Foi assim que surgiu a ação “31 dias em 31 cidades”. Thaynara focou sobretudo em locais com grande circulação de pessoas ou que eram frequentados pelo público alvo da sua campanha.

Campanha Eleitoral Baixo Custo

Durante as visitas, a candidata gravava sempre um vídeo em um local conhecido da cidade. Esse conteúdo, posteriormente, era publicado com a localização e com o impulsionamento nas redes sociais, voltado para a comunidade daquele local e da faixa etária que estava dentro do público alvo da campanha.

Com a ação, ela também coletou o número de telefone das pessoas que foram entrevistadas e, ao fim do projeto, enviou mensagens no WhatsApp divulgando os principais resultados do processo eleitoral, além de um vídeo final de agradecimento.

Nessa andança ela conseguiu:

  • Criar e/ou ampliar sua base de contatos e de relacionamento com potenciais eleitores;
  • Criar vínculo com os diferentes territórios do DF;
  • Identificar os principais temas, debates e reivindicações de cada região para analisar como eles poderiam ser inseridos na campanha.

Como fazer

Para tirar a ideia do papel, Thaynara precisou imprimir alguns materiais que explicasse a ação e, de formulários com perguntas. Durante as visitas, ela era acompanhada por três pessoas que registravam os encontros com fotos e vídeos.

Após as visitas em cada uma das cidades, foi necessário um computador para a digitalização dos resultados e uma linha de telefone para relacionamento por WhatsApp.

Esta ação funciona bem para campanhas com baixo orçamento porque, a depender da execução, tem poucos gastos. Por exemplo, caso não haja recurso para a impressão de panfletos, é possível explicar durante a conversa com as pessoas do que se trata a iniciativa. E, se não for possível imprimir formulários, é possível anotar as informações em um caderno.

A estratégia também é ideal para candidaturas proporcionais, que não precisam de tantos votos, como para o cargo de vereadora ou deputada estadual.

Leilão de arte para arrecadação de recursos – Campanha coletiva as Muitas

A realização de um leilão de arte para arrecadação de recursos, foi umas das ideias do grupo de candidatura coletiva, As Muitas.

Nas alterações de 2016, um grupo de candidatos e candidatos da cidade de Belo Horizonte à verificação se juntou para formar uma candidatura coletiva que ficou batizada como As Muitas. Dentre diversas ideias para a caixinha que o grupo articulou, uma das mais interessantes foi a realização de um Leilão de Arte para arrecadação de recursos.

Afinal de contas, a gente já até comprovou aqui na Im.pulsa que arrecadação e orçamento de campanhas não precisa ser a coisa mais complicada do mundo, né mana?

O ponto de partida

Antes de realizar esse evento, As muitas avaliaram se necessário em sua rede de apoiadoras e apoiadores pessoas com os meios de comunicação, já que o mercado de artes é muito fechado e seriamente complicado fazer um evento desse tipo sem pessoas da área.

Equipe para o leilão

  • Artistas parceiras
  •  Curadoras de arte
  •  Leiloeira

Demais membros da equipe que colaboraram

  • Produtora
  •  Assistente de Produção
  •  Prestadora de Contas
  •  Coordenadora de Comunicação
  •  Designer
  •  Redatora

Dica: No caso do Leilão d’As Muitas, todo o trabalho foi prestado por voluntários e voluntários. Assim, todas as pessoas da equipe assinaram o Termo de Doação de Serviço.

O local

A equipe entrou em contato com um lugar descolado da cidade e negociou um valor de aluguel mais baixo, combinando que toda a renda com a comercialização de comida e bebida eram do estabelecimento.

Doação, compra e venda da obra de arte

Na perspectiva jurídico-contábil, para transformar obras de arte em dinheiro na conta da Campanha eles usam procedimentos. Primeiro, cada artista fez uma doação da obra de arte para a candidata ou o candidato de que era apoiador (o) dentre os membros d’as Muitas; depois, uma candidata (o) vendeu uma obra e escolha o valor em dinheiro que foi depositado na conta da Campanha.

A artista, ao fazer a doação, assinou um Termo de Doação de Bens informando as características da obra e o valor estimado. A candidata emitiu assim o recibo eleitoral com os dados da artista doadora.

Assim, a compradora no Leilão assinou um Termo de Compra e Venda informando as características da obra e o valor do lance. Depois, a compradora fez a doação do valor da obra utilizando dinheiro, check ou transferência bancária para a candidata.

Ufa!

Parece complicado mas no final das contas este foi um evento que não apenas rendeu arrecadação para uma campanha, como também rendeu visibilidade nas redes, na imprensa e muita propaganda boca a boca. Afinal de contas, não é todo dia que se vê uma Leilão de Arte ocorrendo em apoio a candidaturas políticas, não é?

Candidatura coletiva de sucesso – Bancada ativista 2018

Você já fala em candidaturas coletivas? É uma iniciativa inovadora e inspiradora que, aos poucos, vem ocorrendo em atualização do legislativo no Brasil. Funciona assim, um grupo de pessoas com diferentes propostas, diferentes histórias, sem nenhuma ligação formal e que gostaria de compartilhar e participar de recuperação de decisões se não houver uma candidatura.

Agora, você sabia que candidaturas coletivas já foram eleitas no Brasil? Entre elas, uma experiência de sucesso é a da Bancada Ativista, de São Paulo. O grupo, formado por 9 pessoas, concorreu no pleito para a Assembleia Legislativa em 2018. Entre as propostas na plataforma estava o combate às desigualdades, reforço da educação e saúde públicas, habitação e mobilidade, integração social com o meio ambiente, além de segurança pública mais justa e humanizada.

Como fazer

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não reconhece candidaturas coletivas. Portanto, o grupo proeminente, um advogado para ajudar nos entraves legais. Um dos impasses era o nome que apareceria na urna, porque, por Lei, apenas uma pessoa física é aceita como candidata. Sendo assim, Mônica Seixas foi o nome escolhido, mas ela apareceu na urna como “Mônica da Bancada Ativista”.

Ainda assim, durante uma campanha, todo o grupo e suas últimas histórias e definidas foram definidas. No entanto, nenhuma delas foi definida como candidata ou pré-candidata porque seria contra as normas legais. Elas descobriram um termo que juridicamente é aceito: “co-candidato (a)”. Legal, né?

A geração do grupo nas etapas se deu tanto pelo apelo de ser uma candidatura inusitada, mas também por outros fatores. Primeiro, as nove faziam parte de lugares, histórias e redes de apoio diferentes. Em termos de votos, essas diferenças multiplicaram os resultados numéricos nas urnas.

O segundo fator que destacou o grupo na disputa para a linguagem visual e a comunicação da campanha. Os membros da Bancada Ativista foram modificados para cada um com uma cor, de acordo com as pautas e posicionamentos políticos, formando um arco-íris ativista em uma linguagem pop e colorida.

Resultados Práticos 

A Bancada Ativista foi a primeira candidatura coletiva eleita no estado de São Paulo e religiosos 149.844 votos, sendo a 10ª mais votada no estado para a Legislativa em 2018. Além disso, o grupo coletiva eleita no estado de São Paulo doação de mais de 700 pessoas .

Atualmente, o mandato, chamado de Mandata Ativista, se dividir em círculos para dar conta das diferentes pautas prioritárias de cada co-deputada. Em relação às decisões de decisão, tudo é feito com consenso entre todas e todos. Em caso de discordância, cada co-deputada tem prioridade na palavra final da pauta que representa, caso haja discordância.

E aí, te inspiramos a pesquisar mais sobre candidaturas coletivas?

Mesmo que não queira seguir esse caminho, você SEMPRE vai precisar de um forte e poderoso caso queira se candidatar. Aproveita e dá uma olhada em nossa seção de Complementa aqui abaixo e complemente a planejar sua campanha, seja ela individual ou coletiva!

101 sobre la medida histórica para la Paridad en México

El miércoles, 8 de noviembre de 2023, el Tribunal Electoral del Poder Judicial de la Federación (TEPJF) dio luz verde al acuerdo del Instituto Nacional Electoral (INE) que obliga a los partidos políticos a postular por lo menos a cinco mujeres para la elección de las 9 gubernaturas del proceso electoral de 2024.  

Para dimensionar la razón de esta decisión: en 70 años, México solo ha tenido ¡16 gobernadoras!

Breve repaso de la paridad en México

En México, la lucha de las mujeres por la participación política logró que la paridad de género sea un principio constitucional. Asegurando que los hombres y las mujeres tengan, hoy en México, una representación igualitaria. 

Las mujeres en México lograron el voto por primera vez en 1955, y desde ese entonces, se ha avanzado para que podamos acceder de manera igualitaria a espacios en los cabildos, municipios, poder legislativo, poder judicial, y hoy, a las gubernaturas.

Fechas importantes para la participación política de las mujeres

1917:  Hermilda Galindo solicita al Congreso Constituyente incorporar el voto de las mujeres. Se rechaza su petición y decide presentarse como Candidata a Diputada Federal.

1923: Las mujeres organizan el primer Congreso Nacional Feminista. Elvia Carrillo Puerto es electa como Diputada en Yucatán. Las mujeres pueden votar en elecciones municipales en dos estados.

1937:El presidente Lázaro Cárdenas envía una iniciativa para que las mujeres puedan votar, se aprobó por ambas Cámaras pero no se decreta en ese año.

1941: se crea la Alianza Nacional Femenina, para buscar abrir espacios para mujeres en puestos públicos.

1954: Aurora Jiménez de Palacios se convierte en la primera Diputada Federal por el Estado de Nayarit. 

1955: Las mujeres votan por primera vez. 

1979: Se elige a la primera gobernadora: Griselda Álvarez Ponce de León por el estado de Colima.

2000: Comienzan las acciones afirmativas a través de una reforma electoral. Se obliga en el estado de Puebla a que los partidos no inscriban a más de 75% de candidaturas de un mismo género.

2002: Las organizaciones de mujeres por la participación política se multiplican. Se obliga a los partidos a postular a mujeres en el 30% de las candidaturas.

2008: Una nueva reforma electoral obliga a los partidos postular candidaturas en un 40% y 60%.

2014: Paridad de género se vuelve constitucional para las candidaturas a Diputaciones federales y locales.

2019: Reforma Constitucional PARIDAD EN TODO. Se obliga que el poder Legislativo, Judicial y legislativo sean en un 50% para mujeres. 

2021: El INE obliga a los partidos a postular a en paridad a sus candidaturas a gubernaturas.

2023: El INE obliga a los partidos a presentar a 5 candidaturas de mujeres, de las 9 gubernaturas que se elegirán en 2024.

 

“Es de estricta justicia que la mujer tenga el voto en las elecciones de las autoridades, porque si ella tiene obligaciones con el grupo social, razonable es, que no carezca de derechos.”

-Hermila Galindo

¿Qué significa esta medida para el presente?

Mientras la medida fue celebrada por feministas, organizaciones y algunos medios de comunicación, también existieron rechazos de sectores de la opinión pública que aún señalan esta resolución como “una acción de caridad para las mujeres” y que no privilegia el “mérito”. 

Hasta cuando las leyes son justas para las mujeres, consiguen que las perjudiquenescribía Carmen Morá reportera de El País el pasado 11 de noviembre. Esta medida se llevará a cabo en una elección donde también se elegirá a la Presidencia de la República que, todo indica, será una mujer.

En el caso del partido MORENA, del que emana el actual presidente Andrés Manuel López Obrador, podemos ver de manera muy concreta los alcances de esta resolución. Este partido, elige actualmente a sus candidaturas mediante encuesta, es decir, se eligen a los perfiles que son más conocidos y que mayores atributos positivos entre la población que es afín a ese proyecto. 

En la tabla podemos ver que fueron solo dos mujeres de entre los nueve estados, que ganaron la encuesta a sus compañeros varones. Sin esta resolución del INE, Morena habría postulado a apenas dos mujeres para las 9 candidaturas. 

Pero, ¿qué nos dicen los resultados de esta encuesta sobre la visibilidad de los hombres y su posicionamiento en el electorado? ¿Qué papel juegan los medios? ¿Quiénes hoy tienen más recursos para posicionarse en espectaculares y redes sociales? 

¿Qué sigue para la participación política de las mujeres en México?

Sin duda alguna, las reformas han sido determinantes para incrementar la participación política de las mujeres. Quienes hemos participado de manera activa en partidos políticos y procesos electorales, sabemos que los partidos (liderados en su mayoría por hombres) no tenían incentivos para postular a mujeres como candidatas. 

Frases como “no hay mujeres que quieran levantar la mano”, “las personas no votan por mujeres” “los hombres son más competitivos” siguen siendo algunas excusas de hombres frente a los mecanismos de paridad

La paridad obliga a los partidos a buscar a mujeres, formarlas, incorporar a los liderazgos vecinales a la vida activa de sus partidos y contemplarlas para las candidaturas a todos los espacios. 

Pero, ¿es esto suficiente? Sabemos que ser mujer no se traduce en lucha por los derechos de las mujeres. Hay ejemplos en México de congresos con mayorías de mujeres que no se han traducido en avanzar en derechos como el aborto o la reducción de la violencia de género en el país. Sin embargo, estas medidas son condición de posibilidad para la construcción de una política feminista en todos los ámbitos. 

Lo que buscamos es que lo que vivimos las mujeres en este país este representado en los presupuestos, a la hora de construir las ciudades o a la hora de decidir sobre la seguridad. 

¿Qué desafíos  veo para la participación política de las mujeres hoy en vísperas del proceso electoral de 2024?

  1. Los partidos políticos tienen todavía desafíos para ser receptores de la participación política de las mujeres. Por ejemplo, Movimiento Ciudadano, partido que impugnó la resolución del INE para favorecer la postulación de las mujeres a las gubernaturas, no tiene hoy mecanismos internos para asegurar la paridad al interior de sus partidos. Las resistencias, particularmente en lo local, siguen existiendo por parte de las cúpulas de los partidos políticos. 
  2. La violencia generalizada que vive nuestro país, inhibe de manera particular la participación política de las mujeres. Está documentado que el crimen organizado está infiltrado en la política y los procesos electorales. ¿Qué incentivos tienen las mujeres en los territorios más alejados de las ciudades de participar si no hay garantías para su seguridad sumado a los desafíos de acceso a recursos económicos para las campañas y la todavía existente, violencia política? 
  3. Es urgente fortalecer las agendas y programas políticos de las candidatas. Es común que se cuestione la paridad con argumentos como que las mujeres son corruptas o ser mujer no significa tener buena agenda. Esto es cierto. Llegar NO ES SUFICIENTE. ¿Qué agendas vamos a llevar las mujeres feministas a los espacios de toma de decisión? ¿Que estamos priorizando para llevar a los congresos? ¿A las gestiones locales? ¿Que vamos a proponer las mujeres de izquierda y progresistas para disminuir la violencia? [/quote]

Hoy, en México gobierna la izquierda. La responsabilidad de los partidos que acompañan esta coalición es histórica para sostener la participación de las mujeres, y sean esos liderazgos vecinales, barriales y los que por muchos años han sostenido la participación y la movilización, los que lleguen a los espacios donde se toman las decisiones.

Lee también:

Paridad en América Latina

No estamos resueltas con la paridad